2- A Telepata_ Irreversível

Capítulo 6 - Finalmente, vamos saber o motivo de sermos como somos

Respirei fundo, não acreditando no que ele dizia. Parecia surreal, a possibilidade de me redimir, mesmo que com palavras. Porque ele falava como se aquilo fosse algo banal? Como se ver Suan não fosse uma dadiva, que eu daria tudo para ter.

-Você falou com ela?- quase não se podia ouvir minha voz, de tanto que era o meu choque.

Quando ele confirmou, com apenas um gesto de cabeça, tudo pareceu girar ao ponto de me obrigar a respirar fundo outra vez. Eu não conseguia definir a grandiosidade daquelas hipótese, só o que podia dizer, é que eu tinha esperança outra vez.

-Então você é mesmo um necromante?- lagrimas já corriam pelos meu rosto. Me sentia maravilhada por ter noticias dela, mas nem isso conseguia fazer a minha cabeça parar de pensar além. Se eu estivesse certa, muitas outras coisas poderiam acontecer. E não consegui evitar sorrir ao mesmo tempo em que chorava, quando cai na real o que significava ser um necromante.

-Sim.- disse ele sorrindo comigo, depois estendeu a mão na minha direção.- Chega de enfrentar tudo isso sozinha, tem mais pessoas querendo ajudar você.

Não pensei duas vezes, antes de segurar a mão dele e acreditar em tudo que ele dizia. E assim que nossas mãos se tocaram, e uma conexão foi estabelecida, achei que eu nunca mais ia conseguir parar de chorar.

Bem ao lado de Madson, com o sorriso mais caloroso que um ser humano já pode ter, estava meu pai. Meus olhos não conseguiam se convencer de que aquilo era mesmo real, assim como meu coração pareceu perder completamente o compasso. Eu quis gritar, chorar e sorrir, tudo ao mesmo tempo. Era como voltar no tempo, como ver tudo aquilo que sempre se mais quis bem na sua frente.
Ele ainda tinha o mesmo olhar, as mesmas feições e fiquei feliz por perceber que jamais esqueci qualquer detalhe dele. Ele era exatamente como eu me lembrava.
E não houve um momento, na minha vida, mais inesquecível do que aquele.

Como uma avalanche de sentimentos, fui sugada para dentro das nossas melhores lembranças. Dos nossos mais sinceros sorrisos. Para todas as vezes que implorei aos céus para que eu pudesse vê-lo só mais uma vez.
E aquela foi a primeira vez que eu chorei de felicidade, o que nem sabia ser possível.

-Olá, querida.- disse a voz dele.

Eu estava em completo estado de choque, tentando de alguma forma, absorver tudo que eu via, tão nitidamente. Aquilo era mesmo real? Estava mesmo acontecendo? Porque eu tinha a impressão de que, a qualquer momento, poderia acordar de mais um sonho. Como em todas às vezes.

-Isso é mesmo real?- perguntei a ninguém em expecifico, depois olhei para Madson, que parecia comovido com a minha reação.

-Dessa vez, é.- disse papai.

Eu não conseguia despregar os olhos dele, não conseguia piscar sequer, com medo que ele sumisse. Era como se alguém tivesse aceso uma luz em mim, e eu não queria mais voltar para a escuridão. Soltei uma das mão de Madson, e a estiquei na direção do meu pai, tudo que eu queria era sentir seu toque outra vez. Mas assim que minhas mãos deixaram as de Madson, pude sentir a atmosfera ao nosso redor, mudar drasticamente, e por medo de que aquilo acabasse, voltei a segurar as duas mãos do garoto outra vez.

-Ele não é tão forte como vocês, faz pouco que adquiriu seu dom. Você precisa ajudar ele a se desenvolver se quiser tocar na gente.- disse a voz da minha melhor amiga, que eu nem tinha notado, estar ao outro lado do irmão.

Estava tão focada em não perder meu pai de vista, que nem sequer tinha olhado ao meu redor direito. Estava hipnotizada com a ideia de ver aquele que esperei rever a vida toda. Mas ao ouvir sua voz, foi impossível me emocionar ainda mais, aquele dia prometia acabar com as minhas lagrimas. Suan, também tinha aparecido para me ver outra vez. Ela estava usando o mesmo vestido que eu a vi morrer, carregava o mesmo sorriso de quando a conheci e os mesmos olhos sonhadores que eu jamais poderia deixar de lembrar.
Ela parecia um anjo.