Capítulo 28 - Laís

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    Sair de Amaralina e fui para a casa de minh vó no Vale das Pedrinhas. Claro que minha mãe não sabe, se soubesse não me deixaria sair. Afinal eu tenho um câncer idiota que ensiste em fuder com minha vida.
     Minha vó não mora muito longe da minha casa. Era pra mim ter ido ates e vê-lá, mas mainha só foi trabalhar hoje mais Gutto. O que eu acho estranho, eles nunca faltam trabalho sem motivo assim, agora só porque eu tô com câncer não quer dizer que eles não podem ir trabalhar.
     No caminho encontrei com Daniel.
     - Iae Lai - ele me comprimenta.
     - Oi Dan, tudo bem ?
     - Sim e você ?
     - Estou bem.
     - Vai na casa de dona Maria é ?
     - Hurrum, aproveitei que mainha não tá em casa para sair.
     Daniel rir.
     - Está fugindo Laís ?
     Ele ponha sua mão no peito fazendo cara de susto.
     - Não, estou apenas dando uma volta. - Dou risada dele.
     - Quer que eu te acompanhe ?
     - Não Dan, pode ficar de boa.
     - Tá certo, mas cuidado, tá rolando muito tiroteio esses dias.
     - Ok, obrigada pela preocupação.
     - Desponha, agora tchau.
     - Tchau.
     Continu-o andando pelo Vale. Muitas pessoas me olham curiosamente.
     Quando já estava perto da entrada do campo, percebi que não havia ninguém. Tipo, ninguém mesmo. Eu estranhei, mas mesmo assim continuei.
      Entrei no Vale e fui em direção ao campo de futebol. E de novo eu percebo que não tem ninguém. Quendo estou no meio do campo a fixa cai.
     CARALHOOO!
      É retirada e a idioto aqui tá no meio do campo parada, parecendo uma retardada. Escuto um tiro e saio em retirada. Avisto as escadas e vou correndo em sua direção. Mas antes algo acerta minha perna.
    Droga! Eu mereço.
    Um grupo de traficantes aparece em minha frente.
     - O que você tá fazendo aqui ? - Um deles pergunta.
     O outro o cutuca e mostra minha perna baleada.
     - Droga, Jean ?! - Ele diz.
     - Oi - Jean responde.
     Meus Deus, Jean!
     - Você não é prima de Vitor ? - Um dos rapazes fala.
     Eles me arrasta para trás de si. Jean olha minha perna e depois tira uma tira de sua camiseta e amarra em minha perna.
     - Não sabia que tá tendo retirada direto aqui Laís ? - Jean pergunta.
     - Se soubesse não taria aqui. - Falo irritada.
     O mais curioso é que eu não sentia dor. Simplesmente não sentia nada, acho que já estou acostumada com a dor.
     - É, ela é de fato a prima de Vitor - o líder do grupo fala.
     Reviro meus olhos indignada com aquilo. Um rapaz me pega no braço e depois todo mundo atravessa o campo, o que para mim é imprudência. Afinal, no  campo não tínhamos proteção.
     - Vocês vão mesmo atravessar o campo e ficar expostos ? - Pergunto.
     - Tem um plano melhor ? - O líder olha para mim e pergunta.
     - Olha aqui, eu tou baleada. Tenho leucemia, daqui a alguns segundos meu nariz começará a sangrar e eu posso passar mal. Então acho melhor vocês me levarem para um lugar seguro! - Falo irritada.
     - Mano, essa garota é a cópia de Vitor. Mandona que nem ele - um loirinho diz rindo.
      - É genética - Jean diz.
      A gente entra em um beco e depois em outro e mais outro. Até que eu desisto e paro de prestar atenção por onde andamos.
      Meu nariz começou a sangrar como eu havia dito. Um dos rapazes me deu sua camisa e eu neguei levantando minha cabeça.
      Não sei quando começou direito. Só vi um dos garotos cair no chão e o que estava me levando sair correndo. Meu ouvido fez um barulho alto e meus olhos se feicharam e eu apaguei.  
    Quando acordei eu estava em uma casa. Olhei em volta procurando algum rosto conhecido. Meus olhos ainda tinha pontinhos preto por causa da luz forte.
      - Alguém ? - Digo.
      - Laís, você está bem ? - Escuto uma voz falar meu nome.
      Tento enxergar o homem que estava parado diante de mim. Mas meus olhos se recusavam a me obedecer.
      - Laís querida, você pode me ouvir. - Uma mulher pergunta.
       Ai, meu ouvido dói. Acho que desmaiei por que alguém atirou perto de mim e o barulho estorou os meus timpanos.
       - Acho que sim - sussurro, ouvir minha própria voz era estranho, ela arranhava minha garganta e eu tremia de frio, então lembrei da minha perna. - Minha perna, como ela está ? Não vaí ser preciso amputar não, né ?
    Ouço risos de todos os lados.
     - Não amor, sua perna está bem. - A mulher diz.
     - Se aproxime mais por favor, não consigo enxerga-lá direito. - Peço tentando focar meus olhos na mulher.
      A mulher se aproxima e eu a enxergo. Meu coração enche de alegria.
      - Mãe! - Eu exclamo.
      - Não acredtido que não estava reconhecendo sua mãe. - Ela da um sorriso de lado.
