Capítulo 6 - Onde diabos fui me enfiar?

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"My shadow's the only one that walks beside me

My shallow heart is the only thing that's beating

Sometimes I wish someone out there will find me

Till then I walk alone"

(Boulevard of Broken Dreams, Green Day)

Jackie sentia que aquele lugar estava mexendo com ela. Sentia-se assustada, profundamente triste. Mais que isso. Aquela lembrança de seu noivo a fizera sentir-se miserável. Isso. Era essa a sensação que aquela experiência estava despertando nela: sentia-se profundamente miserável. Decidira abandonar aquilo tudo, mesmo não tendo como realmente fugir daquele lugar maldito. Iria se encolher no canto escuro do porão onde estava e ficar ali, sozinha, quieta, até que alguém viesse buscá-la. Já não importava as consequências de tal decisão. A ideia de estar assustada a deixava mais perturbada ainda. Não sabia como lidar com aquelas emoções. Nunca sentira medo na vida, por mais que fosse a montanhas russas e outras atividades tidas como "perigosas". Eram apenas instigantes. Mas agora, aquele conjunto totalmente novo de sensações a deixava impotente.

Assim, ela descera da cruz onde estava, mesmo sem ver nada, e, tateando, encontraria uma junção da parede. Julgando ser um lugar tão bom como qualquer outro, colocou uma mão no chão, era frio, lembrava ferro; dava a impressão dela estar em um imenso contêiner. Colocou a outra mão, depois sentou sobre elas. A parte do chão que lhe tocava a pele da bunda lhe causava arrepio devido a baixa temperatura. Lutando contra o gelado em sua pele, encolheu-se de lado no chão, as mãos abraçando as pernas encolhidas. Aquela posição lhe dava algum conforto após tanto tempo presa na cruz, e também aliviava um pouco aquela sensação claustrofóbica que sentia sempre que passava o efeito das drogas que a obrigavam a usar. Fechou os olhos com força, tentando retornar a lembrança de seu amado; sentiu lágrimas se formarem em seus olhos, e apertou-os com mais força, mas a lembrança não voltava, como um canal de televisão que não se consegue sintonizar.

Não sabia quanto tempo havia passado. Ela não conseguira retornar às memórias de seu noivo, tampouco dormir. Apenas ficara de olhos apertados, encolhida no chão gélido, meio em transe meio desperta. Se ela estivesse totalmente desperta, contudo, poderia ter escutado quando a pesada porta de ferro abriu-se e fechou em seguida, em algum ponto distante. Assim como teria notado os passos suaves, como que produzidos por pés nus, andando na direção dela. E teria visto a fraca luz azulada acender-se, assim como a voz doce de Jade chamando seu nome:

Crônicas de Rat's Bay - Jackie AeonOnde histórias criam vida. Descubra agora