Abikú (parte 2)

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        Antes quero esclarecer que o conteúdo sobre Abikú é grande, então eu falarei sobre isso em partes para não ficar cansativo. São 4 partes, postarei uma a cada dia. Espero que gostem!

                                                                                      Parte 2

        A fraternidade de meninos e meninas fazem suas cominações de códigos que se forem obrigam eles a ficarem no plano terrestre, o que seria para eles um castigo, portanto eles não deixam que suas combinações sejam descobertas pois furaria o acordo entre eles e os colegas que estão no Orun. 

Quando um encarnado souber, fará o necessário para que eles quebrem a palavra. É por isso que Ifá quando consultado orienta oferendas que furam o bloqueio secreto dos ÀBÍKÚS.

Essas oferendas são penduradas nas árvores acompanhadas de pratos de alimentos e doces. 

        As cerimônias serão feitas todos os anos, durante sete anos seguidos, e sempre observado pelo BABA, que poderá após consulta a Ifá determinar os axés até vinte e um ano.

Outras determinações pedem axé todos os anos até vinte e um e de sete em sete até quarenta e nove anos, quando ficará definitivamente no meio da família. 

Tais oferendas são, com efeito, uma forma de expressão sem acompanhamento de palavras articuladas; o discurso é substituído pela apresentação dos objetos, provando que a oferenda conhece os segredos, fazendo-o assim participar  do pacto dos ÀBÍKÚ. 

Entre as oferendas que podem variar desde trajes de roupas, brinquedos, folhas, frutos, comidas diversas inclusive a que a entidade ÀBÍKÚ gostava em alguma fase de sua anteriores reencarnações, buscando sempre colocar ele em condições de se religar com os encarnados e desligar-se do reino antecedente. 

As ofertas constituem uma espécie de mensagem, é acompanhada por encantamentos. A intenção é através de rituais afastar os antigos companheiros e dar motivo para o encarnado continuar no meio, apoiado material e permanente na mensagem dirigida pelos elementos protetores contra os elementos hostis, sendo essa forma de expressão menos efêmera do que a palavra. 

Quando existe a necessidade, são colocados xaorôs, anéis providos de guizo, usados nos tornozelos pelas crianças ÀBÍKÚ para afastar os companheiros que tentam no mundo lembrar-lhes suas promessas. De fato, seus companheiros não aceitam assim tão facilmente a falta de palavra dos ÀBÍKÚS, retidos no mundo pelas oferendas, encantamentos e talismãs preparados pelos pais, de acordo com o conselho dos babalaôs.

        Os membros da sociedade dos ÀBÍKÚ, egbé ará òrun, vem do céu residir nos lugares pantanosos ou nos regatos, de onde chamam as crianças que querem ficar no mundo, como também a volta da árvore Iroco. 

Mas nem sempre precauções e a oferendas são suficientes para reter a s crianças sobre a terra. Iyájanjasa é muitas vezes mais  forte. Ela não deixa agir o que as pessoas fazem para os reter. 

Os corpos dos ÀBÍKÚ que morrem, são frequentemente mutilados, a fim de que, seu perispírito, dizem, percam seus atrativos e seus companheiros no céu não queiram brincar com eles, sobretudo para que o espírito do ÀBÍKÚ, maltratado deste modo, não deseje mais vir ao  mundo. 

        É importante que uma criança quando identificada como sendo um ÀBÍKÚ receba o tratamento adequado para que se mantenha com força suficiente de alcançar a maturidade e o esquecimento total dos laços antigos. O esquecimento parcial gira em torno de 17 anos e o total 49 anos de idade, logicamente depende da qualidade e força vibracional dos ÀBÍKÚS envolvidos, da maneira que serão administrados os axés, o meio ambiente, os laços familiares. 

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