      - Não estou escutando direto, nem enxergando. - Digo rindo.
      - Desculpe, a culpa de você não está ouvindo direito é minha - o carinha que me carregou falou.
      - Mas logo isso passará, não chegou a estourar os timpanos. - A voz do homem fala.
       Me sento na cama e passo a enxegar melhor.
       Quem tanto falava era o Gutto, nossa! Como não prestei atenção nisso.
        - Tá - eu começo - O que vocês estão fazendo aqui ?
        Olho para minha mãe e Gutto. Na verdade a pergunta era: O que vocês estão fazendo com traficantes ? Mas como eu não estou afim de levar outro tiro.
      - Eles eram amigos do seu primo Vitor, Jean ligou para Cléber e ele nos avisou que você estava aqui - minha mãe explica - Laís o que deu em sua cabeça em sair sem me avisar ?
     - Eu queria vê minha vó!
     - Nunca mais faça isso - Gutto fala - Sabe o risco que correu ?
     - Eu sei - falo chateada - Mas não me liguei que estava em retirada.
      - Só prometa que vai me avisar quando resolver sair. - Mainha pedi.
       - Tá eu prometo.
       - Ainda bem que você encontrou com o chefão do Vale e não com o nosso inimigo - Gutto diz.
       - Nosso ? - Pergunto confusa.
       Gutto pigarrei e se levanta com pressa.
        - É, quero dizer... - Gutto tenta explicar, mas gagueja.  
     - O que Gutto quer dizer é que você está bem e isso é o que importa - Minha mãe fala.
      Eu os olho e fico pensando o se o Gutto tem algum envolvimento com o tráfico. Ele é policial, mas vai saber.   
      - Ela tem o memso gênio forte que Vitor - o loirinho diz rindo.
      - Não compare minha filha com aquele marginal - minha mãe o repreende.
       - Denise por favor, não seja hipócrita. - Gutto fala lançando um olhar duro para ela.
       - Vamos embora!
       Minha mãe me pegou pelo braço e eu a seguir mancando. Nós andamos por um beco estreito e logo saímos em uma rua no Buqueirão.
     - Buqueirão ? Por que nós saímos aqui ? - Pergunto confusa.
     - Esqueceu que as drogas que Salvador usa é do Buqueirão ? E esqueceu que o Vale das Pedrinhas é comanda pelo Buqueirão ?
     Fiquei calada. Havia realmente esquecido disso!
      Nós íamos entrar no carro da mimha mãe, mas um carro preto chegou e atirou em nós duas. Mas minha mãe foi para minha frente e tomou os tiro em meu lugar. O carro preto saio em disparada.
     Minha mãe caiu no chão e eu me desesperei. Comecei a chorar e gritar por socorro.
     - SOCORRO!!
     - Laís ligue para Gutto - minha mãe fala cuspindo sangue.
     - Mãe por favor, aguenta firme.
      Pego meu celular e ligo para Gutto.
      - Alô - ele atende.
      - Gutto minha mãe foi baleada, ela tá morrendo Gutto.
      - Laís calma, já estou indo. Me diga onde você está.
      Falei aonde nós estávamos e ele chegou em 5 minutos com alguns rapazes. Gutto pegou minha mãe no colo e colocou no carro, entro e ponho sua cabeça em meu colo.
     - Mainha, respira - peço acariciando sua cabeça.
     - Nós vamos chegar logo no hospital, matenha a calma - Gutto fala.
     Choro sem parar, minha respiração começa a pesar. Não sentia minha mãe respirar, seus lábios estavam brancos, e seu rosto pálido e sua pele gelada.
     - Ela tá morrendo Gutto - eu grito para ele - Ela deu a vida dela por mim. Por que a senhora não deixou os tiros chegar em mim ?
     - Laís para! Ela te ama - Gutto diz.
     Ele acelera mais.
     Minha mãe se meche e isso me deixa feliz.
     - Mãe - a chamo.
     - Laís, filha - ela sussurra.
     - Eu tô aqui mãe, eu tô aqui.
     - Eu te amo filha - minha diz chorando.
     - Mãe por favor - eu a abraço e entro em um colapso.
      Finalmente chegamos ao hospital. Levamos minha mãe para dentro e logo enfermeiros surgem com uma maca e ponhe minha mãe nela.
     Saímos correndo pelo corredor do hospital.
     - Gutto - minha mãe chama meu padrasto.
     - Oi Denise - ele responde segurando sua mão.
     - Cuide da minha filha - ela pedi.
     - Você vai ficar bem amor - ele diz.
     - Eu amo vocês - ela diz.
     Eu e Gutto paramos e deixamos os médicos a levarem para a sala de cirirgia. Meus joelhos não aguentam meu peso e eu caio no chão. Gutto me abraça e diz que vai ficar tudo bem.
     - Pai, minha mãe vai morrer - eu digo chorando.
     - Não meu amor, ela vai ficar bem - ele me abraça mais forte.
      Ficamos ali jogados no chão, chorando e abraçando um ao outro. Ouço uma música soa pelo corredor, que agora parecia está vazio e gelado...
     A voz de Adele cantando Hello entoava pelo corredor e isso me fez chorar ainda mais. Não acredito nisso, primeiro meu pai e agora minha mãe.

     

Crazy Life - Mc LivinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora