Capitulo 23

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Harry pouso-me no chão. Choraminguei por já não poder observar os seus músculos tão de perto e ele riu fazendo com que a sua gargalhada rouca invadisse os meus sentidos. Observei a bancada e em cima estavam duas caixas enormes de Pizza. Claro o Harry não iria cozinhar.

- "É este o jantar?" Perguntei gozando com ele

- "Eu achei que era o mais rápido amor" Harry fez uma careta

- "Parece-me é que não sabes cozinhar" A minha gargalhada acendeu o seu olhar selvagem

- "Sei sim" Ele estava a ficar tenso

- "Mentira" Eu até podia acreditar mas estava a gostar da sensação de provocar o Harry

- "Se me continuas a provocar não respondo por mim" Um olhar brincalhão apareceu na sua face

Deitei-lhe a língua de fora e comecei a atacar uma das pizzas. Tinha imensa fome e estava realmente deliciosa. O Harry não tardou a fazer o mesmo. Foi um jantar animado devido ao bom humor do Harry e do belo jantar que ele tinha encomendado. Apesar disso eu continuava a pensar no seu telefone fantasma. Eu estava um pouco preocupada com os planos do Harry que eu desconhecia totalmente. Eu ainda tinha medo do lado desconhecido dele. Olhei por momentos para o relógio e vi que já era tarde.

- "Harry preciso de ir dormir. Amanhã tenho de trabalhar"

- "Tudo bem amor. Vai indo que já lá vou. Não te preocupes que eu arrumo isto"

Acenei com a cabeça e agradeci baixinho. Eu não me importava de arrumar toda aquela desorganização que tínhamos feito enquanto comíamos, mas estava realmente cansada. Subi as escadas e cai literalmente na cama. Em poucos minutos tudo se apagou.

HARRY POV

Será que ela ouviu o meu telefonema? Ela parecia estranha quando entrei na casa de banho há bocado. Devem ser apenas coisas da minha cabeça como sempre. Não demorei a arrumar tudo o que tínhamos sujado. Eu tinha-me oferecido para ajudar porque conseguia ver os seus olhos fraquejar com o cansaço. Eu sabia que ela tinha ficado abalada com a visita que fizemos há sua mãe. Apesar de querer fazer-se de forte eu conseguia ver o seu medo de ficar sozinha e desamparada. Mas eu não pretendia que isso acontecesse. Subi até ao quarto e abri a porta calmamente. Encontrei o seu corpo lindo deitado na cama e completamente leve. O seu olhar adormecido estava completamente frágil. Sentei na cama e passei a mão pelo seu cabelo ligeiramente molhado. Ela nunca mais tinha tido pesadelos e eu estava mais descansado desde que eles pararam. Mas na minha cabeça continuava uma incógnita. Porque teriam começado aqueles pesadelos? Apenas por eu ter me ido embora naquelas noites? Teria de haver algo mais a perturba-la. Os meus olhos começavam a pesar também e decidi deitar-me ao seu lado. Despi as calças e deitei o meu corpo ao lado do dela. Ela estava fria apesar de estar totalmente tapada. Puxei-a para mais perto e cobri o seu corpo há volta dos meus braços para que ela pudesse aquecer. O seu corpo estava a começar a reagir ao meu e ela parecia começar a relaxar. Não tardou até que ela ficasse quente. Ela parecia não conseguir dormir sem eu aqui perto dela. Sam precisava de mim mais do que nunca e eu não podia falhar agora. Não podia. Não tardei a adormecer devido ao embalo que recebia de cada batida do seu coração. Ele estava calmo e sereno e isso relaxava o meu.

####

SAM POV

Um barulho irritante perseguia-me no meu caminho. Parecia uma música totalmente destorcida. A música embalava-me pela rua escura e eu cantarolava ao som dela. Cada passo que dava deixava-me mais fraca e frágil. Mas não podia parar. Estava totalmente sozinha e desamparada. Senti uma voz aproximar-se do meu ouvido.

"Primeiro o teu pai, depois a tua mãe e agora o Harry. Tu vais ficar sozinha Sam. Tu não serves para nada"

Uma gargalhada poderosa invadiu os meus sentidos, mas eu não vi ninguém. Mas as suas palavras faziam lágrimas caírem pelo meu rosto. Eu não quero ouvi-lo. Imagens começaram a surgir na escuridão da noite. Um homem que eu imaginava ser o meu pai apareceu subitamente mas esfumou-se quando tentei tocar-lhe. Andei mais um pouco e o meu corpo começava a perder as forças. Mãe? Aquela era a minha mãe. Corri até ela mas foi em vão. Ela desapareceu em segundos como se o vento a levasse. Eu não aguentava mais. Ajoelhei-me no chão e meti as mãos há cara de modo a parar as lágrimas. Quando olhei novamente para cima lá estava o Harry. Ele parecia mais firme que as minhas outras imagens. Um suspiro foi deixado pela minha boca devido ao esforço feito ao levantar-me. Andei calmamente até ele. A cada passo que eu dava na sua direcção ia fraquejando a sua imagem. Ele parecia desaparecer quando eu me aproximava. Tentei tocar na sua face mas era tarde de mais. Eu estava novamente sozinha naquela escuridão.

