Capítulo 25

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   Vick On

  Me pus de pé em um único movimento e olhei para o Pedro assustada.
- Calma. - ele diz se levantando.
- Patrão. - um dos caras que estavam de guarda na frente do galpão chega. - Ta rolando uma briga lá fora. - diz descarregando a arma. - É o Hugo com os caras dele... - o Pedro não espera ele terminar e sai em passos largos, eu o sigo, o cara vem logo atrás.
De longe vejo a aglomeração, algumas pessoas se afastavam, enquanto outras permaneciam paradas ao redor da tal briga.
O Pedro passa pelas pessoas e eu vou logo atrás. Minha mão vai até a boca quando vejo a cena. O Miguel com o rosto sangrando e um cara que não estava muito diferente dele, apontanva uma arma para a sua cabeça.
- O que ta rolando aqui? - o Pedro pegunta parando há alguns passos do cara.
- Ta rolando que esse playboy aqui não me deixou curtir com aquela gostosa ali. - diz olhando na direção da Nanda. E só então eu percebo ela abraçada a Maria, ela estava chorando. A Bruna e a Nati tentavam consola-la. - E ainda fez esse estrago aqui. - aponta para o rosto.
- Qual é Hugo tu vai fazer isso na minha aréa? - o Pedro pergunta puxando a arma da sintura.
- Aqui não é a favela. - rosna.
O Biel e o Matheus se aproximam do Pedro.
- Não é, mas tu não vai embaçar aqui. - o Pedro afirma descarregando a arma.
- Larga ele Hugo. - o Matheus ordena.
O Hugo olha do Miguel para o Pedro.
- Faz o que ele ta dizendo cara, tu não vai querer morrer aqui, agora, vai? - o Biel insiste apontando a arma pra ele.
Olho para o lado e não vejo o Pedro.
- Larga ele agora. - o Pedro ordena colocando a arma na cabeça do Hugo.
Ele levanta as mãos para cima e se afasta.
- Beleza cara, não precisa disso. - diz e sai em passos largos. O Biel tenta ir atrás dele, mas o Matheus o impede.
- Aqui não. - o Pedro diz olhando pra ele.
Me aproximo do Miguel.
- Você ta bem? - pergunto.
- Tô. - diz passando a mão na boca.
O Pedro se aproxima.
- Acho melhor você cuidar disso ai. - diz.
- Obrigado. - o Miguel diz estendendo a mão. - Se não fosse você, talvez eu estivesse morto agora.
- De nada. - o Pedro diz apertando a mão dele.
- Vamos cuidar disso. - a Maria diz parando ao lado do Miguel.
- Não precisa. - o Miguel diz.
- Claro que precisa. E eu quero agradecer pelo o que você fez pela a minha sobrinha... - eles se afastam nos deixando sozinhos.
- Hm gostei de ver. - digo o fitando.
- O que? - arqueia a sobrancelha.
- Você ajudando o Miguel e depois sendo gentil com ele. Obrigada. - dou um selinho nele. Afasto nossos lábios e ele sorri de lado.
- Atrapalho? - a Nati pergunta se aproximando.
- Não. Na verdade eu queria saber o que aconteceu aqui? - pergunto.
- O Hugo tentou agarrar a Nanda a força, o Miguel viu e a defendeu. Os dois começaram uma briga.. e o resto vocês já sabem. - diz dando de ombros.
- E como ela ta? - pergunto olhando em direção a Nanda, a Bruna conversava com ela.
- Mal, mas vai passar. - diz.
- Eu vou falar com o Matheus e o Biel, volto já. - o Pedro diz. Me dar um selinho e sai.
Eu e a Nati nos aproximamos da Nanda e da Bruna.
- Como você ta? - pergunto pra Nanda assim que me aproximo.
- Bem. - diz fungando. - Na verdade mal. - sorri fraco.
- Eu sei como você se sente e... - ela me interrompe.
