Capítulo 21 - Laís

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    Quando acordei me deparei com Pedro em minha casa, e expecificamente no meu quarto.
     - Quem te deixou entrar ? - Grito.
     - Calma Laís, sua mãe - ele diz calmo.
     - Eu quero que você sai do meu quarto agora!
     - Por favor, me escute, eu prometo que serei rápido.
     - Eu não quero ouvir nada que venha de você, seu nojento!
     - Por favor, só te peço um minuto.
      Suspiro sabendo que ele não vai desistir. O que me irritava era a audácia dele de vir depois de tanto tempo falar comigo, até parece que ele não fez nada.
      - Olha eu sei que vacilei com você, e não quero que me perdoe por isso, até porque eu mesmo não me perdoo. Mas eu quero que você saiba que você sempre foi importante para mim, eu queria muito ter feito as coisas de um modo diferente, mas eu fui um tolo. E te peço desculpas por ter sido um idiota, eu realmente gosto de você, e quero que você saiba que pode contar comigo pro o que precisar.
    - Nada que você falou agora faz diferença, até por que se você se importasse comigo teria vindo me pedi desculpas logo no começo e não agora, depois de quase seis meses.
    - Eu sei, eu tive que voltar para o Rio rapidamente, nem falei com meus amigos. O meu pai teve um acidente de carro e infelizmente faleceu.
    Quando ele me disse isso eu fiquei com pena dele, eu sabia o que era perder um pai. Não é fácil, dói e nos deixa desequilibrados. E eu me culpo por ser tão grossa com ele.
    - Sinto muito - digo.
    - Tudo bem, eu tô começando a superar, minha mãe que não tá conseguindo.
    - Sempre tem um da família que fica vivendo as lembranças, e não consegui levar a vida.
    - Acho que ela tá com depressão, eu queria ter vindo antes, mas com tudo isso acontecendo achei melhor ficar e tentar ajudar minha mãe.
    - Eu entendo.
    - Desculpa mesmo, eu fui um idiota, e foi preciso meu pai morrer para mim começar a dá valor as pessoas.
    - Pois é, você foi um tremendo idiota, mas quem vive de passado é musel.
    - Eu não pisei no freio, deveria por limites.
    - Quem tem freio é bicicleta, e quem tem limite é balde. Deixe de bobagem, eu não tenho mais tempo de guardar remorços.
    - Estava com saudades da minha marrenta.
    - Do Oliver, nunca fui sua.
    - Eu sei, desculpe.
      Meus dias estavam sendo até legais. Meus amigos sempre iam me visitar e Pedro estava sendo muito legal, até Clarisse havia o perdoado.
    Minha única preocupação era o Oliver, já fazia uma semana que ele não falava comigo. Pensei que fosse sua agente de show lotada, afinal ele ficou algum tempo sem fazer show.
    Penso em ligar para ele, mas decido não ligar. Vai que ele está ocupado. Olho para meu celular e não resistindo pego e ligo para o Oliver, ele atende assim que chama.
    - Oi - ele diz.
    - Oi amor - falo - Tudo bem ?
    - Sim, e você ?
    - Bem, estou me sentindo melhor a cada dia. Parece que a quimio tá começando a fazer efeito.     
    - Ainda bem, vai dá tudo certo.
    - Quando você vem para Salvador ?
    - Tô querendo ir no final do ano, passar pelos menos o Ano-Novo aí.
    - Venha mesmo, esse ano ACM botou pra lá, vai ter 52 horas de show.
    - Vou resolver aqui com Juninho, é que tenho um clipe que vou lançar agora.
    - É ? Que bom, você lançou tantas músicas esse ano. Eu amei aquela música Fumaça e o Luar.
    - Que bom, esse ano fiz muitas músicas porque foi nesse ano que conheci você, minha inspiração para qualquer coisa.
    - Onwt, você tem que parar de ser tão romântico.
    - Sou conhecido como Vagabundo Romântico, ou se preferi DJC.
    - Sim, meu Don Juan - digo rindo.
    - Laís ? - Oliver pergunta sério.
    - Oi.
    - Pedro voltou ?
    Eu pulei de susto, como ele sabia ?
     - Como tu sabe ?
     - Liguei para você semana passada e quem atendeu foi ele.
     - Sério que ele fez isso ? Eu não acredito!
     - Pois é, e ainda disse que era seu namorado.
     - Mas o Pedro tá tão diferente, não é possível que ele tenha me enganado novamente. Até Clarisse tá gostando dele.
    - Tá bom, eu sou o vilão e ele o mocinho.
    - Não foi isso que eu quis dizer Oliver.
    - Nem precisa falar muito, você perdoou ele depois de tudo que ele te fez.
    - Guardar rancor não vai me levar a nada.
    - Claro que não leva, mas precisa manter contato com ele ?
    - Oliver o Pedro está sendo tão gentil comigo e com todos!
    - Laís, ele está te manipulando! - Oliver grita no outro lado da linha.
    Isso me irritada. Odeio ser chatada como burra, a garota ingênua que não sabe distinguir quem tá mentindo e quem não tá.
    - Eu não estou sendo manipulada, até porque não sou nenhuma idiota! - Grito em resposta.
    - Ele só voltou para nos separar e você está colaborando para isso.
    - Só vamos nos separar se nosso amor for fraco, caso contrário ele continuará intacto independente de qualquer situação.
