Capítulo 11 - Laís

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    Quando passamos pelo pedágio a viajem já estava ficando tediante. O clima estava pesado e sinceramente, ninguém tava com ânimo algum para falar alguma coisa. Fora o fato de Eliza e Mário terem feito questão de chamar Gustavo, Elias, Antônio, Milena e Valesca para ir com a gente. Tudo bem eles irem, tô pouco me fudendo pra eles, mas chamar Gustavo e Valesca já é demias.
      Clarisse resoveu quebrar o gelo do grupo.
       - Namoral, o enterro de Victor tava mais divertido do que essa viajem.
      Ana cutuca Clarisse e ela resmunga baixinho.
     - Isso não é coisa que se fale. - Ana a repreende.
     - Quê ? Mas é verdade. - Ela justifica
     - É, mas respeita a dor de Laís.
     Eu olhei para Ana e dei de ombros, sério, não me importava com isso. Não é tão ruim assim! Afinal, todo mundo morre um dia, só não estamos preparados para isso.
     - Relaxa - falo - Clarisse falou a verdade. Vocês tão muito quietos, nem parece que são meus amigos.
     Oliver me olha confuso. Coitado, mal sabe ele como foi minha terça-feira.
      - É que parece que perdemos um membro do nosso corpo - Mário diz.
      - É, Victor era tão legal. - Ana fala deixando uma lágrima cair.
       Suspiro, prendo a respiração. Não, eu não podia chorar ali. Não podia chorar por algo que já passou. Doeu ? Sim. Mas já foi, tá feito.
      - Olha aqui - digo olhando para cada rosto da van - Ninguém vai ficar deprimente hoje por causa da morte de Victor, entenderam ? Ele se foi. Pronto, acabou! Ele não vai voltar, e quer saber mais ?! Ele não ia querer ver ninguém deixando de viver por causa dele.
      Minhas lágrimas descem desgovernadas. Não tinha controle de mim, simplesmente me pus a chorar.
      Oliver me abraçou e eu deixei que ele me confortasse.
       - Sinto muito, não sei o que aconteceu, mas quero que saiba que eu estou aqui para te confortar. - Livinho diz perto do meu ouvido.
       - Obrigada - respondo limpando minhas lágrimas.
       - Você quer falar o que aconteceu ? - Ele acaricia meu rosto e eu apoio minha cabeça em seus braços.
       - Ele era chefão do Vale das Pedrinhas, era meu primo. Armaram uma emboscada para ele e o mataram, seu pai foi reconhecer o corpo na segunda de tarde, de madrugada ele nos ligou dando a notícia - respiro fundo antes de continuar - Ele não era ruim, mas se envolvia com drogas e pessoas perigosas. Eu o amava, era o primo mais pertubado que tinha.
      - O cara era relíquia, vai fazer falta - Gustavo fala.
      Olho para ele com um olhar venenoso. A raiva me subiu, eu não suportava ele, nem sua namoradinha Valesca, agora com essa falsidade já fazia com que eu sentisse vontade de vomitar.
      Livinho continua a fazer carícias em mim, o que faz meu corpo relaxar e não querer quebrar a cara de Gustavo
      - Bota uma música tio Cléber. - Clarisse pedi.
      - Vamos de Pablo ? - Ele joga.
      - Tá maluco?! - Mário pergunta.
       - Qual foi, Pablo, o cator apaixonado... - tio Cléber fala ponda o cd.
      Todos rimos, a música começar a tocar.
     
     Chora não bebê
     Chora não bebê
     Esse cara não te ama
     Só te faz sofrer...

      - Não, para! Nojeira. - Clarrise diz indo até tio Cléber.
      Ela procura um cd e o coloca. Em seguida a música de Marília Mendonça começar a soar pelo carro.

      Só queria mais um pouco
      desse sentimento louco
      De acordar de madrugada para fazer de novo
      Se isso for errado
      Quem vai nos julgar ?

    Clarisse volta pro seu lugar e quando começa o refrão ela acompanha a cantora.

     Sei que é errado
     E ninguém vai etender
     Você é casado e eu não quero
      perder
     Você tá com ela mas amo você
     Você e ela não tem nada haver

    Não demora muito e todos estamos cantando. Quando passou a vibe de ouvir Marília Mendonça, passamos para os funks. Hora de zoar.
     Clarisse fez titio colocar a música do Livinho, Meu Bem Querer.

Crazy Life - Mc LivinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora