Saudade

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Quando acordei, eu estava no hospital, tomando soro. Eu procurava o Renan, mas, não o achava. Quando veio a enfermeira…

-Graças à Deus que você acordou - disse ela aliviada. - pelo acidente me surpreende que você tenha acordado - completou.

-Você sabe alguma coisa sobre o menino que estava comigo? - fui direto ao ponto.

-Calma, está tudo bem.

-Mas onde ele está?

-O que importa é que ele está bem…

-Mas cadê ele?!?!

-Olha… fica tranqüilo… tá. Ele está bem. Não há nada com o que se preocupar.

 Fiquei quieto, e me “tranquilizei”. Eu sabia que ele não estava bem, e eu me sentia culpado por causa disso.

*******

Mais Tarde

*******

 Eu recebi alta no final da tarde, então fui pra casa… amanhã eu ia no hospital pra ver como o Renan estava. Se ele estivesse bem mesmo, ele teria saído comigo.

 Cheguei em casa, eu não conseguia pensar em nada, só no Renan… e a minha vida sem ele…

 Eu dormi bem pouco… acordei cedo e fui pro hospital.

 Chegando na recepção…

-Eu queria ver um paciente.

-Qual é o nome dele? - perguntou a recepcionista.

-Renan Romualdo…

-Hmm… - ela analisa o sistema…

 Neste momento chega Eduardo. Eu estava disposto a esmurrar a cara desse moleque.

-O que você tá fazendo aqui, em? Já não causou estrago o suficiente com o emocional do Renan? - disse indo em direção a ele com muita raiva.

-Olha… eu não tô aqui pra brigar… eu só quero ver como ele está.

-Não você não vai ver, sai daqui! - disse empurrando ele

-Ei! Vamos acalmar os nervos aqui - disse a mãe do Renan, separando nós dois  - vamos ficar calmos, porque, quanto mais nervoso a gente fica, mais lento será o processo de recuperação do Renan.

 Ficamos à manhã inteira esperando a hora da visita, até que veio o médico…

-E aí doutor… - pergunta o Eduardo ao médico.

-A situação dele não é nada boa… com a batida, ele teve um traumatismo craniano, quebrou a perna e algumas complicações… se ele voltar… ele não vai se lembrar de quase ninguém…

Essas palavras eram como chicotadas no meu coração… eu me sentia horrível. Eu preferia que eu tivesse ficado desse jeito a ele.

-Vocês por podem entrar no quarto, se quiserem.

-Eu vou… - disse o Eduardo.

-Só se passar por cima de mim. - disse entrando em sua frente.

-Vocês dois, parem de brigar!! A situação não tá boa pra isso - disse a mãe do Renan - Du, você quer entrar? Eu entro com você.

-Não precisa tia, eu prefiro entrar sozinho…

 Eu estava pronto pra socar a cara dele, mas a mãe do Renan me segurou. E lá foi ele. Entrar no quarto do meu namorado…

*******

Narrativa do Eduardo

 Eu queria ver o Renan, não importa como ele estivesse, eu precisava vê-lo. O médico me conduziu até o quarto dele…

 Chegando lá, o clima era inevitável, pesado…

 A situação do Renan era horrível… ele estava cheio de fios e tubos , era quase impossível de olhar e não vier as lágrimas.

 Chegando mais perto, com muita dificuldade, porque, eu não queria vê-lo daquele jeito. No meio do caminho, minhas pernas me traíram, caí de joelhos e começei a chorar. Imaginei que esse poderia ser a última vez que eu o veria, que nunca mais o beijaria, que nunca mais ouviria a sua voz, seu riso, nunca mais veria seu sorriso, seu olhar especial…

 Com dificuldade, me recompus… cheguei perto dele… vi seu rosto… não havia o mesmo brilho de sempre.

 Todas os momentos que eu tive com ele me veio a cabeça e começei a chorar de novo. Segurei sua mão…

-Por que? Por que com você?… - disse entre prantos - você não sabe o quanto eu precisava de você agora… eu contei pra minha mãe que sou gay… ela enlouqueceu dizendo que ia me botar pra fora de casa… antes que ela dissesse mais coisas eu vim pra cá, pra te ver… você me dá forças… forças pra continuar, pra suportar a pressão que o mundo impõe… forças para continuar a viver. Desde o dia que eu te beijei pela primeira vez, você se tornou o meu ar, meu tudo… você não sabe a falta que me faz seu beijo, seu abraço. Eu preferia estar no seu lugar do que te ver assim.

-Senhor, acabou seu tempo… - disse a enfermeira.

-Ok… - disse saindo, mas antes, deixei um beijo na bochecha dele. Quando olho para a janela… o Lucas… me olhando estático.

Apenas Amigos (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora