Eu fiquei me olhando na frente do espelho, analisando meus olhos enquanto tentava acalmar minha respiração, que parecia perturbada pela presença daquele garoto. A forma como ele sorria, tinha mexido com alguma coisa dentro de mim, e eu não conseguia ignorar aquilo.
Ajeitei os cabelos, em uma tentativa ridícula de parecer normal, e continuei a me olhar no espelho. Não conseguia parar de me perguntar, quem era aquele que desestruturava os meus sentidos.
-Louise quem é o Dj? O cara fez uma seleção ótima.- eu tentava disfarçar o quanto estava curiosa, agia de forma descontraída, passando o dedo no canto da boca, tirando o excesso de batom que nem existia. Tudo para não acabar me entregando com os olhos.
-Sei lá de onde seu irmão tirou ele.- ela saia lentamente do reservado, se dirigindo para o espelho também.- A única coisa que eu sei dele, é que seu nome é V.
Imediatamente uma ruga surgiu entre as minhas sobrancelhas.
-V?- olhei para ela. Ao pronunciar seu nome, pude vislumbrar uma imagem escondida na minha cabeça. Uma noite qualquer, em que estava rabiscando um papel enquanto ouvia musica. Um momento totalmente descontraído, que eu tinha tirado só para mim naquelas férias. Eu estava deitada na cama, de bruços, e com os pés balançado no ar. Ouvia uma musica qualquer do meu IPOD, quando parei para olhar para a folha do caderno, em que eu rabiscava bilhetes, e encontrei diversas versões da letra V desenhadas. Eu não tinha parado para ver, nem tinha percebido, que escrevia a letra, mas ela estava lá.
Naquele segundo me perguntei, se bem lá no fundo, eu já não conhecia aquele garoto de nome estranho.-Eu sei. Quem coloca um nome desses no filho?- disse ela sorrindo, ao mesmo tempo em que revirava os olhos e me puxava pelo braço.- Vem, vamos voltar. A troca de presentes, já vai começar.
Saímos do banheiro, Louise estava animada de mais para ficar um minuto a mais ali dentro, e voltamos para a festa que estava acontecendo na pista de dança. A garota me arrastava pelo salão, sem me dar a chance de olhar mais atentamente para a mesa do Dj. Eu podia sentir que o garoto estava lá, mas não conseguia vê-lo de fato. Eu me sentia tentada em procurar por pistas, que me falasse mais sobre aquele desconhecido, mas então uma musica começou a tocar, e perdi completamente a determinação de fazer uma busca. Estava difícil manter o foco aquela noite.
Comecei a rir sozinha, quando o passado voltou tão nitidamente com aquela canção. Eu e Suan tínhamos um vicio, na nossa infância, chamado Hansos. A gente ficava cantando as musicas deles, dançando de um jeito que achávamos ser sensual, mas que mais parecia ridículo do que qualquer outra coisa. Se eu procurasse, podia apostar que aquela musica ainda fazia parte do playlist de Suan.
Eu não tinha a minha melhor amiga para me olhar, daquele jeito que só amigas olham, e rir junto comigo do passado vergonhoso que compartilhamos, mas mesmo assim não conseguia parar de rir, porque eu podia apostar, que naquele exato momento, ela estava rindo junto comigo, apesar de não poder vê-la.
-Madson, isso é Mmmbop?- dizia Bruce rindo.
Bruce e Madson começaram a rir, e a olhar para mim, com certeza, tinham lembrado da mesma coisa que eu.
-Não sei, mas a Sarah deve saber.- rebateu Madson, com o mesmo sorriso debochado nos lábios.
-Não sei do que estão falando.- disse aos dois.
Algo me dizia para ficar atenta, mas já tinha bebido tanto que não conseguia me ligar em mais nada. Conseguia controlar meus pensamentos, mas nada além daquilo. E a leveza que estava sentindo, estava além do que eu conseguia definir.
Dançamos até nossos corpos cansarem, soarem e nos obrigar a parar, e depois fomos todos sentar, em uma mesa destinada as meus amigos mais próximos. Riamos por qualquer coisa, como se aquela noite devesse ser vivida intensamente.
Josh teve, a brilhante ideia, de morder o balão de ar, e sugar o gás hélio, para ficar com a voz fina, estilo aqueles esquilos do filme de animação. Eu não sabia quem estava rindo mais alto, só sabia que não queria que aquilo acabasse.
A noite estava perfeita.
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2- A Telepata_ Irreversível
ParanormalQuem disse que podemos mudar o destino? Como sempre ele dá um jeito de acontecer exatamente como tem que ser. Nesse segundo volume da série A Telepata_ , Sarah tenta seguir sua vida, deixando de lado tudo que enfrentou no ano anterior, mas o...