Três longas semanas se passaram, e eu me sentia péssima, apesar de ter todas as feridas curadas.
Depois do dia no estacionamento do cinema, nunca mais consegui andar sozinha, sempre tinha alguém ao meu lado, com uma desculpa diferente. Até vovó parecia fazer parte da equipe, ela nem dormia direito, por causa da violência em que nossa cidade se encontrava. Mal sabia ela.
Ninguém me falou sobre os espíritos, e nem o que eles eram na verdade. Eu até tentei criar teorias na minha cabeça, mas nada bom o suficiente.
E mesmo que todo mundo me cercasse, continuava vendo as sombras, ainda que com menor intensidade. Elas sempre apareciam do nada, assim como também sumiam. Eu ainda podia ouvir as vozes durante a noite, e mesmo que nunca mais tenha sido tocada continuava me sentia cansada.O cansaço era constante, às vezes eu mal conseguia manter meus olhos abertos, assim como eram raras às vezes em que prestava atenção no que as pessoas diziam ao meu redor. Eu daria qualquer coisa por dias de sonhos bons.
Trabalhar naqueles dias foi à única coisa que me manteve em pé, mas quanto mais eu esperava o sino da porta tocar, mais eu me sentia frustrada. Três semanas tinham se passado, e eu não tinha tido nenhuma noticia sequer de Valentin, ele tinha simplesmente sumido.
Eu me sentia péssima sempre que lembrava da ultima vez em que o vi, jogada naquele estacionamento, mas a verdade é que de alguma maneira ele tinha me salvo. E nem poderia agradecer por aquilo.Eu não podia culpá-lo por desaparecer, deveria mesmo tê-lo assustado, mas ainda sim não conseguia parar de desejar que ele aparecesse. O que acabou não acontecendo.
Louise foi a única que percebeu minha mudança, mas sempre que ela me perguntava se estava tudo bem, eu apenas confirmava. Por diversas vezes ela me pegou na expectativa de ver ele entrar pela porta, com sua jaqueta e seu sorriso confiante. Eu não poderia mentir para ela, minha decepção, nem se me esforçasse muito.
Depois daquela noite, eu também não tinha beijado Josh outra vez, mesmo que ele tenha se enchido de falsas esperanças. Eu ainda me sentia mal pelo que tinha feito, mas andava tão desanimada que nem pensar sobre o assunto me interessou.
Josh sabia que se quisesse ter outra chance teria que ser paciente, e inacreditavelmente ele estava disposto aquilo. Já eu, nem tanto, meus pensamentos estavam bem longe quando o assunto era aquele.Acordei com a luz do dia em meus olhos, me obrigando, de forma sutil, a acordar para a vida. Podia sentir cada parte do meu corpo adormecida e relaxada, o que não acontecia em semanas.
Minhas forças estavam renovadas, quase como um carregar de pilhas.Sentada na cama, ainda desnorteada pelo sono, encarei o relógio na cabeceira da cama, e demorei para perceber que estava atrasada. Eu não queria começar o ano letivo com atrasos.
Pulei da cama, colocando as calças jeans e uma blusa justa de decote vê que eu tanto gostava.Tentei ser o mais rápida que pude, mas se já me atrapalhava com tempo de sobra, imagina sem ele.
-Sarah?- gritou Bruce pela terceira vez.
-Eu já estou indo.- eu disse pela segunda.
Antes de sair me olhei no espelho, e fiquei impressionada com o fato do meu cabelo ter acordado de tão bom humor. Estava começando aquele dia com o pé direito.
Peguei meu casaco e desci as pressas, parando apenas para receber um beijo de despedida e um pacote pardo com o meu lanche de vovó.-Se cuide meu bem.- ela sorriu quando eu passei, as pressas, pela porta.
Encontrei meu irmão, Louise e Madson escorados no carro de Bruce. Eles riam e conversavam sobre algo que eu não estava incluída, pareciam não notar meu atraso, mesmo que eu soubesse que sim.
-Primeiro dia então?- perguntou Bruce, quando todo mundo entrou dentro do carro rumo a escola.
-Lá vamos nós.- gritou Madson animado, me pegando completamente desprevenida. Não estava acostumada a ver o velho Madson entre nós, geralmente seus problemas não permitiam que ele sorrisse com mais frequência, o que só provava que estar fisicamente com a namorada tinha o ajudado muito.
Da mesma forma que a mãe de Josh tinha tornado ele um pouco mais leve e paciente.
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2- A Telepata_ Irreversível
ParanormalQuem disse que podemos mudar o destino? Como sempre ele dá um jeito de acontecer exatamente como tem que ser. Nesse segundo volume da série A Telepata_ , Sarah tenta seguir sua vida, deixando de lado tudo que enfrentou no ano anterior, mas o...