- Não Vick, você não sabe como eu me sinto, ninguém sabe como eu me sinto. Todos acham que foi eu quem procurei. - esbraveja.
A Bruna e a Nati me olham.
- Na verdade eu sei, eu sei por que eu já passei por isso, mas eu não me importei com o que os outros falavam sobre mim, e nem me culpava por isso. Só tem um culpado.. e você sabe muito bem quem é. - ela me encara por alguns segundos e eu saiu.
As pessoas já começavam a ir embora, estava escurecendo.
De longe vejo o Pedro conversando com uns caras e me aproximo.
- Posso falar com você? - pergunto ele assente pega a minha mão e me guia pra dentro da casa.
Chegamos na sala que já estava praticamente vazia.
- Quem era aquele cara? - vou direto ao ponto.
- Ele é o dono do morro vizinho. - diz sem olhar para mim.
- O que ele veio fazer aqui, por acaso você o convidou? - pergunto cruzando os braços.
- Não. - diz olhando para um canto da sala.
- Pedro o que ele veio fazer aqui?
- Não sei. - resmunga.
- Me fala a verdade. - seguro seu queixo para que olhe para mim.
- Eu não sei. - diz olhando nos meus olhos. E pela primeira vez eu sinto que ele não esta falando a verdade.
- Ok. - digo baixo.
Se ele não quer me contar eu não vou insistir.
- Ahh eu já vou indo. - o Miguel diz entrando na sala. Ele estava com um curativo na testa.
Caminho até ele.
- Acho que não sou só eu que vou para a faculdade amanhã com alguns arranhões. - levanto o braço e ele ri.
- Vamos começar em grande estilo. - dar de ombros.
O abraço.
- Foi muito bonito o que você fez. - digo.
- Eu só fiz o que qualquer outro faria. - diz. Eu me afasto dele e olho para o Pedro, sorrio para ele me lembrando do dia em que ele me salvou.
- Bom, a gente se ver amanhã. - diz e eu volto minha atenção para ele.
- Até amanhã. - digo. Ele acena e sai.
- Então é isso. - o Pedro diz colocando a mão dentro do bolso da calça.
- Isso o que? - arqueio a sobrancelha.
- Eu vou ter que aguentar ele. - reclama.
- Sim. Ele é meu amigo e... - ele me interrompe.
- E vocês vão estudar na mesma faculdade e se ver todo dia, e blá blá. - revira os olhos.
- Você ta com ciúmes? - pergunto chegando mais perto.
- Não. - pigarreia.
- Sei. - coloco a mão envolta do seu pescoço. - A gente pode comer agora? - arqueio a sobrancelha, ele me olha. - Que? Eu não comi nada até agora ta!
- Nem eu. Vamos. - diz sorrindo.
Seguimos para a cozinha a Maria estava lá limpando a bagunça.
- Ahh, olha o que eu trouxe - diz assim que entramos na cozinha. Tira um tapaué de uma sacola. - Fiz essa lazanha hoje cedo.
- O que eu faria sem você Maria? - o Pedro diz e começa a encher ela de beijos.
- Para menino. - ela diz ele me olha e rimos. - Eu vou ver como ta a sala. - pega uma vassoura e sai.
- Vou colocar no micro-ondas. - digo pegando o tapaué.
Ele abre o armário e pega pratos, talheres e copos.
- Eu já vou indo. - a Bruna diz entrando na cozinha.
- E a Natália? - o Pedro pergunta.
- Ela já foi com o Matheus. A Maria acabou de sair com a Nanda. - ela diz.
- E você vai com quem? - eu pergunto.
- Vamos. - o Biel diz entrando na cozinha.
- Ahh com ele. - diz.
- Hm ok. Cuidado. - digo e ela revira os olhos.
- Tchau. - dizem juntos e saem.
Eu e o Pedro nos entreolhamos e rimos. O micro-ondas faz um bip. Abro o mesmo e coloco o tapaué em cima da mesa.
