Capítulo XXXII - TONHO

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Não havia um plano a ser cumprido, por isso segui em frente, como se de uma hora pra outra uma ideia fosse surgir na minha cabeça. Infelizmente cheguei na saída do duto de ventilação e eu ainda não tinha pensado em nada. Parei por um instante ali e ouvi vozes numa conversa acalorada, como se estivessem numa discussão bastante interessante.

- Se conseguirmos achar essa terceira criança, vamos poder finalizar nossas pesquisar – dizia o médico, eufórico – E com isso teremos o avanço mais significativo da medicina em toda a história da humanidade. A segunda geração vai ser o marco de uma nova era.

- E por acaso o senhor tem alguma pista sobre essa terceira criança? – perguntou um cara, pela voz parecia aquele que me arremessou contra a parede, há alguns minutos.

- Nenhuma pista concreta – disse o médico, bem menos entusiasmado agora – Só especulações. É aí que vocês entram! Com a sua capacidade de telepatia, não será difícil encontrá-la.

- Que capacidade? – indagou a Malu – Eu ainda estou aprendendo a usar isso. Eu não sou nenhuma perita nesse assunto.

- Nós podemos melhorar isso! – exclamou o médico – Temos aqui no hospital todo o subsídio para que sua telepatia possa chegar a níveis inigualáveis. Você já fez isso antes, durante os experimentos.

- Fiz? – tornou ela.

- Agora que já sabemos o quanto ela é especial, onde eu entro nesse negócio? – perguntou o rapaz, com voz de desdém.

- Você é peça fundamental para o nosso plano dar certo – disse o médico – Você entra no momento em que encontrarmos ela.

- Entendi – disse ele, rindo desdenhosamente – Caso ela queira fugir...

- Vocês querem trazê-la a força? – indagou a Malu

- Quando ela souber de toda a história, ela não vai mais querer fugir – tornou ele – Assim como vocês...

O silêncio dela foi o suficiente para que eu entendesse o que realmente estava acontecendo. Ela estava do lado deles agora.

A Dani permanecia ao meu lado, me encarando como se estivesse pensando o mesmo que eu: "O que estava acontecendo com a Malu"?

Eu não a conhecia há muito tempo, mas eu não imaginei que ela pudesse sequer ouvir o que esse monstro falava. Imaginem só, acreditar na ladainha dele. Segunda geração, terceira criança, evolução... Eu não conseguia acreditar em nada do que esse crápula falava, mas pelo visto ainda tinha quem acreditasse nele.

Minha intenção era resgatá-la daqui, mas pelo visto, ela não estava tão afim assim de ser resgatada. Com um leve movimento de cabeça, indiquei para a Dani que era hora de sair dali e voltar para resgatar quem queria voltar pra casa.


A Segunda Geração - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora