Capítulo 8

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É claro que, quando eu me acalmei o suficiente para ligar para Gustavo, percebi que tive tanta pressa em fugir que deixara todos os meus pertences com Natan.

Inspirei fundo, não acreditando na minha sorte. Eu já estava chegando a uma das saídas da Floresta quando girei, percorrendo todo o caminho de volta para a trilha. Nem sei como consegui chegar lá, tamanho era meu cansaço. Levei apenas cinco minutos para descer tudo correndo, mas subir novamente? Foram quase vinte.

Eu não queria ver Natan de novo, pelo menos naquele dia, mas se era preciso, o que eu podia fazer? Entretanto, quando cheguei ao local, não havia mais ninguém. Tudo tinha sido levado embora. Eu quase gritei de raiva. Era incrível como as coisas tinham tendência a dar errado comigo, pelo menos nos últimos dias. Agora eu estava longe de casa, sem dinheiro, sem celular e sem companhia.

Voltei à estrada principal, respirando fundo para controlar meu nervosismo. Fiquei atenta para o caso de achar algum telefone público enquanto andava e, quando avistei um, corri até o local, começando a sentir frio por causa da roupa molhada pelo biquíni.

Disquei o número de casa, mas ninguém atendeu. Tentei o celular dos meus pais, mas ambos caíram na secretária eletrônica. Nem devia arriscar ligar para meu irmão ou Jullie, eles viviam com o celular sem bateria. Tentei mesmo assim. Nada.

Bufei. Eu não queria ligar para Natan, mas será que precisaria?

Meus olhos encheram-se de lágrimas enquanto eu apertava os números com raiva. Eu estava tão cansada... Só queria ir para casa e esquecer tudo que estava acontecendo comigo.

Mas Natan não atendeu, nem Davi. Nem todos eles quando tentei ligar mais uma vez.

Eu queria ligar para Gustavo, mas não tinha seu número de cabeça. 987-alguma-coisa?

A irritação e o nervosismo afloravam em minha pele enquanto eu tentava os outros mais uma vez.

Quando nenhuma tentativa fez efeito, resolvi arriscar o número de Gustavo.

Na primeira possibilidade, mal a voz da gravação a cobrar começou a falar, a pessoa do outro lado desligou. Tentei outro número, mas ninguém atendeu.

Disquei uma terceira alternativa. Estava prestes a desligar, quando a gravação tocou.

– Chamada local a cobrar. Diga seu nome e a cidade de onde está falando.

– Espera um minuto! Só um minutinho – gritou uma mulher do outro lado da linha. Ouvi um estrondo de porta se fechando. – Alô? Desculpa, eu acabei de chegar – ofegou.

Funguei antes de secar as lágrimas que caiam em silêncio e sorrir. Eu tinha conseguido!

– Tudo bem. Desculpa ligar a cobrar – pedi, envergonhada. – Mas é importante... O Gustavo tá aí?

– Nossa, eu não sei. Eu acho que ele tá dormindo.

– Se ele tiver, você pode acordar ele, por favor? – Praticamente implorei.

– Claro. – Pude perceber sua voz preocupada do outro lado. – Quem tá falando?

– É a Anna.

– Tá certo. Espera só um minuto, Anna.

Esperei sem paciência. Minhas pernas doíam e eu começava a sentir sede.

– Anna? – A voz dele era sonolenta, mas parecia preocupado.

Fiquei tão aliviada por ouvir sua voz que não consegui evitar o choro. Eu nunca tinha passado por uma situação parecida e se não conseguisse falar com Gustavo, o que eu teria feito? Quem iria me ajudar?

Além da amizade (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora