Capítulo 18

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– Tá tudo bem, guria?

Você faz ideia do quanto o Natan gosta de você? Claro que você faz. Você faz e não dá a mínima!

Não, eu não fazia. Eu não fazia a menor ideia do quanto Natan gostava de mim. Na verdade, eu nem pensava nisso, porque não havia nada para saber! Depois da nossa confusão na cachoeira, eu tinha cada vez mais certeza de que o que meu amigo podia sentir era uma mísera atração. Afinal, nossa amizade existia há dez anos. Contávamos tudo um para o outro. Se ele sentia alguma coisa por mim, tenho certeza de que já teria conversado comigo. O beijo foi algo de momento, algo carnal. Para ele, pelo menos.

Mas do jeito que Jullie falou... Era como se ela soubesse de algo que eu não...

Você se faz de inocente. Beija ele e depois corre pro Gustavo. Culpa ele pelo que rolou e depois finge que não tem nada acontecendo, enquanto ele tá lá sofrendo por você.

– Anna?

– Oi? – perguntei incerta.

Pisquei e olhei ao redor; à minha esquerda, Gustavo me encarava com uma sobrancelha erguida.

– Tá tudo bem? – Ele, que estava segurando minha mão desde o ponto de ônibus, soltou-a quando chegamos à frente da minha casa.

Tentei forçar um sorriso.

– Tudo bem... Só estou com um pouco de dor de cabeça. – Menti, me sentindo mal por estar tão distante.

– Prima, vou entrando, ok?

Olhei para minha direita. Letícia estava parada em frente ao portão de casa, apoiada nele com uma das mãos. Ela provavelmente queria nos dar um pouco de privacidade.

Era totalmente contramão para Gustavo me acompanhar, mas mesmo assim, ele havia feito questão. Davi e Natan se separaram assim que descemos do ônibus e seguiram para sua rua. Douglas e Jullie partiram pouco depois – o clima entre eles ainda parecia estranho, mas meu irmão quis levá-la para casa apesar de tudo. Então, sobramos Letícia, Gustavo e eu.

– Ok – respondi a Letícia. – Entro num segundo.

Eu remexi em minha bolsa, tirando a chave de casa de dentro dela e a entreguei. Letícia aceitou antes de virar o rosto para Gustavo e se despedir.

Observamos enquanto minha prima se afastava, sem muito a dizer. Tudo o que eu queria naquele momento era entrar e ter uma boa noite de sono, sem nem pensar nas coisas que Jullie me dissera.

– Então... – Gustavo atraiu minha atenção, fazendo-me voltar a olhá-lo. Ele abriu um sorriso tímido e estendeu as mãos até minha cintura, puxando-me para perto.

Por um momento, esqueci que estava preocupada. Esqueci que, segundo Jullie, Natan sofria por mim. Esqueci Jullie. Esqueci tudo. Fechei os olhos e esperei os lábios de Gustavo encontrarem os meus. E, quando isso aconteceu, levei minhas mãos até sua nuca, deixando-me envolver por aquele momento tranquilizante.

– Anna... – começou Gustavo, em meu ouvido.

Soltei um murmúrio qualquer, apenas para mostrar que estava ouvindo. Tinha meus olhos fechados e a testa apoiada em seu ombro. Entretanto, os abri de súbito assim que ouvi o que Gustavo queria me dizer.

– Eu te amo.

Ergui a cabeça, encarando a escuridão da rua deserta a minha frente. Meu coração acelerou freneticamente enquanto eu tentava absorver o que acabara de ouvir.

– Acho... Acho que essa seria uma boa hora pra tu dizer alguma coisa, né? – sussurrou envergonhado, depois de alguns segundos em silêncio. Ele nos separou, quebrando o abraço com as mãos que estavam em minha cintura, e me olhou nos olhos. Gustavo mordia o lábio na altura do piercing, um sinal claro de nervosismo.

Além da amizade (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora