Rapariga

87 21 0
                                    

E ela passava o domingo sentada naquele banquinho alto do bar do calçadão de Caxambu. Sob o sol dourado e preguiçoso que só nos permitimos sentir no fim de semana reluzia sua pele mulata contra os tecidos multicoloridos de suas saias e a estampa alegre da blusinha. E os brincos, faceiros, brincavam com a abundância de seus cachos bem feitos conforme sua dona os fazia balouçar de um lado para o outro, observando o movimento da cidade enquanto secava um coco atrás do outro através do canudinho que valsava entre seus lábios. Os olhos eram um caso à parte. Meio ocultos pelos cachos, meio ofuscados pela enorme flor que carregava atrás da orelha, toda cor de rosa e havaiana em pleno interior mineiro, seus olhos eram de espera. Espera paciente cor de mogno, pachorrentos e esperançosos, sempre à espreita desinteressada de quem vira a esquina e paga o próximo coco em troca de um sorriso de alívio sincero.

(Eu sou puramente descritiva, me perdoem)

Ana InconsequenteOnde histórias criam vida. Descubra agora