2- A Telepata_ Irreversível

Capítulo 30 - Não sei como explicar ainda, mas logo saberei

V.

Eu queria correr até lá e perguntar a ela o que tinha acontecido. Fazê-la me dizer as coisas que eu nunca entendi, mas o medo não me deixou. Eu simplesmente estava imóvel, não conseguia me mover, nem respirar.

O que tinha acabado de acontecer?

Não conseguia parar de pensar que eu havia mudado as coisas de alguma maneira, e por um segundo, pensei que estivesse surtando de vez, mas depois eu iria perceber que não.

-Valentin?- disse Mag.

Olhei para ela com os pensamentos a mil.

-Você esta bem?- ela já não estava com aquela arrogância que tinha posto tudo a perder. Naquele instante parecia mesmo preocupada.

-O quê?

-Você parecia uma estátua depois que te beijei, chegou a me assustar.- ela deu de ombros, e só então puxei o ar que meus pulmões necessitavam, depois a vi se afastar de mim. - Eu preciso ir para minha próxima aula.

-É, eu também.- disse completamente confuso.

Segui para a minha próxima aula sem dizer nada.
Entrei na sala no automático, minha cabeça era uma confusão só. Não conseguia entender nada, e ideias loucas sobre ter voltado no tempo já se formavam na minha cabeça.
Sentei no mesmo lugar, enquanto uma nova teoria se formava em meus pensamentos. E se aquilo já tivesse acontecido antes?
E se fosse essa a causa das coisas estranhas que aconteceram quando eu era mais novo?
E se eu tivesse mudado o passado de alguma maneira?
Aquela ideia, ainda que absurda, poderia explicar algumas coisas que a muito tinham me enlouquecido.

Não ouvi nada durante toda a aula, estava completamente perdido dentro de mim mesmo. E quando a aula acabou, sai correndo em busca Louise. Precisava entender o que ela parecia saber, mas não a encontrei em lugar algum, e só quando tive a ideia de esperar por ela na lanchonete, já que sabia que em algum momento ela estaria lá, foi que me lembrei de Sarah.

Mas eu não tinha tempo a perder. Fui até o ginásio, procurando por Ethan desesperadamente, e quando o achei tive que esperar o grupo de garotas ao redor dele se afastar.

-Me da à chave da sua moto.- ordenei sem dar nenhuma satisfação.

Ele segurava a chave, que pendia de um cordão, e não pensei duas vezes em pegá-la da sua mão com rapidez.

-Hey!

Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, corri para fora do ginásio com pressa, desesperado para ir para casa o mais rápido possível. Entrei bruscamente assim que cheguei, só parei para trocar a camisa, já que a que estava vestindo estava toda suada por causa da minha corrida até ali, e então fui até a garagem pegar a moto, que estava estacionada lá.
Quanto mais eu tentava achar uma coerência que explicasse as coisas, mais parecia que ia enlouquecer.
Sem perder mais tempo, subi na moto e dei partida a toda velocidade.

Lá no Novo Mundo eu nunca teria dirigido daquele jeito, porque todos os policiais conheciam os meus pais, e o mínimo que poderia me acontecer era perder o meu carro, depois de levar um longo sermão por falta de responsabilidade. Mas a situação era outra, e a urgência era presente.
Passei os sinais vermelhos e derrapei na curva fechada, fazendo um barulho muito alto com o pneu traseiro. Meu corpo todo doía de tanta tensão, mas eu não conseguia parar.

Só diminuí a velocidade quando cheguei perto da lanchonete, porque não era a minha intenção deixar as pessoas assustadas, como eu mesmo estava. Meus movimentos eram rápidos, e nem parei para pensar no quanto parecia absurdo o que estava prestes a fazer. Apenas tirei o capacete, e segui para a porta de entrada com urgência.
Estava olhando direto para o chão, enquanto minha cabeça não parava de criar teorias. E quando ergui meus olhos, vi Sarah com o cara do cinema. Eles estavam dentro de uma caminhoneta reluzente, trocando olhares e sorrisos. Naquele segundo esqueci completamente o que estava fazendo ali, me enchi de um ciúme doentio, que dominou completamente meus sentidos.
Me escondi na lateral da lanchonete, que ficava em um beco mal iluminado por onde alguns dos funcionários entravam, e fiquei espiando os dois.