Chegar em casa foi ao mesmo tempo incômodo e reconfortante. Era bom poder rever nossos amigos e mais do que isso, era maravilhoso poder trazer o Tavinho em segurança. Mesmo assim, eu ainda me sentia um verdadeiro idiota. E era assim que todos os outros iam me achar quando soubessem do que tinha acontecido.
Pelo menos meu ombro não doía mais. Graças à Mag – que conseguia curar qualquer enfermidade, graças a sua mutação genética – meu ombro estava em perfeitas condições novamente.
Deixei para o Tonho a tarefa de contar tudo o que aconteceu, que ele cumpriu com méritos. Ele estava possesso e não mediu insultos a Malu. Não sei se eu teria coragem de falar dela daquele jeito. Por mais que eu tentasse me convencer de que ela não era uma pessoa boa, de que ela ter ficado com aquela gente mostrava o verdadeiro caráter dela, e que se eu pudesse, jamais teria voltado naquele lugar para salvá-la, não era assim que eu me sentia.
Eu gostava muito dela. Passei anos da minha vida me sentindo culpado por não ter cuidado dela da maneira que eu pensei que ela merecia. Eu me sentia triste e feito de bobo ao mesmo tempo.
Passei o restante daquele dia sozinho. Eu não queria conversar com ninguém, e todos souberam respeitar a minha escolha. Pensei em tantas coisas e repassei tudo o que acontecera, tentando encontrar o que eu tinha feito de errado, mas eu não encontrava nada. Eu tinha feito tudo certo. Eu tinha cometido erros com todos os outros, na tentativa de acertar com ela.
Depois de horas, notei que aquele tinha sido meu erro. E era hora de revertê-lo. Primeiro, tratei de arquivar em algum lugar da minha cabeça tudo o que eu sentia pela Malu. Depois, tratei de corrigir o meu erro mais gritante.

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A Segunda Geração - Livro 1
Fiksi IlmiahApós vários dias em coma, Malu acorda em uma cama de hospital, sem lembrar nada sobre seu passado. Sua única companhia - além de colegas de quarto estranhas e enfermeiras rabugentas - é um médico bastante empenhado em ajudá-la a recuperar a memória...