Nos servimos, e começamos a comer.
- Quer dormir aqui? - o Pedro pergunta.
- Não posso. Amanhã cedo começam as aulas. - digo bebericando o meu suco.
- Beleza. - diz.
- Apesar de tudo eu gostei.. gostei da festa. - digo olhando para o anel em meu dedo.
- Acredito. - ele diz e rimos. - Essa festa foi um desastre.
- Ahh não, a gente começou nesse desastre - dou ênfase. - Uma coisa que espero durar para a vida toda.
Ele me olha surpreso, seus olhos brilham.
- É isso mesmo o que eu ouvi. - ele se levanta segura a minha mão e eu faço o mesmo. - Victória Marinho, a minha Loira - ele me encara. - está dizendo que quer passar o resto da vida comigo.
- Sim. - digo olhando nos seus olhos. Ele não diz nada. Envolve a minha sintura me puxando para si.
- Eu sereia o homem mais feliz desse mundo, se isso acontecesse. - sussurra. Colo nossos lábios, e ele me beija com a mesma sutileza das suas últimas palavras. Dou espaço para a sua língua, seguro sua nuca e o beijo vai ficando mais intenso. Nos separamos por falta de ar.
Acho que esse seria o momento perfeito para dizer eu te amo, mas ainda não é o meu momento, e acho que também não é o dele.
Nos encaramos por alguns segundos.
- Vamos. - eu quebro o silêncio.
Ele assente. Tiramos a mesa, trancamos tudo e em poucos minutos pegamos estrada.
Depois de alguns minutos o Pedro para em frente a casa da Bruna.
- Tem certeza que você não quer dormir lá em casa? - pergunta. Mordo o lábio tentada em aceitar a proposta.
- Não posso, tenho que acordar amanhã cedo. - digo.
- Tudo bem. - diz olhando pra mim. - A gente ainda vai ter muito tempo.
- Hm, não tenha dúvida. - digo me aproximando dele. Depois de alguns beijos, sai de dentro do carro e ele foi embora.
Entrei na casa e as luzes estavam apagadas. - Talvez ela já esteja dormindo. - digo para mim mesma.
Entro no quarto, me sento na cama a luz se acende, e eu tomo um susto.
- Demorou dentro do carro hein. - a Bruna diz parada na minha frente.
- Quer me matar do coração? - reclamo.
- Não muda de assunto. - diz sentando ao meu lado. - Você ta gostando mesmo dele?
- Você já me viu namorar alguém que eu não goste? - a encaro.
- Não. - diz - Mas e aí, o Pedro tem boa pegada?
- Tem. - digo sorrindo. - Toda vez que eu vejo ele seminu parece uma tortura, eu fico tipo meu Deus o que que isso? - suspiro e a Bruna ri.
- Vocês ainda não...
- Não. - a corto.
- Sinceramente não sei como o Pedro te aguenta. - diz.
- Falou a pegadora. - digo e ela joga o travesseiro em mim. - E você?
- Eu oque? - se faz de desintendida.
- Você e o Biel? - arqueio a sobrancelha.
- A gente ficou de novo. - sorri.
- Hmm - jogo o travesseiro nela.
- Aii. - diz passando a mão na cabeça.
- Bruna quem era aquele cara? - pergunto a fitando.
- Você ta falando do Hugo? - assenti. - Ele é dono do morro vizinho, ele e o Pedro não se dão bem, por que ele já tentou invadir aqui várias vezes. O Emerson lembra? - pergunta e eu assinto. - Ele era o braço direito do Hugo. Estão dizendo por ai que o Hugo quer vingar a morte dele.
- Ele quer matar o Pedro? - pergunto já sabendo a resposta.
- Sim. - diz.
- Mas ele não matou ele eu o impedi e... - ela me interrompe
- Mas ele mandou Vick. - diz.
Então no final das contas, ele o matou.




















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