Capítulo 29

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E, então, tudo começou. Com dez pessoas, duas vans e muita bagunça.

Parecia até chamada de sessão da tarde, mas era apenas a imagem de todos nós no dia seguinte ao Natal. Estávamos acomodados em duas vans, partindo em direção à cidade de Cabo Frio, para a casa de praia dos Borges. Denise tinha convidado minha família e a de Jullie para passar o final do ano com ela e Davi, com a desculpa de que a casa era grande demais para os dois sozinhos, já que Natan passaria a virada do ano com o pai, em São Paulo. E nós nos encarregamos de arrastar Gustavo para dentro dessa. Tentei convidar Letícia, é claro, pois apesar do afastamento, eu ainda a considerava muito. Mas ela disse já ter planos para o final do ano, então não havia muito o que pudesse fazer.

Às sete da manhã, já estávamos todos à frente da casa de Davi, colocando as malas nos carros que contratáramos para nos levar. Quando a arrumação chegou ao fim, Jullie e Douglas gritaram que um dos carros devia ser só para os jovens e nós rimos com a perfeita sincronia em que o fizeram. Os adultos concordaram rapidamente, como se estivessem ansiosos em se livrar de nós e da nossa euforia exagerada.

Rapidamente nos acomodamos no carro e nos preparamos para as horas – e dias – seguintes de muita festa e comemoração. Já na viagem, eu percebia o quanto todos estavam ansiosos e felizes por se desligarem de seus problemas. Principalmente, Davi e eu.

Depois de muitas conversas e brincadeiras, eu aproveitei o momento de silêncio para observar a paisagem do lado de fora. O vento batia forte em meu rosto e o cheiro de maresia invadia o carro. Pensei em tudo o que havia acontecido na minha vida alguns meses antes e, apesar de tudo, me senti sortuda. Eu tinha amigos incríveis e especiais. Como poderia ficar triste tendo sido agraciada com a amizade dessas pessoas maravilhosas? Eles haviam sido mais do que apoios – foram a base da minha vida naqueles últimos meses.

Durante toda a semana em Cabo Frio, nós mantivemos uma rotina: ir à praia pela manhã, onde ficávamos até o pôr do sol, e voltar a casa para um banho antes de jantar e cochilar, para em seguida partirmos renovados para o começo da noite. Por volta das oito, nós íamos para o Forte, área principal da cidade, para algum barzinho ou apenas para ficarmos nas ruas mesmo, o que por si só já era bem divertido.

E o tempo pareceu correr.

Fiquei feliz por perceber que quase não tinha pensado em Natan naqueles últimos dias. E Jullie fazia de tudo para que eu realmente não o fizesse. Vez ou outra, ela me incentivava a conversar com algum garoto, e até cheguei a me interessar de verdade por um, apesar de não ter acontecido nada demais. Apenas trocamos telefones.

E num piscar de olhos já era véspera de ano novo.

Tínhamos combinado de chegar à praia cedo para não nos preocuparmos com trânsito ou qualquer coisa que atrapalhasse nossa noite. Por isso, desde as quatro da tarde já estávamos lá. Sentamos em rodinha, tomando o cuidado de ficar bem longe do palco de atrações que estava montado há dias. Não queríamos tumulto, apenas a bagunça e alegria que nós mesmos nos proporcionávamos.

Às dez para meia-noite, a praia estava lotada, mesmo no lugar afastado onde nos encontrávamos. Grupos conversavam, riam, bebiam. Todos esperávamos ansiosamente a explosão de fogos.

– Dez minutos! – alguém gritou ao longe.

Todos urraram de felicidade.

Todos urraram de felicidade

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Além da amizade (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora