E ela passava o domingo sentada naquele banquinho alto do bar do calçadão de Caxambu. Sob o sol dourado e preguiçoso que só nos permitimos sentir no fim de semana reluzia sua pele mulata contra os tecidos multicoloridos de suas saias e a estampa alegre da blusinha. E os brincos, faceiros, brincavam com a abundância de seus cachos bem feitos conforme sua dona os fazia balouçar de um lado para o outro, observando o movimento da cidade enquanto secava um coco atrás do outro através do canudinho que valsava entre seus lábios. Os olhos eram um caso à parte. Meio ocultos pelos cachos, meio ofuscados pela enorme flor que carregava atrás da orelha, toda cor de rosa e havaiana em pleno interior mineiro, seus olhos eram de espera. Espera paciente cor de mogno, pachorrentos e esperançosos, sempre à espreita desinteressada de quem vira a esquina e paga o próximo coco em troca de um sorriso de alívio sincero.
(Eu sou puramente descritiva, me perdoem)

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Ana Inconsequente
RastgeleUm conto, uma crônica curtinha ou um poema feito com palavras inconsequentes, muito amor e atualizações constantes. As fotos do início dos capítulos são de minha autoria ❤️ (Não deixe de conferir Ana Aleatória, que concorre ao #TheWattys2016) Feed...