A voz de Laís no telefone era de pura tristeza. Não sabia como consola-lá, por mais que tentasse eu não achava palavras para dizer o quanto sintia muito. Simplesmente fiquei calado, a ouvindo, e depois garantir que chegaria em Salvador o mais rápido possível.
Depois que ela desligou o celular eu fui fazer o meu show. Não podia deixa-lo no meio.
- Gente, queria pedi desculpas a vocês por ter saído no meio do show. A mãe da minha namorada, Laís, infelizmente foi assassinada em uma das periferias de Salvador. Gostaria muito de dedicar um minuto de silêncio em sua homenagem, mas não somente a ela, mas a todos que morreram vítimas do crime - Falo com a voz embasbacada.
Todos fazem silêncio e um cronómetro começar a contar. O minuto passou rápido, porém foi bonito de vê todos em silêncio. Depois que o tempo acabou todos nós batemos palmas e eu tive que continuar meu show, mesmo não querendo.
Como Laís garantio que só ia enterrar o corpo na segunda, só fui para Salvador no domingo de madrugada, quando meu último show terminou.
No avião, ao meu lado minha mãe remexia em seus cabelos, aparentando está nervosa.
- O que foi mãe ? - Pergunto segurando sua mão.
- Só preocupada com essa menina, fico tentando imaginar o quanto ela está sofrendo com tudo isso. - Ela diz.
- Laís é forte, ela vai superar.
- Se você diz - ela dá de ombros - É melhor um filho enterrar uma mãe do que a mãe enterrar o filho.
- É assim que deve ser.
- De fato!
Me encostei na poltrona e dormir. Quando acordei já estava em Salvador.
***9:44 da manhã. Meu violino entoava uma bela melodia, acompanhado de Laís com seu piano. Ela fez questão de trazê-lo até o clube que seu padrasto havia alugado para a cerimônia, ou a despidida de sua mãe.
Laís estava com olheiras, seus ombros estavam para baixo e seu rosto era um poço de tristeza. Fitei ela durantes minutos, até que ela percebeu meu olhar e sorriu para mim. Mesmo triste, seus dedos eram agilosos no piano.
Passei uns vinte minutos tocando com Laís. Depois todos nós nos sentamos.
- Desculpe, essa não era a forma que eu esperava que nos conheceriamos - minha mãe diz abraçando Laís.
- É, mas de qualquer jeito, eu fico feliz em te conhecer. - Laís diz em resposta
- Eu também, e saiba que você é mais que minha nora, é minha filha, e eu estarei aqui para qualquer coisa que você precisar. - Minha mãe segura a mão de Laís e a beija.
- Obrigada, de verdade - Laís agradece e seus olhos lacrimejam.
Vou até ela e a abraço, ficamos assim durante um bom tempo. Até que Gutto sobe no palco e chama nossa atenção.
- Bom dia - ele diz sem emoção - Agradeço a todos que vinheram prestar sua última homenagem a minha esposa Denise. Isso prova o quanto ela era querida por todos. Eu não tenho palavras para descrever o que estou sentindo aqui, nem mesmo o quanto tudo isso mecheu comigo. Porém, eu prometo vingar a morte da minha mulher. Muitos aqui sabem, outros desconfiam, outros nem sonham, que eu sou o chefão de todo Nordeste de Amaralina.
Laís arregala seus olhos e eu fico boquiaberto. Como eu nunca percebi isso ?
- O que tenho a dizer é que o assassino não sairar em puni, e que eu sei onde ele está e eu vou atrás dele. - Gutto diz e sai.
Laís está estatelada em sua cadeira. A abraço forte, ela se levanta e vai até o palco improvisado.
- Por favor - ela diz por cima dos sussuros - Quero a atenção de vocês!
Ninguém presta atenção em Laís. Subo na minhha cadeira e dou um assobio alto, muitos me olham e prestam mais atenção em Laís.
- Sua mãe nos enganou! - Uma mulher acusa.
- Ela falou que traria paz para nós, e trouxe Judite, então não a julgue - uma outra mulher revida.
- Mas ela nunca falou que seu marido era chefão. Meu filho morreu por causa dele! - A mulher agora berrava.
- Seu filho se envolveu por que ele quis, ninguém o forçou - minha mãe se levanta e grita para a moça.
Laís da um grito e todos a olham assustados. No começo pensei que ela estava passando mal, mas depois vi que ela estava apenas tentando chamar nossa atenção.
- Eu peço o silêncio de todos - ela fala - Minha mãe nunca enganou ninguém. Ela sempre a ajudou, deu creche, academias, quadra, casas para muitos moradores. Eu mais do que vocês estou surpresa com a confissão do meu padastro. Se tem uma pessoa que deveria se sentir enganda, essa pessoa sou eu. Então, educadamente eu peço respeito e consideração pela morte de minha mãe. Até por que, o chefão daqui é meu padastro e se alguém abrir a boca para insultar minha mãe novamente, seja o que for, eu garanto que mando um dos funcionários de meu pai estourar os miolos de quem falou Merda. Fui entendida ?
