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Capitulo 41

HARRY POV

- "Só mais uma coisa Harry. Eu tenho pena de ti. Eu juro que tenho, porque esta dor que eu estou a sentir vai passar, eu tenho a certeza. Pode demorar anos, mas vai passar. Eu vou voltar a sorrir e ser feliz. Mas o teu coração de pedra? Esse nunca te vai deixar ser feliz. Nunca"

As palavras dela não me saem da cabeça. Ela tem tanta razão. Eu tenho medo que ela nunca me perdoe e se esqueça de mim. Eu não quero nem posso viver sem ela. Eu não tenho um coração de pedra! Tenho? Talvez tenha. O que eu fiz não se faz. Devia ter ido atrás dela, mas não consegui. Todos os meus músculos congelaram com a frieza que o seu olhar demonstrava.

- "Brad eu vou acabar contigo!"

- "Calma meu. Não vês que ele está bêbedo" O Niall diz

Sinto o meu sangue a fervilhar de cada vez que penso no que este merdas que se diz meu amigo fez. Eu ia contar-lhe. Um dia. Talvez. Eu sei que já o deveria ter feito, mas não consegui. Como é que se diz há pessoa mais importante das nossas vidas que fodemos tudo? Que por ser um orgulhoso da merda acabei por criar uma mentira. Acabei por criar uma imagem que não é a minha só para os meus amigos merdas pensarem que sou como eles. Mas não sou. E eu preciso de dizer há Sam que não sou como eles e que ela tinha razão de cada vez que insistia neste assunto. Eu preciso de lhe contar os motivos pelos quais me tornei no que sou. Eu preciso que ela saiba que foi a única que me conheceu verdadeiramente.

- "Trato de ti mais tarde" Empurro o Brad e corro dali para fora

Esta porra de barulho está a atrofiar-me todo. Preciso de ar. Preciso que o vento me bata na cara e me ajude a pensar melhor.

Chego ao carro e a única coisa que me apetece é conduzir até a casa da Sam e explicar-lhe tudo, mas sei que ela não vai ouvir-me. Eu sei que não vai. A raiva e dor apodera-se novamente de mim e bato com toda a força no volante. Encontro-me a chorar pela segunda vez esta noite. Não sei o que se passa comigo. Não sentia lágrimas a picarem-me os olhos desde... desde aquele dia. Aquele dia que me tornou na merda de pessoa que sou hoje. Na pessoa nojenta que magoa quem mais gosta. Ela disse que me odiava e eu nunca pensei que ouvir isso pudesse magoar tanto. Eu sei que ela está magoada, mas eu não quero que ela me odeie. Não ela.

Decido ir para casa e dormir um pouco, mesmo que isso seja praticamente impossível. Eu preciso de tentar. Eu preciso de ter forças para voltar a encara-la e assumir todas as minhas responsabilidades. O que mais me dói é saber que a dor que lhe estou a causar é tão desnecessária. Tudo aquilo era mentira. Eu não a deixaria mesmo que entre nós acontece-se alguma coisa. Eu gostava de poder fazê-lo com ela, sim é verdade, mas não a abandonaria depois disso. Nem pensar. Ela é tudo o que eu preciso para respirar, para me manter vivo e feliz. Como poderei viver sem os seus olhos negros brilhantes e doces e sem o seu cabelo loiro com cheiro a morango que me deixa doido. Como poderia eu deixar para trás a sua pele suave que se arrepia com o meu toque. Como? Eu morreria. Ela é a mistura do quente e do frio. Do desejável e indesejável. Do certo e errado. Do anjo e do diabo. E eu? Eu perco-me tão completamente nela. Eu sou dela mais do que ela imagina.

Depois de algum tempo a vaguear pela cidade chego a casa. Fico algum tempo a decidir se lhe devo mandar alguma mensagem. Por um lado eu quero que ela saiba que eu não vou desistir de tentar que ela me perdoe, mas por outro não quero pressiona-la. Ela é demasiado frágil. Acabo por decidir mandar. Não vou aguentar sem lhe dizer nada, de qualquer forma.

SAM POV

Dou voltas na cama e o sono não quer nada comigo. Sinto a cabeça a latejar, parece que fui atropelada ou algo do género. Bem na verdade até fui. Atropelada por um comboio de emoções que me destroem mais a cada segundo que passa. O álcool que bebi também não ajuda. Mas espero que o efeito passe em breve.