Capitulo 9

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- "Bom dia linda" Uma voz rouca invadiu os meus sonhos.

Eu sabia que era a voz do Harry. Ele pela primeira vez tinha ficado comigo. Ele não me tinha deixado sozinha.

- "Bom dia Harry" Eu ainda estava com dificuldades em abrir os olhos por causa da claridade que invadia a janela.

- "Eu cumpri a minha promessa Sam. Agora já podes confiar em mim" Ele sussurrou no meu ouvido

- "É um bom começo" Um sorriso apareceu nos meus lábios.

Ele acenou com a cabeça em confirmação e deixou um beijo nos meus lábios. Segundos depois levantou-se da cama. Lancei-lhe imediatamente um olhar indignado.

- "Onde vais?"

- "Relaxa Sam vou só preparar-te o pequeno almoço"

Ele saiu do quarto e eu mantive-me quieta no mesmo sítio. Há minha memória veio o acontecimento da noite passada. Eu não conseguia achar resposta para aquilo que o Harry tinha dito. Eu estava tão curiosa e o pior é que eu não fazia a menor ideia do que poderia ser. Eu não sabia quase nada sobre o Harry.

Minutos passaram e o Harry estava de volta com um tabuleiro cheio de comida. Ele era tão atencioso ás vezes. Ele sentou-se ao meu lado e eu agradeci. Rapidamente toda a comida desapareceu.

- "Sam tu... tu queres saber algumas coisas sobre mim?" Ele parecia nervoso com a conversa

- "Harry é o que eu mais quero. Eu não sei praticamente nada sobre ti" Eu estava tão entusiasmada com a ideia.

- "Agora vais saber Sam. Eu quero que tudo saibas tudo a meu respeito" Ele relaxou e deixou um beijo na minha testa.

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- "Bem este é o meu sítio favorito" Harry disse enquanto apontava para o Nando's

- "Parece agradável Harry. Vamos entrar?"

- "Claro. Tenho sempre fome quando se trata de comer aqui" A sua gargalhada rouca era a melodia mais agradável que os meus ouvidos já tinham ouvido.

Entramos e todos pareciam gostar do Harry. Os apertos de mão e abraços eram constantes. Parecia ser um lugar bastante frequentado por ele. Mas estes amigos dele não se assemelhavam nem um pouco com os outros. Ele era mais feliz perto destas pessoas.

Depois da nossa pequena refeição acompanhada de inúmeras gargalhadas causadas pelas piadas do Harry continuamos o nosso percurso.

Depois de alguns kilometros ele parou o carro junto do Starbucks.

- "Comida outra vez?" Eu estava impressionada com a quantidade de comida que ele aguentava no seu estômago.

- "Não Samy. Destas vez vais descobrir aquilo em que eu trabalho" Ele parecia tímido com o assunto

Saíu do carro e eu segui-o ate ao porta bagagens. Ele pegou num bloco de folhas e numa coisa que parecia ser um IPad. Eu estava realmente confusa. Ele pegou na minha mão e dirigimo-nos ao interior do Starbucks. Ele mandou-me sentar e pediu umas bebidas para nós. Rapidamente veio ao meu encontro.

- "Sabes que estou completamente confusa, não sabes?"

Uma leve gargalhada saiu dos seus lábios.

- "Imagino que sim Sam"

- "Então afinal para que serve isto tudo Harry? E o que tem isto haver com o teu trabalho?"

Ele não respondeu. Limitou-se a fazer algo no IPad e entregar-mo juntamente com o bloco. Eu comecei por ver o que o tinha o IPad. Quando comecei a analisar com atenção a página que o Harry tinha deixado aberta, rapidamente me apercebi que se tratava de um livro. Livro esse que eu já tinha lido. Era de um autor que eu gostava bastante, ele tinha uma capacidade de escrita impressionante e em poucos anos tinha publicado vários livros. Mas eu não entendia o que é que isso teria haver com Harry.

- "Harry eu estou ainda mais confusa agora"

- "Bem, alguma vez leste esse livro?" Ele parecia ter medo da resposta.

- "Sim claro que já. Eu adoro todos os livros deste autor. Ele é impressionante"

- "A sério?" O olhar dele estava tão brilhante

- "Harry!" Eu repreendi-o por ele não me explicar o que se estava a passar.

- "Sabes é que fui eu que o escrevi" Ele mordeu o seu lábio inferior e corou de uma forma que eu nunca tinha visto.

- "HAM? Tu o que?"

Ele só podia estar a brincar.

- "Eu quando era mais novo tinha o hábito de escrever sempre que estava triste. E depois comecei a escrever regularmente, mas nunca deixei que ninguém lê-se. Até que um dia um amigo meu apanhou algumas coisas que eu tinha escrito e mandou para uma editora. Eu queria matá-lo quando descobri, mas já era tarde de mais. A agência fez-me uma proposta mas eu recusei porque não queria que ninguém soubesse que era eu que escrevia. Não gosto desse tipo de coisas. Fama não era algo que eu ambiciona-se na minha vida. Mais tarde refizeram-me outra proposta onde eu escrevia os livros e outra pessoa dava a cara por mim. Eu não achava muito boa ideia mas acabei por aceitar. Apesar de ter aceitado continuo a escrever principalmente por prazer"

Era muita coisa para processar em tão pouco tempo. Eu não queria acreditar que era ele que escrevia aqueles livros e que deixava que alguém ficasse com os louros. Ele era realmente especial. Eu tinha cada vez mais certezas disso.

- "Harry eu cada vez gosto mais de ti. Eu nem acredito" Eu abracei calorosamente o seu corpo.

Harry corou

- "Mas ainda não acabou bebé" Ele apontou para o bloco que estava agora nas minhas mãos.

Eu abri e vi uma quantidade interminável de desenhos. Eles eram magníficos e tão perfeitos. Cada um mais bonito que o outro. E alguns deles correspondiam aos livros que eu tinha lido do Harry. Isso queria dizer que ...

- "Eu também ilustro os meus livros Sam" Ele corou

Ele estava sempre a ler os meus pensamentos.

- "Tu és uma caixinha de surpresas Harry. Para além de escreveres lindamente, desenhas desta maneira? Tu és incrível"

Ele continuava a corar enquanto eu folheava as páginas do seu bloco. Quando cheguei ao fim vi um desenho um pouco diferente dos outros e este estava feito na capa do bloco. Parecia uma rapariga.

- "Sam isso não era para tu veres" Ele tentou tirar-me o bloco mas eu não deixei.

- "Sou eu Harry?" Eu sorri

- "É..." Ele queria fugir de tanta vergonha.

- "Oh Harry. Tu es tão querido" Eu beijei a sua bochecha.

Ele acenou com a cabeça e passou a mão no meu cabelo. O desenho estava realmente parecido comigo. Ele tinha desenhado cada curva do meu rosto e corpo e tinha salientado o meu longo cabelo. Ele tinha-me observado cuidadosamente.

- "Eu só consigo trabalhar aqui sabes! Este ambiente traz-me muito boas recordações da minha infância" O seu olhar entristeceu

Eu tive medo de perguntar o que era, por isso preferi permanecer em silêncio.

Continuamos por ali mais algum tempo e Harry continuava a contar algumas histórias engraçadas. Nunca pronunciando a sua família. Havia algo que ele queria a todo o custo esconder há cerca dela.

TenOnde histórias criam vida. Descubra agora