"Tu afastas as pessoas Sam. Tu estás destinada a estar só. Totalmente só"

- "Não. Harry volta aqui. Harry não me deixes por favor" Gritei desesperadamente com vontade que tudo aquilo fosse mentira.

Senti um abanão suave e uma voz rouca sussurar ao meu ouvido. Harry?

- "Amor calma estou aqui. Eu não vou embora" Abri os olhos e lá estava ele a tentar confortar-me.

Tinha sido mais um dos meus pesadelos horríveis. Eu nunca contei ao Harry que os tinha quando era mais pequena. Mas neles existia apenas o meu pai. Mas desde que a minha mãe foi embora e que o Harry me abandonou naquelas noites sem qualquer explicação eu voltei a te-los. Mais fortes do que nunca. O meu corpo estava trêmulo e frio. O esforço do Harry para me acalmar era impressionante.

- "Estás bem Sam?"

- "Sim agora estou. Obrigada"

Ele sorriu em confirmação e os seus braços envolveram o meu corpo depois de nos tapar novamente. Eu podia ver o seu olhar triste apoderar-se do seu brilho. Ele estava desconfiado que era ele que causava os meus pesadelos. Mas eu não queria que ele se sentisse assim. A culpa era minha de ser uma porcaria e afastar todas as pessoas que gosto. Fechei os olhos e senti que o

Harry me observava. Ele parecia não conseguir dormir por ter medo que eu tivesse outro destes pesadelos. Eu estava agarrada com toda a força possível contra o seu peito. Eu sabia que os meus pesadelos só surgiam quando eu adormecia sem ele. Por isso acho que agora podia dormir descansada.

####

O caminho até há loja foi calmo. O Harry ainda não tinha feito perguntas sobre o pesadelo da noite passada mas ele não estava bem. A tristeza estava presa no seu olhar verde e ele pouco tinha falado durante a manhã. Manchas negras cobriam a parte inferior dos seus olhos. Ele não tinha conseguido dormir mais. Chegamos ao destino e o Harry apenas disse que me viria buscar quando fossem horas. Eu acenei com a cabeça e deixei um beijo nos seus lábios tensos. O seu olhar estava frio e distante. Olhei por momentos para encontrar algum tipo de luz mas nada. Sai do carro e dirigi-me há porta da loja sem olhar para trás. Quando entrei observei-o pelo vidro. Ele ainda não tinha arrancado. Estava apenas com os cotovelos no volante e as mãos agarravam a sua cara. Segundos depois bateu com as mãos no volante e ligou o carro. Não foram precisos minutos para que o seu carro deixa-se de se avistar.

- "Samantha?" Merda assustei-me

Virei-me para encontrar o meu chefe sorridente como sempre.

- "Desculpe estava distraída"

- "Não tem problema. Mas gostaria de anunciar algo e preciso de todos os empregados reunidos na minha sala agora"

Eu acenei com a cabeça e pousei as minhas coisas no meu cacife do costume. Dirigi-me há sala e já estavam todos há minha espera. Meti-me ao lado da Katty e quando olhei para a zona onde estava sentado o Kevin o meu olhar congelou e uma raiva subiu pelo meu corpo. Jess? Mas que porra é que a Jess faz aqui?

- "Bem meninas a Jess é a nossa nova colaboradora. Conto com vocês para a ajudarem no que ela precisar"

O que? Eu vou despedir-me. Estou louca? Não me posso despedir só porque a gaja mais nojenta do mundo agora trabalha comigo. O seu sorriso sujo apareceu nos seus lábios enquanto olhava para mim. Os meus punhos começaram a fechar e os meus olhos escuros estavam agora negros. Algo estranho consumia a minha capacidade de avaliar a situação. A minha raiva estava a consumir-me e algo me dizia que eu não iria conseguir controlar-me muito mais tempo.

- " Podemos voltar ao trabalho?" Eu queria desesperadamente sair dali

- "Sim penso que s.."

Não deixei sequer que ele acabasse a frase. Quando o sim calmo de Kevin suou nos meus ouvidos eu saí como um foguete da sua sala. Eu sabia que ninguém tinha ficado a perceber a minha atitude sem ser a Jess, mas sinceramente não me importo.

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