Olhei pro meu reflexo no espelho e sorri.
Era sexta-feira, último dia de inscrição pra candidatura do grêmio estudantil, e eu não podia estar mais contente. Nem as minhas sardas nas bochechas e nariz ou o jeito estranho que eu sorria me deixaram pra baixo quando me encarei no espelho. Se conseguisse ficar mais satisfeita comigo mesma, começaria a brilhar.
As pessoas já haviam começado a comentar sobre a eleição, apenas sussurros e mensagens de texto no celular sem muita importância, o que já era bem mais do que qualquer competição a presidência do grêmio em um ano comum.
Ninguém mais tinha se candidatado além de mim, Erin e Andrew, nem os nerds que habitualmente se candidatavam para esse tipo de coisa, porque todo mundo é inteligente o suficiente pra ver uma causa perdida quando há uma: ninguém ia conseguir tirar a presidência de mim.
Helena bateu com força na porta do banheiro, me tirando do transe. Eu dei uma última ajeitada no uniforme — o uso obrigatório até depois do jantar — e saí do banheiro passando a mão na camisa branca do uniforme pra impedir que ela amassasse.
— Essa regra dos uniformes é muito errada. — Reclamei.
Olhei pra cima e vi Erin em pé, o uniforme levemente amassado — que ia bem com a cara emburrada, que ela fazia sempre que olhava pra mim — e um rabo de cavalo que, combinado com o resto, fazia ela parecer uma criança. Ela passou por mim pra entrar no banheiro enquanto dizia:
— Eu consigo pensar em muitas coisas erradas nesse colégio.
— Ei, eu queria ir no banheiro também. — Helena disse, sentada em cima da mesa de estudos. — Valeu, ein.
Erin tinha feito cara feia pra mim e jogado indiretas durante a semana toda, como se isso fosse me fazer sentir pena dela e desistir da candidatura. O efeito estava sendo exatamente o contrário: Deixar Erin emburrada tinha sido o ponto alto da minha semana. Ela tinha provado ser exatamente a garotinha mimada que pensei que seria.
— Ela tá só se acostumando a chegar depois de mim. — Falei, depois que Erin bateu a porta do banheiro com força.
— No banheiro? — Helena perguntou. — Você já fez piadas melhores.
Dei de ombros no exato momento em que o sinal apitou, anunciando a hora do almoço e, consequentemente, o fim oficial das inscrições para presidente. Eu saí do quarto em direção ao refeitório, Helena atrás de mim, esquecendo completamente que tinha reclamado pra ir no banheiro segundos antes.
Cheguei junto com as turmas que tinham acabado de ser liberadas — minha turma tinha uma aula a menos na sexta e eu saía mais cedo — e peguei minha comida. Me sentei na mesa de sempre com Helena, mas não comecei a comer de imediato.
— Você tá bem mais animada pra essa coisa de presidente do que eu jamais te vi na vida. — Helena disse, me olhando remexer a comida.
— Claro. Na verdade, não sei como não pensei nisso antes. Vou ser, literalmente, a presidenta do ensino médio. — Sorri. — Não é meu modelo de governo favorito, mas é o suficiente.
— Achei que fosse por causa da concorrência. — Helena arqueou uma sobrancelha pra mim.
— Também. — Respondi.
Vi Evan passando com uma bandeja nas mãos e acenei para chamá-lo. Ele sorriu pra mim e se sentou do lado da Helena, usava o uniforme do colégio, a camisa um pouco desabotoada e a gravata, desaparecida.
— Clyde e Bonnie.* — Ele cumprimentou, enquanto partia um pedaço de bife.
— Eu sou a Bonnie. — Helena quase gritou, como se eu fosse contesta-lá.
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Más Intenções | ✓
Teen FictionSkye Kendrick tem todos os atributos necessários para ser considerada a antagonista de qualquer clichê adolescente: Ela adora dar respostas atrevidas, estar no controle e destruir tudo que possa representar uma ameaça à sua reputação. O que ninguém...