Canário

145 34 5
                                        

Canário

E lá vem de novo o mar:
Sujo, triste, ordinário
Com sua oração que não quer calar
"Pobre canário, pobre canário..."

Que no ensolarado da madrugada
Veio o marinheiro pelo píer andar
No braço, a gaiola dependurada
E o canário a dormitar

Era seu aniversário:
Dentro da gaiola presenteada
Estava, irreal tão perto da praia
o canário

Mas que presente-disparate!
Nas tábuas do píer, desgastadas
Repousava a gaiola e o canário
Malfadado presente de aniversário

As águas ordinárias lavam
Os pés do cansado marinheiro
E os ventos da maresia cavam
Rugas na face do marinheiro

E o canário?
Num impulso ébrio,
Amargurado
Cai com gaiola e tudo
No mar ordinário.

***

Sabe o que eu gostaria de fazer? Convidar você a participar do nosso desafio, lá no ProjetoAleatorio ❤️

Ana InconsequenteOnde histórias criam vida. Descubra agora