Capítulo 13 - Algemas

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Jackie não sentia as pernas quando o segurança a levou para seu quarto e a colocou na cama. Não tinha ideia de que horas seriam, embora desconfiasse ser bem tarde, pois a sala comunal estava vazia. Sentia o coração descompassado, estava trêmula.

— Descanse, minha criança, — sussurrou-lhe com um beijo na testa, Karpax. — Você esteve ótima hoje.

— Eu... eu... eu não...

Não conseguia falar. Suas pernas ardiam, sentia que cada fibra de suas pernas estava desconectada umas das outras. Não se sentia ela mesma. Não dominava suas emoções, seu corpo. Queria chorar, mas lembrava-se do prazer intenso que sentira, o que lhe estampava um sorriso no rosto e o desejo de que continuasse. Suspirava quando essa lembrança se tornava vívida, para então ser suplantada pela dor em seus membros inferiores. Na manhã seguinte, acordou com Lara em seu quarto, a mão em seu ombro.

— Jackie?

Custou um pouco a responder, ainda se sentia zonza. A garota chamou-a uma vez mais.

— Hein?

— Jackie... Sou eu, Lara.

— Ah... Oi, Lara...

Espreguiçou-se esticando os braços. As pernas pareciam dois blocos de concreto. Viu que não conseguira sequer se cobrir, e tentou esconder o rasgo em suas calças, mas o movimento foi percebido pela outra.

— Nossa!

— Desculpe por ter visto isso... — Jogou um lençol sobre a cintura, cobrindo pouco mais que metade da coxa. — Foi a Madame ontem...

— Pelo visto a coisa foi forte ontem... — A garota sorria meio constrangida. Não sabia ao certo o que pensar a respeito. Sabia que Jackie não era sua escrava, mas, ainda assim, sentia uma ponta de ciúmes da dona da casa. — Quer falar a respeito?

— Bem... — Conseguiu, com muito esforço, virar-se na cama. — Não há muito que dizer, na verdade. Ela me prendeu em um equipamento que forçava minhas pernas abertas... Nossa, elas parecem que vão cair.

A policial resolveu omitir a parte do sexo oral para a garota.

— Olha... eu queria falar uma coisa...

— Diga.

— É... Bem... — Lembrou-se da bandeja de frutas que levara. — Vamos comer primeiro...

Seguindo a orientação da dona da casa, pegou um morango, segurando-o com dois dedos pelas pequenas folhas e deu uma mordida na parte menor. Segurou-o na direção da policial, que olhou com estranheza.

— Tá, e o que eu faço com isso?

— Ué. Você não está com fome? — Arriscou um sorriso malicioso. — Aí está.

A policial riu, sendo acompanhada pela garota.

— Está bem. Vou entrar no seu jogo...

Respondeu divertindo-se. Abriu a boca e, roçando os lábios nos dedos que a seguravam, mordeu o mais rente da garota possível.

— Nossa... — Exclamou mastigando. — Onde ela consegue essas frutas? Nunca comi um morango tão doce. — A garota concordou, servindo-se ela própria de frutas. — Então, o que quer me falar?

— Sabe que eu conversei com a Conselheira, outro dia, né?

— É verdade! — Apontou para a tigela com as frutas vermelhas, sendo atendida da mesma forma que o anterior. — E aí, como foi?

Crônicas de Rat's Bay - Jackie AeonOnde histórias criam vida. Descubra agora