O AMIGO DO MEU IRMÃO

cap. 43

- fiquei sentado esperando ele trazer a sobremesa. Eu não estava acreditando que aquele garoto tinha alugado um barco só pra um encontro.

Ele: tá aqui a sobremesa.

- disse ele tirando uma tampa de ferro de cima da bandeja.

Eu: nossa, deve estar muito bom.

Ele: fui eu que fiz.

Eu: cê sabe fazer bomba de chocolate?

Ele: bom, passei 2 anos e meio em Paris.

Ele: tinha que aprender algo né.

Eu: 2 anos? Mais porque cê veio de volta prô Brasil?

Eu: e principalmente pra cá.

Ele: calma ae. Deixa eu pelo menos servir logo a bomba.

- ele pegou uma faca daquelas bem carona e cortou a bomba. Me serviu e sentou no canto dele.

Ele: bom, meu pai estava com um câncer.

Eu: câncer?

Ele: sim

Ele: então ele disse que queria morrer perto da família dele.

Eu: nossa.

Eu: meus pêsames.

Ele: mais porque?

Eu: seu pai num morreu?

Ele: não besta ksksks.

- fiquei sem entender nada.

Ele: deixa eu explicar.

Ele: meu pai, pensou que a doença estava se agravando, só que quando chegamos no brasil, ele foi internado em um hospital em são Paulo.

Eu: e ele já está melhor?

Ele: sim, já sim.

Eu: faz quanto tempo que ele foi internado?

Ele: bom, já faz 5 anos.

Eu: 5 anos?

- disse eu quase cuspindo a metade da bombas de chocolate na cara do Bruno. E Bruno caiu na gargalhada.

Eu: oque foi?

Ele: a sua reação.

Eu: eu pensei que fazia pouco tempo.

Ele: não não. Ele já está melhor.

Eu: ainda bem.

Ele: inclusive ele vai voltar pra Paris para resolver uma questão de negócios.

Eu: nossa.

Ele: que foi?

Eu: nada não.

- terminei de comer a bomba e fiquei olhando para aquela paisagem.

Ele: linda não é?

Eu: harran.

Ele: eu me lembro quando meu avô me trazia aqui.

Ele: era onde ele se acalmava. Onde ele tirava ideias fantásticas para a empresa.

Ele: ele dizia que aqui era o berço da paz.

- eu olhei para o Bruno e vi uma lágrima descer no rosto dele.

Eu: não precisa ficar assim não Bruno.

Ele: eu não estou chorando por que estou triste.

Eu: então porque é?

Ele: porque eu ainda tive tempo de Ver meu avô e perceber que ele era a pessoa mais importante no mundo para mim.