As pessoas ficam em silêncio absoluto. Muitos voltam a se sentar e outros ficam parados olhando para Laís boquiabertos.
- Aqueles que não estão se sentindo a vontade aqui, por favor, a porta é serventia da casa. - Ela conclui.
Laís vem até mim e me abraça. Seus olhos procuram pelos meus, e quando os acha ficamos nos olhando hipnotizados.
Saímos para o cemitério às 12:30. Alguns familiares iam na frente chorando, outros iam atrás com cara de bolhacha.
Eu, Laís e minha mãe íamos ao lado do caixão. Laís sempre olhava para ele, seus olhos trasmitiam esperança. Como se sua mãe por um milagre fosse pular do caixão e gritaria para todo mundo que tudo vai ficar bem.
Na hora de descer o caixão Laís se jogou nele e não deixou desce-lo.
- Não, por favo, mãe - ela chorava desesperadamente - Mãe! MÃE! Eu imploro, por favor acorde. Eu juro que nunca mais vou comer muito doce. Eu prometo levar o lixo para fora, prometo não deixar minha toalha molhada na cama e nem calsinha no banheiro...mãe acorde.
Eu vou até ela e a tiro de perto do caixão.
- Amor, por favor, deixe-a ir! - Eu a puxo devagar.
- Não Oliver, saia daqui. Eu quero ficar com minha mãe, eu vou com ela. Já estou quase morta mesmo!
- Laís chega! - Grito para ela irritado com aquilo.
Eu entendia seu sofrimento, Deus me livre de minha mãe morrer agora. Mas ela não pode querer morrer também.
- Eu quero minha mãe Oliie - ela diz se jogando no meus braços.
Meus olhos se enchem de lágrimas. Por que dói tanto ver alguém que você ama sofrer ? Laís soluçava em meus ombros, sentia minha camisa umidecer com suas lágrimas.
- Ela te amava, nós te amamos - digo em seu ouvido - Vai ficar tudo bem.
- Eu quero minha mãe - ela chora.
Avisto Clarisse, Ana, Laila, Mário, Eliza e Dr. Antônio chegarem até nós
- Amiga - Clarisse a abraça.
Laila chora também. Seus olhos estavam vermelhos e seu rosto enxado.
- Minha mãe passou mal e tio Cléber foi levar ela no hospital - ela diz.
- Laís, eu sei que você está sofrendo, e não quero ser indelicado, mas você precisa descansar. - Dr. Antônio diz.
- Meu pai tem razão Lai - Ana diz.
- Vamos amor - digo pegando Laís no colo.
Ela se enrrosca em meu peito e chora em silêncio. Minha linda e frágil Laís!
- Vocês podem nos levar em casa ? - Pergunto para Ana e seu pai.
- Claro - ele responde.
Quando chegamos em casa, eu dei um banho frio em Laís e a vesti. Dr. Antônio deu um remédio a ela e ela dormiu.
Fiquei ali com ela durantes horas. Sua respiração combinava com seu rosto angelical. Meus dedos acariciavam sua maçã do rosto.
Minha mãe apareceu no quarto perguntando se eu queria comer alguma coisa, mas eu disse que não estava com fome.
- Problema é seu, vai comer sim senhor - ela diz fazendo eu sair da cama.
- Eu queria ficar aqui com Laís - eu falo indignado.
- Você come e depois volta, agora venha.
- Pra quem é visita a senhora tá muito a vontade - digo me levantando.
Ela da meio sorriso.
- Gutto disse que eu podia fazer o que quiser e comer o que quiser - ela me responde.
Dei de ombros e desci as escadas com ela.
Minha mãe fez estrogonofe de frago. Isso é jogo baixo! Mulher trapaceira.
- Mãe - exclamo comendo a delícia do estrogonofe - Está espetacular.
- Obrigada.
Enquanto comia eu fiquei pensando um monte de coisa. Porém um pensamento me deixou frustado. Eu não sei se foi porque eu tava muito ocupado com Laís que não reparei ou pode ser que ele realmente não estava lá. O que eu acho muito difícil, ele devia está lá. Mas onde ? Nós não o vimos.
Não sei onde Pedro tava, mas sinto que ele tem alguma coisa haver com a morte da mãe de Laís.
Na declaração de Gutto ele disse que alguns sabiam quem ele era. Quais as probabilidades de Pedro saber ? Não sei porque, mas sinto que Laís está em perigo. Afinal, os tiro eram para pegar em Laís, mas sua mãe tomou a frente. O que me faz pensar que Laís é o alvo.
Agora resta saber, por que ?
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Crazy Life - Mc Livinho
FanficLaís é uma jovem de 17 anos, desde dos 15 anos ela é fã do cantor Mc Livinho. Sempre sonhou em ir a um de seus shows, mas a sua mãe nunca deixou. Em maio de 2016, em um clube de Salvador, a jovem consegui ir ver seu ídolo. Porém, a gorata se decepic...