UNCONDITIONALLY

37. Fagulha

Oi meus amores, tudo bem com vocês?

Muito obrigada pelos 170K, vocês são maravilhosos e eu nunca vou me cansar de dizer que amo vocês.

Boa leitura. 

•••

A grande janela panorâmica ilumina a pouca mobília, o dia amanhecera frio e cinzento. A sala de paredes brancas do meu escritório parece me sufocar a cada minuto que passa, os inúmeros papeis sobre a mesa de vidro negra estão espalhados, tão desorganizados quando minha mente.

Minha cabeça lateja com uma insistente enxaqueca que se apoderou de mim, há quase duas semanas atrás. Meu corpo está dolorido e meus cabelos desgrenhados; tenho plena consciência de que há grandes manchas escuras abaixo de meus olhos, causado pelas longas noites sem dormir.

Desde a fatídica briga, Louis me evita dentro de nossa própria casa, voltou para seu antigo quarto e sempre quando eu chego, ele não está mais na cozinha como costumava, apenas para tomar chá e conversar coisas banais com a governanta. A grande casa pareceu perder a vida, tornou-se silenciosa e até mesmo Jake pareceu entristecer.

O quarto principal agora era apenas meu novamente, a mobília já sem cor pareceu sumir nos cantos do cômodo. A cama se tornou grande demais apenas para um corpo ocupa-la e isso é um fato que me fere profundamente, já que a pessoa que deveria estar ao meu lado no colchão, está em outro quarto. Tão perto e ao mesmo tempo tão longe.

Minha família está brava com a situação: Desmond quase faltou me bater por tudo ter vazado na mídia e claramente ter manchado o nome da nossa família, mas sei que no fundo ele está magoado e decepcionado, principalmente. Assim como Louis e todos, ele acreditou que tudo finalmente havia tomado seu devido caminho.

Respirei fundo consternado, jogando-me de qualquer forma no estofado negro da minha cadeira a frente da mesa. Encaro sem qualquer ânimo os papéis com relatórios e mais relatórios para eu checar. O trabalho se tornou um refugio para mim, uma válvula para esquecer o presente e a angustia constante.

Apoiei meus cotovelos sobre o vidro, afundando minha cabeça entre as mãos, enfiando meus dedos nos fios desgrenhados dos meus cabelos e o puxando, atormentado pela dor de cabeça.

- Sr. Stylinson? – Há uma batida suave na porta e murmurei um 'entre' baixo, autorizando a entrada. A secretária adentra o cômodo com passos vagarosos, o som de seu salto parece alfinetar meu cérebro. – Trouxe-lhe um analgésico, o senhor parece nada bem e percebi que está massageando as têmporas direto esses dias. Tem um copo de suco e um de água para acompanhar, se o senhor quiser.

Eleanor apoia a bandeja de prata sobre a mesa com extremo cuidado, há uma cartela do remédio citado e os dois copos. Eu levanto o olhar para encarar seus olhos castanhos, sorrindo curtamente.

- Estou tão mal assim? – Minha frase sai baixa acompanhada de um sorriso, mesmo que sem um pingo de humor.

- Está tenso senhor. – Ela diz torcendo os dedos na frente do corpo. Eu agarro o copo de suco após tirar um dos comprimidos da cartela. – Mr. Grimshaw ligou para marcar um almoço com o senhor hoje, tomei liberdade de desafogar sua agenda e confirmar.

- Bom, - Eu digo após engolir o comprimido junto com o líquido. – Me fará bem ver meu amigo.

- A refeição está marcada para daqui uma hora no restaurante asiático Buddakan, nesse horário o senhor deveria estar em uma reunião com o Mr. Collins, então mais uma vez tomei a liberdade de adiantá-la para daqui a quinze minutos. – Ela informa olhando as horas no seu pequeno relógio de pulso prata. – Assim, quando o senhor acabar, poderá ir almoçar tranquilamente, voltando dentro de duas horas apenas para assinar alguns relatórios antes de poder ir embora.