Capítulo 14 - Êxtase Selvagem

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I can be your whore

I am the dirt you created

I am your sinner

I am your whore

But let me tell you something baby

You love me for everything you hate me for

(In this moment, Whore)

Uma vez mais, Jackie sentia-se presa por sua mente. Depois de voltar ao seu quarto, ela examinou o saco de veludo uma vez mais, abriu-o, fez menção de olhar seu interior, e fechou, largando sobre a cama. Olhou em volta, voltou a repetir o gesto, e, uma vez mais, largou. Caminhar pelo quarto era uma boa alternativa.

Uma vez mais, Jackie sentia-se presa por sua mente. Sentia-se dividida entre dois caminhos: um o levaria a se oferecer para um estranho, sem muitas possibilidades de futuros além da submissão; outro, a faria negar seu coração e viver entre aquelas mulheres que a receberam havia mais de mês. Ela sabia, contudo, que caminho escolheria Era justo esta escolha que a deixava apreensiva.

Olhou-se no espelho do banheiro e voltou a examinar a faixa escura, agora com mais de um palmo, de cabelos castanhos no topo da cabeça.

— Vou ter que escurecer as pontas e ficar com o cabelo o mais parecido possível.

Desviou-se do espelho e olhou o pacote azul. Sacudiu a cabeça para esquecer aquela ideia. Precisaria de roupas. Roupas civis, mais próximas do que uma jovem repórter de rua usaria: este seria seu disfarce dessa vez, ela seria uma jovem repórter do Chicago Tribune, um dos jornais da cidade vizinha; outra opção seria o Rat's Bay's Daily, mas ela julgou que talvez este tal de Dom tivesse contatos.

Falaria com uma das garotas, talvez Hereena mesmo, para que lhe ajudasse a conseguir o que precisaria. Hereena... Uma ponta de ciúmes surgiu quando se lembrou da amiga indo dormir com Vika. Ciúmes? Dela? Por quê? A policial não tinha motivos para ter ciúmes da amiga. Afinal, elas não tinham nada... Apesar de que acordar abraçada nela, naquela mesma noite, tivesse lhe causado certo conforto.

— Hmmm... Conforto... — Gemeu sozinha.

Olhou para a cama, apertou as mãos com força e voltou a andar pelo quarto. Vez que outra olhava o paredão ao qual sua janela dava visão, ou verificava a porta trancada. Lembrou-se de seu encontro com Axel. Por que ela o beijou? Será que ela estaria sentindo algo por ele? Colocou a mão no exato local onde colocara a dele momentos antes, sorriu e fechou os olhos por um instante, lembrando-se de seu toque, sua mão áspera, seu rosto áspero com a barba ruiva, a forma de seu rosto, seus lábios.

Estava indo para cama, por fim. A necessidade de algo para relaxar vencera. Sentou-se com as pernas cruzadas, o saco entre as pernas, e charuto nas mãos. Um raio de sol ofuscou-lhe a visão no exato momento em que girava o bocal e observava a câmara como um cilindro curto, decidindo o que usaria.

— Já é dia! — Disse animada. E, como se tivesse sido dito por outra pessoa, ela mesma respondeu — Sim, é dia, Jackie. Isso significa, nada de drogas para você, mocinha. Vamos procurar Hereena e tentar arrumar as coisas para dar um fim nessa missão desgraçada e talvez termos um pouco de paz.

Levantou-se, acomodou o charuto dentro do pacote azul e este sob o travesseiro, trancou a porta e saiu. Andou até o terraço, o dormitório das líderes ampliou-se em seu campo de visão. Para sua sorte, quem ela procurava estava descendo as escadas de madeira e, sem motivos, respirou aliviada.

— Oh, bom dia, Jackie. Está melhor?

— Um pouco... — Deu a mão para a amiga e virou para a escada de descida, apressando os passos. — É, estou bem, — mentiu. — Olha, estava pensando... Preciso escurecer meu cabelo — inclinou a cabeça para frente, mostrou a faixa escura, e antes que Hereena pudesse ver ou dizer alguma coisa, prosseguiu. — E preciso de roupas civis. Estava pensando em um jeans, uma camisa de linho e talvez um colete. Penso em me apresentar para Dom como se eu fosse uma repórter do Rat's Bay's Morning.

Crônicas de Rat's Bay - Jackie AeonOnde histórias criam vida. Descubra agora