Epílogo - GIRL ON FIRE

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Oh, she got both feet on the ground

And she's burning it down

Oh, she got her head in the clouds

And she's not backing down

(Girl on Fire, Alicia Keys)

— Não entendo porque vocês não podem me ajudar, Vika.

Jackie parecia - e tinha razão disso - zangada, irritada. Afinal, foi por causa de Jaweer Barbosa, que segundo informou seu capitão há muito tempo, era alguém de confiança, um informante da polícia de Rat's Bay. Mas o mesmo Jaweer, na primeira ocasião, vendeu-a como escrava e agora, depois de tudo passado, ela via-se no direito de querer vingar-se dele.

— Jackie, irmã. — A terceira em comando colocou a mão em seu ombro, com carinho. — Você é uma de nós, sempre será, sabe disso. Mas você me disse certa vez, para superar meu desejo de vingança com Axel, que eu seria mais feliz. — Abraçou com carinho Hereena. — E é por isso que digo o mesmo: deixe sua vingança para trás. Pelo que soube, ele já está bem encrencado. Além do quê, sabe que temos nossas regras, não podemos interferir.

— Vocês não podem ou não querem?

Hereena assistia tudo impassível. Ela acompanhara a transformação de Jackie de uma escrava para uma guerreira feroz. E, apesar de concordar com seu ponto de vista, e achar que ela estava em seu direito, não iria contra sua tutora.

— Jackie, irmã, pense bem...

— Que seja! Eu farei isso sozinha, se for o caso. — Desvencilhou-se da negra e se afastou em direção a decida. — Posso ao menos ter uma arma?

— Não tem jeito de te convencermos do contrário, não é?

— Você sabe a resposta, Vika. — Respondeu sem entusiasmo.

— Hereena, amor, leve-a para escolher algo.

As duas desceram as escadas de ferro e dobraram à esquerda, em um corredor que levava a uma grande sala, repleta de armas diversas. Um silêncio constrangedor se abateu sobre ambas, pois ambas sabiam que a policial estava certa. Jackie tentou puxar uma conversa trivial.

— "Amor", é?

A loira riu.

— Bem... É. — fez uma pausa, vencendo o ligeiro rubor que se formava em seu rosto. — Depois que você saiu, cerca de uns dez dias elas três conversaram sobre Axel, e Vika concordou em libertá-lo. E foi um alívio para ela, sabe? Tirar aquele peso da vingança de seus ombros. Aí ela conseguiu relaxar mais.

— Que legal. Parabéns.

Jackie havia encontrado uma espécie de porrete onde, na parte mais larga, havia se prendido uma manta de couro com rebites metálicos. Pegou-o, girou na mão algumas vezes, testou alguns movimentos, verificou o balanço da arma e o alinhamento; era uma arma nova, havia chegado pouco depois de sua saída.

— Nunca vi esta por aqui. — Sorriu, pegando também a bainha da arma e colocando-a no ombro. — Vai servir. Escuta... — Virou-se para a loira. — Você não pode mesmo vir? Ficaria mais segura com uma de vocês me apoiando.

— Adoraria, irmã. — Hereena a abraçou, um gesto recheado de carinho e saudade. — Mas sabe que não posso.

Jackie retribuiu o gesto, segurando-a pelos quadris.

Crônicas de Rat's Bay - Jackie AeonOnde histórias criam vida. Descubra agora