"Strange fascination, fascinating me
Changes are taking the pace I'm going through"
(Changes)
Jackie já tinha se vestido há muito, quando a última pessoa deixou o bar. Não que suas roupas cobrissem muito de seu corpo definido e bem modelado, um short curto, até metade da bunda perfeita e arredondada e uma blusa igualmente curta, que mal cobria os seios médios e firmes; mas era a roupa que lhe fazia sentir-se mais a vontade. Tivera um dia cheio, e não via a hora de chegar em casa e tomar um merecido banho.
Despediu-se de Jaweer, com a promessa que nunca cumpria de chegar no próximo dia dentro do horário.
- Tá, tá... Não sei por que você ainda me diz isso, você nunca chega no horário!
- É verdade, Jawe. - gargalhou - Até amanhã.
Estava apreensiva. Não sabia o que fazer com a informação que recebera. Sabia por onde a filha do prefeito havia passado, e sabia onde conseguiria mais informações. Só precisava descobrir como voltaria a entrar em contato com a jovem Jade. Já havia abandonado à muito os métodos convencionais de investigação, adotando uma abordagem mais... Física, por assim dizer. Mas temia que, desta vez, nem sua tática seria o suficiente. Ela simplesmente estava à mercê do destino para encontrar a menina novamente. E detestava ficar assim.
Imersa em seus pensamentos, algumas quadras depois chegava ao hotel de quinta categoria onde morava. Toda noite tinha um recepcionista novo e, desta vez, era uma moça: parecia não ter mais que 18 anos, cabelos louros trançados, os seios médios apertados numa blusinha rosa.
- Oi, tudo bem? Você é a nova recepcionista, não?
- É. Vim passar um tempo aqui - respondeu a jovem.
- Legal. – respondeu a policial, sem de fato dar importância ao que a garota dissera. Só queria chegar em seu quarto, no último andar, despir-se, mergulhar até o pescoço na banheira do banheiro comunitário e, talvez, abrir e finalizar uma garrafa de vinho.
Tinha escolhido aquele hotel barato por uma série de fatores. Um deles era a posição. Era perto o suficiente do Bandwith. Outro fator, era que, quando mudara para lá, ele estava praticamente vazio, seu andar só tinha o quarto dela ocupado e, apesar de não ter banheiro no quarto, o banheiro comunitário tinha banheira. E ela amava banheiras. E, devido ao horário que chegava, sempre de madrugada, mesmo quando o andar estava todo ocupado, como era o caso naquele momento, ela sempre tinha o banho só para si. Assim, como várias noites antes, ela entrara no quarto rapidamente, sem trancar a porta, e despiu-se, saindo enrolada na toalha para a porta ao lado da sua, a garrafa de vinho aberta nas mãos, e entrou no banheiro. Também pelo horário, não se dava ao trabalho de trancar a porta. Apenas uma vez uma jovem entrou enquanto tomava banho, mas saiu em seguida.
Jackie entrou, experimentou com o pé a água e entrou em seguida, mergulhando até quase o pescoço. Sobre os olhos colocou uma toalha dobrada, e de tempos em tempos tomava um gole de vinho direto da garrafa.
Algum tempo depois, ela não sabia precisar por ter adormecido dentro da banheira – prática bastante comum, tanto que ela programara o celular para avisa-la de madrugada – alguém entrara no banheiro.
- Acorda, vadia! – gritou o homem, a arma encostada na testa da policial – Agora você vai ter bem mais que respostas! – levou a outra mão ao botão do jeans, abrindo-o.
- Calma, por favor – ela acordou com um susto, custando a entender o que acontecia, compreendendo, por fim, apenas quando viu as calças no chão, o sexo que vira mais cedo à mostra, o cano da arma gelado em sua testa – Eu sou apenas uma dançarina! Eu só perguntei por que...
- Cala a boca, piranha! – ordenou o homem sem mexer na arma, a outra mão agarrou o próprio sexo, forçando-o na mão fechada para frente e para trás. Quando achou que estava pronto, forçou-o em direção ao rosto da garota na banheira – E sem gracinha, sua puta!
