Capítulo 7

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O restante da semana se passou com tanta tranquilidade que era difícil acreditar que seu início fora tão tumultuado.

Minha mãe, Douglas e eu ainda estávamos nos adaptando a não ter mais meu pai morando em nossa casa. Mas o que antes parecia impossível, agora se tornava cada vez menos complicado. Saber que ele tinha saído de lá realmente doía muito, mas sua presença naquela casa já era tão pequena que a mudança não foi tão impactante assim.

Além disso, Natan e Jullie estavam tão atenciosos que era quase impossível pensar nisso. Os dois pareciam ter concordado com a tarefa de me distrair o quanto fosse necessário, mesmo que apenas passassem o dia comigo, me levando para algum parque ou para caminhar na praia.

Gustavo também estava sendo uma ajuda e tanto! Era incrível que nos conhecêssemos há apenas cinco dias, quando pareciam anos. No dia seguinte à ida do meu pai, ele me perguntou, é claro, como tinha sido a conversa, mesmo que não soubesse sobre o que se tratava. Acabei contando a ele, o que o incentivou a se aproximar ainda mais de mim.

Ele me visitou todos os dias naquela semana para que pudesse se atualizar nas matérias e sempre fazia questão de levantar meu astral. Além, é claro, de me derreter totalmente com seu jeito meio travesso e, ao mesmo tempo, fofo.

Jullie ficava apaixonada toda vez que eu contava essas coisas para ela, mas Natan não pareceu se dar bem com meu novo amigo. Suspeitei que ele andava sentindo ciúme do tempo que passávamos juntos, assim como fora quando comecei a namorar seu irmão.

Quando sábado chegou, trazendo mais calor e amanhecendo um dia incrivelmente bonito, quase suspirei de alívio pela semana estar acabando. Além disso, era dia do meu passeio com Natan à Floresta da Tijuca, e eu pretendia esfriar a cabeça e por meus pensamentos no lugar, para começar a nova semana de um jeito bem diferente.

O relógio marcava nove e meia quando minha mãe foi até meu quarto me chamar. Ela ia visitar a casa nova de uma amiga do trabalho e se ofereceu para nos dar uma carona.

Eu a olhei, sonolenta, e concordei com a cabeça quando ela falou algo, sem nem ouvir direito. Precisei de mais cinco minutos para tomar coragem de levantar. Quando o fiz, aproveitei para ligar logo para Natan e acordá-lo também.

Não foi preciso nem cinco minutos com a janela aberta para perceber o calor infernal que fazia lá fora. Ao sair do banho, vesti meu biquíni, um short jeans e uma blusa cigana amarela, e calcei um tênis de corrida.

Saí do meu quarto para encontrar a mesa do café da manhã já pronta.

– Ia te chamar agora – ouvi a voz da minha mãe dizer e a encarei.

Minha mãe estava um caco. Ela havia passado a semana inteira nos evitando para que não notássemos sua tristeza. Eu a via sempre chegar cabisbaixa do trabalho e seguir direto para seu quarto, então essa era a primeira vez que conseguia analisar seu estado de verdade: as olheiras formadas embaixo dos olhos; e os olhos! Vermelhos demais, como se tivesse chorado por dias, o que eu sabia ser verdade. E a expressão dela... Como se fosse naturalmente triste.

Nós nos sentamos em silêncio até que eu pensasse em um assunto que a distraísse. Falei sobre a escola, Natan e Jullie, mas foi quando comecei a contar sobre Gustavo que ela passou a prestar atenção de verdade.

Ela ainda não tivera a oportunidade de conhecê-lo, já que estava no trabalho quando ele vinha estudar, mas pelo que eu descrevi, ela o julgou tão bonito quanto eu achava.

– E agora, você tá a fim dele? – perguntou, e não pude deixar de rir ao ver minha mãe tentando falar gírias modernas.

– Bem... Eu acho que sim... – respondi, incerta. – Ele é muito fofo e divertido.

Além da amizade (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora