Capítulo 21 - À luz que faltava nos meus dias escuros

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Dei as costas a todos ali, estava sufocante até pensar sobre o assunto em questão. A forma como o meu pai estava me olhando acabava comigo, assim como ver o desespero nos olhos do meu irmão.

-Você fala como se tivesse coragem de fazer isso realmente.- disse meu irmão preocupado.

Parei onde eu estava, sem olhar para trás.

-E quem disse que não tenho?- minha voz era quase um sussurro, já que as lagrimas esmagavam minhas cordas vocais.

-Não diga isso querida, todos nós sabemos que você não é assim.- disse meu pai.

Eu estava parada em meio do nosso gramado, pesando todas as coisas que me fizeram dizer algo como aquilo, e não encontrava um só motivo que me deixasse pensar diferente. A garota que morava naquela casa, anos atrás, já não existia mais. Fazia tempo que eu buscava forças em um lago que já tinha secado.

A mão do meu irmão repousou sobre o meu ombro, me fazendo virar na sua direção. Assim que virei para trás, encontrei não só os olhos de Bruce em mim, mas também os de Madson e todos os seus amigos, que só ele podia ver perfeitamente.

Os olhos do meu irmão estavam marejados, vermelhos por causa de todas as lagrimas que ele tinha derramado, e aquilo acabava comigo.

-Juntos, nós vamos pensar em algo. Você não esta sozinha nisso.- disse ele com compaixão.

Todas as pessoas tem seu limite, ninguém é de ferro. E aquele foi o meu. Eu não conseguia mais acreditar que tudo ficaria bem, não conseguia fechar meus olhos e não ver, o castelo frágil de cartas que a minha vida tinha se tornado, desmoronando.

-Não estou?- uma lagrima correu pelo meu rosto.- Porque não é assim que me sinto.

-Não diga isso.- meu pai sussurrou bem atrás de nós.

Dei um passo para trás, me distanciando do meu irmão. Minha respiração estava irregular, minha cabeça uma bagunça, e aquilo não me permitia manter a minha mascara, que me acompanhava aonde quer que eu fosse.

-Vocês não conseguem ver aonde chegamos?- gritei para todos que estavam ali.- Olhem uns para os outros, parem por um momento de fingir que esta tudo bem, e prestem atenção.- todos olhavam para mim, esboçando seus corações, que de alguma forma não estavam tão diferentes do meu.- As coisas não deveriam ser assim, e cada vez que achamos que as coisas vão melhorar, algo muito pior acontece. Eu perdi meu pai, minha mãe, amigos e a mim mesma. Nada nunca melhora, e quanto mais eu penso que vou conseguir, mais me sinto perdida. Chega! Eu estou farta disso, de esperar que alguma coisa milagrosa mude tudo. Eu não vou ficar mais parada esperando que uma solução brote do nada, e que de repente eu lembre como trazer nossas vidas de volta.

O silencio pairou pelo meu gramado, tão bem cortado. Aqueles olhares, que de repente fugiram de mim, sabiam que eu tinha razão. Estávamos dando voltas, na esperança de mudar coisas que nem sabíamos se poderiam, de fato, ser mudadas.
O que mais precisaria acontecer para eles entenderem? No final das contas Zac tinha razão, não tinha como chegar à raiz daquela questão, sem perdermos a si mesmos no caminho.

-Eu fui sequestrada, torturada de todas as formas possíveis por aquela garota e nada foi feito a respeito disso. Ela foi presa?- li na mente de alguém ali.- E dai? Isso não a impediu de continuar, bem pelo contrário, só deu mais tempo para ela pensar em uma forma de recomeçar sua vingança doentia, quando a primeira tentativa fracassou.

De repente Josh saiu das sombras onde se escondia, ele estava mortalmente cheio de ódio nos olhos. E suas roupas negras, pareciam enfatizar ainda mais aquele fato. Ele se aproximou de mim, passando por todos em silencio. Parou na minha frente, desviando minha atenção de meu irmão, e depois segurou a minha mão.

2- A Telepata_ IrreversívelOnde histórias criam vida. Descubra agora