Capítulo IV - IOLANDA

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Já tinha um mês e pouco que a Malu tinha se juntado ao nosso grupo e eu ainda estava esperando o momento em que o Zeca voltasse ao normal. Eu já tinha desistido de tentar conversar com ele. Tentei dar um tempo e mesmo assim, ele continuava esquivo.

Eu não podia culpá-la pelas atitudes do Zeca, mas isso era quase impossível. Vez ou outra me pegava pensando no quanto eu queria que ela não tivesse vindo pra cá. Ela é legal e é uma de nós, por isso sei que meus pensamentos eram egoístas e mesquinhos.

Quando descobrimos que ela conseguia ouvir o que pensávamos, fiz questão de me manter o mais afastada dela possível. Ao contrário da maioria do grupo, eu não estava evitando que ela ouvisse alguma coisa constrangedora. Eu temia que ela ouvisse o que eu pensava a respeito dela, mesmo sem querer.

Uma noite dessas eu tinha perdido o sono. Como já fazia um tempo considerável que a Malu estava com a gente e não tivemos nenhum ataque, nem nada do tipo, dispensamos o serviço de sentinela. Não foi nada oficial, mas aos poucos paramos de fazer. Então resolvi sentar na cadeira do sentinela e ficar ali pensando.

Eu estava um pouco distraída e não notei que o Zeca tinha levantado. Quando me dei conta, ele já estava do meu lado.

– O que aconteceu? – perguntou ele.

– Só perdi o sono – respondi, vaga.

Eu sabia que ele ia acabar puxando esse assunto, mas eu não estava disposta a conversar sobre isso. Não de novo.

– A gente precisa conversar, Iolanda.

– Não agora, por favor - pedi, cansada.

– E até quando você pretende manter esse clima estranho entre a gente? – tornou.

– Foi você quem ficou estranho e não quis me explicar o motivo - respondi, zangada. – Não venha colocar a culpa em mim.

Voltei pra cama, mesmo que não tenha pregado o olho o resto da noite.

Demorou para que eu finalmente assumisse pra mim mesma que eu estava morrendo de ciúmes. Não foi nada fácil admitir que o meu namorado estava mais aí pra menina nova do que pra mim. E mesmo sabendo que a culpa era totalmente dele, eu não conseguia evitar os piores sentimentos com relação a Malu.

Eu me sentia culpada, sim. Eu só não conseguia evitar.

O pior é que com isso, a única prejudicada fui eu, que via meu namorado cada vez mais próximo dela e cada vez mais longe de mim.

A Segunda Geração - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora