Capítulo 39- Eu gostaria de saber tantas coisas sobre você

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Madson me puxou pela mão quando o show acabou, enquanto meus olhos procuravam por Valentin na multidão, que se desfazia rapidamente.
Em pouco tempo as luzes piscantes voltaram, e a musica ritmada já fazia todos ao meu redor dançarem outra vez. Eu me sentia confusa com aquela luz que fazia tudo parecer estar em câmera lenta.
Mas por mais que tudo a minha volta girasse, e minha cabeça estivesse zonza, eu só conseguia pensar naquele olhar que consumia tudo dentro de mim.
Não conseguia evitar, nem parar de olhar na direção do palco, o que fez eu me perder de Madson e os outros.

Com toda certeza aquele seria o momento perfeito para perder o controle, se não fosse a ajuda de Bruce. Fechei os olhos com força, tentando organizar meus pensamentos, mas a euforia do momento junto ao pouco de bebida que tinha ingerido tornou tudo mais difícil. Apesar de não ser uma telepata naquele momento, procurava pelo eterno equilíbrio.
Mas assim como desapareceu Madson e os outros voltaram, quando outra musica começou. O que me surpreendeu.

-Não pare se não fica pior.- disse Madson, que parecia tão aéreo quanto eu. Sua camisa já estava colada no corpo, por causa do suor, e seu sorriso iluminava tudo ao nosso redor. Eu não era a única procurando por equilíbrio ali.

E por mais que a minha cabeça estivesse pesada, e que meus olhos ainda procurassem pelo meu garoto, resolvi seguir seu conselho. Comecei a mexer o corpo primeiro, depois tentei relaxar, ao parar de vasculhar pela multidão.
Eu já sabia como era, se fosse para a gente se encontrar, aquilo ia acabar acontecendo.
Meu coração martelava no peito, a medida que fechei os olhos, e lembrei de Valentin cantando em cima daquele palco. Um sorriso bobo brotou nos meus lábios quando o sorriso dele desabrochou nos meus pensamentos.
E por um bom tempo fiquei presa naquele momento, mas ele não apareceu, o que me fez ficar mais tranquila com o passar do tempo.

Madson balançou meus ombros quando eu parei de dançar, me incentivando a continuar. Eu estava exausta, mas mesmo assim sorri e fiz o que ele queria.
A noite estava agradável, no melhor tipo de despedida.
Todos dançavam como se não houvesse amanha, assim como bebiam muito mais do que já beberam. Os amigos de Zac estavam entre nós, dançando e rindo como se fossemos velhos amigos.
E ainda que eu me sentisse cansada estava em paz, ouvindo apenas meus pensamentos enquanto dançava do meu jeito desajustado, eu continuava sorrindo à medida que aquele momento era gravado em minhas lembranças.

Mas ainda queria um motivo para procurar por Valentin, sem que ninguém fosse atrás de mim, já que nem mesmo o tempo conseguiu tirar ele da minha cabeça. No entanto não foram todos que acreditaram na minha desculpa, ainda que não me impedisse, Louise me desejou boa sorte quando passei por ela.

Segui em direção oposta a todo mundo, focada em encontrar V naquela multidão, mas quando estava quase saindo da pista de dança uma mão pressionou minha cintura, me puxando para trás. Em um movimento rápido meu corpo colou no de alguém, mas não me preocupei, porque meu corpo reconheceu aquele toque no mesmo segundo.

-Onde você vai?- Valentin sussurrou no meu ouvido, fazendo cada parte do meu corpo arrepiar, assim que soltei o ar que nem tinha percebido segurar.

Fechei os olhos e deixei aquela sensação percorrer todo o meu corpo, consumir cada parte do meu coração, como só ele conseguia fazer. E mesmo que eu tivesse medo de estar sonhando, absorvi cada parte daquele calor que o corpo dele produzia no meu.
Então ele me virou em sua direção, fazendo com que nossos rostos ficassem centímetros um do outro. Seu olhar era intenso no meu, me fazendo esquecer qualquer coisa que pudesse existir naquele momento.
Era impossível não desejá-lo depois de já ter experimentado do fruto.

As mãos dele envolviam meu corpo com cuidado, enquanto ele olhava para mim de perto, como se eu sempre tivesse pertencido a ele. A familiaridade que as mãos dele tinham com a minha pele, a forma como o meu coração parecia perder o ritmo, e o jeito que eu me perdia naquele olhar era um caminho sem volta. E eu sabia que se me permitisse ficar ali, poderia por tudo a perder ao ir pelos meus impulsos.

2- A Telepata_ IrreversívelOnde histórias criam vida. Descubra agora