Parte 2 - Capítulo 1 - Sons dentro da Noite

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Face down on a broken street

There's a man in the corner

In a pool of misery

I'm in white van

As a red sea covers the ground

(Raised by Wolves, U2)

     Jackie ainda estava aturdida, seus sentidos não voltaram por completo. Ela sentia os braços presos, tudo escuro. Será que tinha voltado ao tanque? Não, algo estava diferente. Sentia a brisa noturna em algo que lhe cobria o rosto, e tinha algo mais... Sentia as pernas se moverem e o piso gelado sob os pés. Pouco lembrava o que acontecera. Estava fugindo, mãos dadas com Jade, tiros, explosões, e então... Tudo ficou negro. Elas chegaram à porta de saída? Lembrava-se vagamente de uma porta, e uma explosão a seus pés. Onde estaria Jade? Onde estava sua irmã? Fez força para abrir os olhos, doíam muito, fechou novamente. Diminuiu o ritmo e sentiu um puxão em seu pescoço, aparentemente, alguém havia amarrado uma guia em sua coleira. Chamou sua irmã.

     — Jade? Você está ai? — como resposta levou um puxão na guia em sua coleira e uma ordem de que ficasse quieta.

     Mais obediente que a irmã mais nova, Jade manteve-se quieta, sentindo o coração apertado, em pânico e em sofrimento por não a responder. — Sim... — sussurrou, usando todo o pouco de coragem que conseguira reunir.

     Os dois homens, um à frente das escravas, outro logo atrás, iam com apreensão. Sabiam que estavam em território hostil, e esperavam um ataque da gangue rival; tinham certeza que estavam sendo seguidos. Mais que isso. Tentavam não pensar, mas aquele era território "delas". Ninguém dentro do bando gostava de falar a respeito, pois, em geral, alguém havia desaparecido sempre que "elas" fossem mencionadas. E os dois, que começaram na gangue faziam menos de um mês, não estavam dispostos a terem o mesmo destino.

     — Vamos fazer uma pausa — ordenou o da frente em certo ponto, recebendo a confirmação do outro. Para as escravas, por um instante, pareceu um alivio por um breve momento, até que o da frente prosseguiu com um brilho maldoso no olhar — Vejamos o que temos aqui com essas duas.

     Devido à droga que foram obrigadas a usar, extremamente afrodisíacas, era um sofrimento não ter dado vazão ao desejo, e sentiam o corpo dolorido e ardido, e tanto os sexos quanto os mamilos e demais zonas erógenas ardiam como que pegando fogo. Apesar da pausa que seus captores fizeram ter sido um alivio, elas ainda não tinham parado para respirar desde que tudo começou, o ataque, os tiros, as explosões, suas condições ainda incomodavam muito, sendo visível o desconforto em seus rostos.

     — Ora, ora, - disse o "líder" — elas não parecem mesmo bem... — fez uma pausa e colocou a bota entre as pernas de Jade, movimentando-a suavemente para frente e para trás, a ponta roçando a pele nua. Devido à extrema sensibilidade que estava naquela região, mordeu os lábios tentando resistir o quanto pode, mas, por fim, soltou um gemido, acompanhando com os quadris os movimentos iniciados pelo captor, discretamente, a principio, e com mais fervor logo depois. — Veja essa daí, Jer.

     O outro, ao qual o 'líder' chamou de 'Jer', foi mais além, inclinou-se, colocando um joelho no chão e colocando a mão entre as pernas da policial. Ela segurou seu pulso com força, cravando as unhas na carne; a outra mão levou ao pescoço forte. — Hei! — exclamou tomado de surpresa pela força e pela reação. Mas, ainda assim, forçou a mão até entre suas pernas, sentindo a carne quente, ardendo de desejo. Quando finalmente conseguiu colocar o dedo no lugar, Jackie continuou segurando-o, mas dessa vez sem impedir seus movimentos. Algum tempo depois ela havia largado a mão do homem, estava com as mãos apoiadas para trás, as costas ligeiramente arqueada. Apesar do prazer intenso que estava recebendo, em seu intimo ela estava se odiando por deixar-se ficar naquela situação. Ela sabia que não tinha muito o que pudesse fazer, mas ainda assim aquela sensação se misturava com as ondas de prazer.

Crônicas de Rat's Bay - Jackie AeonOnde histórias criam vida. Descubra agora