     O Oliver da um "Ok"  e desliga o celular. Eu estava furiosa com ele por deixar o Pedro atrapalhar nosso relação, nunca havíamos brigados assim. E agora só por causa de uma besteira ele se irrita, me irrita. Me sento no sofá e ligo a TV, ofegava, tentava puxar ar. Mas não obtinha resultado.
     Supliquei para meus pulmões não fazerem cú doce agora e trabalhassem direito. Mas eles simplesmente me ignoraram e eu comecei a ofegar mais pesadamente. Não aguentando mais, gritei por minha mãe.
      - MÃE! MÃE!
      Ela vem correndo e ao me vê desesperada procurando por ar, ela grita por Gutto.
      - Filha, se acalme - ela diz segurando minhas mãos.
      - Difícil ficar calma quando não consigo respirar - falo em meios a grandes suspiros.
      - Gutto, precisamos ir para o hospital imediatamente. - Minha mãe grita.
      Meu padrasto pega a chave do carro e me pega no colo em seguida. Eu previsava me esforçar bastante para consegui respirar. Minha mãe estava mais desesperada que eu, ligou para o Dr. Antônio e se embaraçava toda ao falar.
     Quando chegamos no hospital, eu estava quase inconciente. Minha visão tinha um monte de pontinhos pretos. O Dr. Antônio estava lá, a minha espera.
      Não tinha mais forças para tentar respirar, deixei meu corpo parado na cama e passei a escutar os soluços da minha mãe e Gutto tentando acalma-lá.
     - Minha filha, eu não vou mais ser mãe.
     - Calma Denise, mantenha  calma - Gutto como sempre, paciente consolava minha mãe - Vai ficar tudo bem.
      Despois disso só ouvir meu ouvido zunindo e eu apaguei. Quando acordei estava usando aparelho respiratório. Quê ? Tô respirando com ajuda de aparelhos ? Droga de câncer.
     Olhei para o lado a procura de alguém que pudesse me explicar alguma coisa, mas não tinha ninguém. Esperei ali até que uma enfermeira apareceu.
     - Olá - ela diz gentilmente.
     - Você sabe dizer se meu câncer se manifestou no meu corpo ? - Pergunto sem mais delongas.
     - Desculpe, eu não tenho essa informação - ela diz me olhando com pena.
     - Você já teve a experiência de se está morrendo e não morrer ? - Pergunto a ela, meus olhos fixos nos seus.
     - Não, nunca tive - ela responde sem emoção na voz.
     - Não é tão ruim assim - digo dando de ombros - Pense, poderia ser pior.
     - Pior que isso ? O que seria ? - Ela pergunta confusa.
     - É você morrer derrepente e não saber quem verdadeiramente se preocupa com você. Eu vou morrer, disso não posso fugir, mas pelo menos tenho certeza que tenho os melhores pais do mundo, os melhores amigos e o melhor namorado.
      - É, pensando por esse lado - ela diz pensativa - Olha, eu acho que você vai superar isso. Vai consegui vencer essa luta, até porque você é uma garota forte.
      - Sou, mas só porque tenho motivos para ser forte.
      A enfermeira rio e saio do quarto. Não demorou muito e minha mãe veio com o Dr. Antônio.
     - Oi - ele me comprimenta.
     - Oi - respondo.
     - Como se sente ?
     Penso na sua pergunta. Bem, me sinto frágil, vulnerável, inipotente, morta. Mas não posso dizer como me sinto verdadeiramente, isso machucaria minha mãe. E ultimamente tudo que faço, não é por mim e sim por ela. Se dependece só de mim, teria me entregado, desde o começo, os médicos deixaram bem claro a gravidade da minha doença. E eu me conformei assim que recebi a notícia. No mesmo dia que recebi a notícia do meu câncer eu fui passear na praia e vi um monte de gente. Aquelas pessoas estavam ali, se divertindo e talvez muitas estevessem me olhando pelo canto do olho, pensando que estou ali fazendo o mesmo que elas. Mas na verdade essas pessoas mal sabem que eu tenho minha adolescência interferida por causa de um câncer. E que cedo ou tarde esse câncer vai me matar, ele vai consumi todo o meu corpo. E não restará nada de mim, além da minha carcaça.
      - Laís ? - Ouço o Dr. Antônio peguntar novamente - Como se sente ?
      - Um pouco cansada - respondo com um pouco de dificuldade por causa do aparelho.
       - Fizemos alguns exames em você para vê se o câncer tinha se espalhado para outro lugar. - O Dr. diz.
       - E o que acharam ? - Pergunto.
       - Infelizmente os exames mostraram que seu câncer começou a andar por seu corpo. Não é apenas mais leucemia crônica, você também tá com câncer no pulmão. Por sorte é só em um.
       - E como vamos tratar ?
       - Vamos retirar o câncer, e depois vamos investir na remissão. Assim vamos controlar sua leucemia.
       - Controlar como ?
       - A remissão vai fazer com que o câncer não se espalhe.
       - Eu não entendo por que continuar com a quimio, isso não vai da em nada mesmo - resmungo.
        - Laís, vai sim, está dando resultado. - Minha mãe me repreende - Se não fosse a quimio você estaria morta, mas graças a Deus você está indo bem. Vamos fazer a cirurgia e vai ficar tudo bem.
       Feicho meus olhos e me perco em um sono profundo.

Crazy Life - Mc LivinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora