Capítulo XIII - TONHO

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Acordamos muito cedo naquele dia. Eu mal tinha dormido, na verdade. E acho que os outros também não. Tínhamos nos programado para fazer uma última reunião antes de colocar o plano em ação, a fim de acertarmos os últimos detalhes. Já estava tudo certo sobre quem iria participar e quem ficaria dando apoio pra Iolanda – já que estava óbvio que ela não estava em condições emocionais de participar de nada.

Combinamos então que quem ficaria com a Iolanda seriam o Tião – que se candidatou – o Joca e a Helô – que ficou furiosa em não poder ajudar - enquanto eu, o Zeca, a Malu e a Sara iríamos até o hospital.

Apesar de estarmos todos juntos na "sala" ninguém dava um pio sequer. Estávamos tão apreensivos sobre o que aconteceria em breve, que não havia qualquer descontração no ambiente. Estávamos todos morrendo de medo.

Quando tudo já estava certo, ouvimos a Sara urrando do jardim. Saímos correndo até lá e a encontramos vomitando.

- Você está bem? - perguntei

- Não – respondeu ela, tossindo.

- O que aconteceu? - insistiu o Zeca

- Eu não sei – respondeu ela, parando para vomitar mais uma vez – Eu acordei assim. Eu acho que eu não vou conseguir ir lá.

Então ela começou a chorar e soluçar – e vez ou outra vomitar também – e foi um Deus nos acuda.

- Desculpa, pessoal – ela dizia entre lágrimas – Eu estraguei tudo.

Ficamos um pouco chocados, pois não era usual vermos a Sara chorando. Honestamente, acho que ela era a menina mais casca grossa que eu já conheci, o que expôs a real situação dela.

- Não esquenta Sara – consolou-lhe o Zeca – A gente pensa em alguma coisa.

- É verdade! - exclamou o Tião – Alguém pode ir no seu lugar.

- Eu posso ir no seu lugar – sugeriu a Helô

- Não – respondi – Você não pode.

A Helô era a minha irmã mais nova e de inteira responsabilidade minha. Eu jamais deixaria ela se arriscar a esse ponto.

- Qual é, Tonho! - exclamou ela, frustrada – Eu não sou mais criança! Eu sei me virar.

- Não sabe, não! - tornei

Aquilo tinha se tornado uma discussão de família. Todos que estavam ali, começaram a ficar sem graça e olharem uns para os outros, demonstrando que estavam pouco a vontade. Todos esqueceram da Sara que foi o motivo de estarmos ali. Mas eu não podia simplesmente deixar a Helô pensar que poderia fazer o que quisesse. Não era assim que a banda tocava.

- Eu já tenho quinze anos! - exclamou ela, muito brava – Pode não parecer, mas eu tenho uma vida, Tonho!

- E eu tenho dezoito! E enquanto você estiver comigo, você obedece as minhas ordens!

- Eu sou capaz! E eu quero ir!

- MAS VOCÊ NÃO VAI! - gritei com raiva.

Ela me fuzilou com o olhar e correu pra dentro, e eu me senti o cara mais idiota do planeta.

A Segunda Geração - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora