Capitulo 43

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*Onde é que te metes-te cobarde de merda?* Respondo

Os nervos e stress começaram a consumir-me ainda mais. Sinto o sangue secar dentro das minhas veias e a dor foi substituída por raiva. Raiva daquele cabrão. Se ele pensar em encostar um dedo sequer nela eu juro que perco os limites. Perco a minha sanidade mental e acabo com tudo de uma vez. Acabo com ele e comigo.

*A história repete-se* Ele responde finalmente

A história repete-se? Então isso significa que ele só pode estar num sítio. O sítio onde toda esta merda começou. O sítio onde perdi tudo, onde estraguei tudo. Foi o sítio que marcou a minha vida para sempre e onde ficou a minha felicidade. O sítio que me atormenta todas as noites e me relembra a dor. Não física mas a dor de perda. Foi lá que eu perdi. Perdi o amor do mundo. O amor próprio. Sinto uma flecha trespassar-me o peito e estou novamente a chorar. A chorar como quando tudo aconteceu.

Eu não quero de maneira nenhuma voltar lá. Mas eu preciso. Eu preciso de salvar a única coisa que me resta. Sam. Eu devo-lhe isto. Eu não vou deixar que tudo se repita. Não vou ter medo novamente. Se for preciso deixar a minha pele arder eu deixarei. Por ela eu morro se for preciso. Eu faria tudo para voltar a beija-la. Nem que fosse apenas uma vez. Só mais uma vez. Eu preciso de lhe dizer tanta coisa que tenho aqui guardada. Eu preciso.

Corro para o carro. As memórias estão a matar-me. As memórias do dia em que a minha alma ficou presa nos destroços daquela casa. Deveria ter sido eu a morrer. Não ela. Deveria ter sido eu a ficar lá nesse dia. De qualquer forma ninguém sentiria a minha falta. As memórias do calor e dos gritos. Sinto o meu cérebro falhar. Os flashes não me deixam respirar. Não deixam. Estou a sufocar. Preciso de parar. Já não vejo a estrada. Estou tão perdido. Perdido em mim e nas memórias. Perdido na dor de ter perdido ambas.

*Harry, por favor! Ajuda-me*

*Tira-me daqui*

*A culpa não foi tua Harry*

*Não chores mãe*

Para porra. Para de me atormentar outra vez para. Eu quero respirar. Eu sei que mereço. Eu mereço tudo isto. Talvez hoje seja o dia. O dia de eu pagar por não ter feito nada. Olho para o telemóvel e vejo. Hoje é dia 10. Dez (Ten). Dia dez de Novembro. Faz hoje precisamente 5 anos. 5 porras de anos em que me tornei na porra de pessoa que sou. O canalha escolheu este dia. Ele voltou de propósito para acabar comigo passados cinco anos. A minha cabeça está a latejar com tanta informação e flash. Estou a enlouquecer. É isso que ele pretende mas eu não vou deixar que ele magoe a Sam. Não vou.

Cheguei. Cheguei finalmente. Já sinto o cheiro. O cheiro que senti naquele dia. Já sinto tudo enquanto estou parado a olhar para o edifício. Eu não posso hesitar. A Sam precisa de mim. Ela precisa. Corro até lá e vejo que está vazio. É fácil saber isso já que está tudo destruído.

- "Finalmente Harry"

É a voz dele. Eu sei que é. Viro-me e encontro-o. Sozinho?

- "Onde está a Sam?"

- "Ela não demora"

- "Como assim ela não demora?" Grito

O Zayn sorri e dois dos seus homens agarram-me e prendem-me a algo que já devia estar preparado. Tento lutar contra eles, mas são dois e sinceramente não tenho forças. Os meus braços estão presos e pareço um menino indefeso. Que raiva. Luto contra as cordas que não tem nem um centímetro de folga da minha pele e vejo sangue. Sinceramente esta dor que sinto nos pulsos não se compara com a raiva que estou a sentir pelo gajo que está a gozar na minha cara.

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