A Segunda Geração - Livro 1

Capítulo XXXVI - ZECA

Quase não acreditei quando vi o rosto da Malu do outro lado da janelinha da porta.

- É ela! - exclamou o Tavinho, assim que a viu – Eu sabia que o Tonho estava enganado.

- Enganado a respeito do quê? - indagou ela, abrindo a porta.

- Ele veio com uma lorota sobre você querer ficar nesse lugar porque descobriu que é de uma tal segunda geração... – continuou ele.

Todos estávamos na expectativa de que ela fosse negar veementemente, e que ela fosse ficar zangada de saber que tínhamos pensado que ela fosse capaz de fazer isso. Eu estava, pelo menos. Foi por isso, que seu silêncio chocou tanto.

- É verdade, não é? – indagou o Tonho.

- Não é o que vocês estão pensando – defendeu-se – Eu só estou querendo ajudar...

- Ajudar quem? - tornou o Tonho, revoltado – Só se for você mesma!

- Você traiu a gente... - resmungou o Tavinho, claramente decepcionado

- Eu não traí ninguém! - exclamou ela – Eu só tomei uma decisão inesperada. Só isso!

- Uma decisão que vai ferrar todo mundo! - tornou o Tonho, possesso – Por sua causa, nós estamos presos aqui.

- Foi por isso que eu vim aqui – explicou ela – Eu desativei a segurança desse lugar. Vocês podem voltar pra casa.

Todos nós a encaramos por muito tempo, não sabendo ao certo se devíamos ou não acreditar nela. Todos estavam zangados com ela. Mas eu não. Eu estava decepcionado e me sentindo o maior imbecil de todos os tempos. Eu tinha depositado nela toda a minha confiança. Ela era a única família que eu tinha, e ela nos apunhalara pelas costas.

Eu permaneci em silêncio porque eu não tinha palavras para descrever o que eu estava sentindo. Eu estava destruído.

- Vocês podem sair por onde viemos – continuou – Não vou lhes dizer como fazer isso porque vocês são melhores do que eu nisso tudo. Espero que um dia vocês me perdoem.

- Não conte com isso – disse o Tonho.

Saímos dali – não sem antes resgatar a irmã da Dani – com quase tanta facilidade quanto quando entramos.