Sem muito que fazer, a policial se viu obrigada a obedecê-lo, e, mesmo que a contragosto, abriu lentamente os lábios. O homem, por sua vez, vendo que ela obedecia, empurrou-o com força contra seu rosto, obrigando-a abri-la mais rápido. Ele movimentava-se com violência, ela, por vezes, tentava escapar, mas ele apenas parava e engatilhava a arma, mantendo-a engatilhada por algum tempo. Tentando escapar, baixou o braço esquerdo, sentindo a garrafa vazia, e, como um gatilho em sua mente, um plano se formou. Ela segurou firme o objeto de vidro na mão, a outra agarrou a perna dele, desistindo, aparentemente, de oferecer resistência.
- Isso... Boa menina – rosnou o homem – Sabia que você era uma putinha que gostava disso.
Ela o conhecia, sabia seu ritmo. Era o mesmo homem com quem estivera mais cedo. Assim, respirou fundo, movimentou a boca contra ele mais rapidamente e, algum segundo depois pôde ouvir os gemidos de prazer dele. Notou também que a arma já afrouxava em sua mão: era a oportunidade que esperava. Afastando-se um pouco dele, principalmente para ver que ele deixara a pistola solta na mão, golpeou-o na mão armada com a garrafa, jogando-a para cima. O outro golpe fora direto no sexo, o terceiro, no nariz. Vendo-o cambalear em direção à porta aberta, inclinou-se para pegar a arma de seu agressor. Apontando a arma para ele, saiu da banheira como estava, a água escorrendo e pingando pelo chão de porcelana vermelha, algumas lajotas hexagonais faltando, mostrando o contrapiso.
- Muito bem, seu filho da mãe! – esbravejou a policial aproximando-se dele e encostando a arma no nariz ensanguentado, entre os olhos, que, por um reflexo, moveram-se em direção ao cano preto. – Agora é você que vai fazer o que eu mando! Anda!
O homem com nariz ensanguentado e inchando, achava que tinha quebrado, não estava acreditando no que estava acontecendo. Ele estava certo que era mais uma foda fácil, depois de segui-la, a certa distância, do bar até ali, por quatro quarteirões, e esperado-a adormecer na banheira. Agora... Agora era ele quem estava sob a mira do revólver.
- Espera, por favor! Não faça isso!
- Anda! – ordenou, agarrando-o pelo ombro e forçando-o a ficar de costas para ela, a arma encostada no cabelo ralo loiro quase branco – Aqui. Nesta porta – virou-o para a direita e entrou em seu quarto. Fez com que o homem andasse até a janela, atravessando-a e ficando de pé sobre a plataforma de ferro fundido da escada de bombeiros – Agora, desgraçado - deu uma coronhada no topo da cabeça, mas sem que pudesse desmaia-lo – Você vai me dizer o que sabe sobre a garota!
- Eu não sei de nada, vadia! – esbravejou o homem – Eu disse aquilo pra te comer, já falei!
- Não me faça perguntar de novo! – ordenou engatilhando a arma.
- Eu juro! Eu não sei de nada! – Jackie teve a impressão de que ouvira o homem chorar.
- Bem... eu acredito que você não saiba de nada mesmo. – disse em tom sombrio – Mas você veio ao meu hotel... Ao meu andar... Invadiu o meu banho... – aumentava o tom da voz conforme falava – colocou uma arma na minha cabeça e o teu... Isso que você chama de pau, na minha boca! Quer saber? – empurrou o gatilho para trás três vezes – Você é péssimo! – terminou chutando-o pela mureta da sacada de ferro, vendo-o cair lá embaixo, após bater duas vezes em outras sacadas e bater a cabeça no contêiner de lixo que estava aberto, fazendo um corte que espalhou sangue pela calçada.
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Crônicas de Rat's Bay - Jackie Aeon
ActionCrônicas de Rat's Bay é uma distopia sombria e profunda, um mergulho ao que há de pior e mais podre no coração humano. Em uma cidade dominada pela corrupção, Jackie Aeon é uma jovem detetive. Sua missão, entretanto, não é fácil: ela precisa se infil...