21 - The real Skye

5.6K 878 1.2K
                                    

Um dia. Precisei de exatas vinte e quatro horas para superar os ataques de pânico causados por Andrew e sua omissão, antes de fingir que nada daquilo havia acontecido e voltar a ser a velha Skye Kendrick, a garota realmente malvada e inconsequente que eu havia trancado em um baú na minha mente pelas semanas que estive com Andrew.

Era bom ter ela de volta.

Helena havia me ajudado com os ataques de pânico assim que chegou da festa de Alissa, no dia anterior, e me viu enrolada no chão como um maldito caracol, soluçando alto. Então, quando escureceu, no dia seguinte, e eu finalmente consegui trancar o assunto Andrew/Segredo a sete chaves na escuridão do meu cérebro, sugeri a Helena que saíssemos, e ela não hesitou – pegou o celular na mesma hora e mandou uma mensagem para Evan, o especialista em saídas clandestinas do Internato.

Então, uma hora depois, nós nos encontrávamos em uma caminhonete branca de última geração enquanto Evan dirigia para onde quer que fosse. Simples assim: a antiga Skye Kendrick, que já não era mais a mesma, preparada para fazer algo ruim, com os antigos amigos, que também já não eram mais os mesmos, preparados para uma noite boa.

Não me dei conta do quanto tudo havia mudado até aquele momento.

Evan dirigiu por menos de meia hora, e acabou estacionando em frente ao que parecia ser o único bar aberto da cidade decrépita onde morávamos – a única coisa do nosso nível naquele lugar era o Internato, que fora construído naquele fim de mundo justamente para que seus alunos ricos e rebeldes fossem esquecidos.

Nós saímos do carro e entramos no lugar em silêncio, como se aquele fosse outro sábado qualquer. O clima era denso entre nós três – Helena preocupada comigo, e eu preocupada com Evan –, mas não me importei: estava determinada a esquecer tudo naquela noite.

O bar cheirava a whisky barato e cigarro de palha, e parecia ter sido feito para combinar com pessoas do interior – apesar da cidade ficar no litoral, tudo lá parecia caipira –, tinha mesas e cadeiras feitas de madeira, música country e idosos bebendo cerveja barata. Assim que entramos, cabeças se viraram na nossa direção como se fossemos artistas, os poucos adolescentes no lugar de repente ficando tímidos com a nossa presença, já não tão bem-vindos naquele local – foi como se nós tivéssemos transformado o bar moribundo em um ambiente cinco estrelas só por estarmos ali, e então, o lugar deixou de ser aconchegante para quem era inferior a nós.

Sorri para o grupo de adolescentes nos encarando de boca aberta enquanto ia andando até uma mesa do fundo, me sentindo a dona do lugar. Sentia falta dessa sensação de superioridade, então agradeci a Evan mentalmente por ter nos levado naquele bar – que, apesar de acabado, era exatamente do que eu precisava.

Um dos únicos dois garçons do lugar foi nos atender assim que nos sentamos, porque, como resto dos clientes, eles sabiam que éramos alunos do Internato simplesmente de olhar para nós – as únicas coisas interessantes ali – e que, portanto, tínhamos muito dinheiro para gastar.

Foram preciso exatos três copos de cerveja e duas doses de tequila da minha parte para que eu finalmente relaxasse perto dos meus antigos amigos, a bebida nos unindo novamente como se fosse uma antiga amiga em comum. De uma hora para outra, estávamos conversando e rindo novamente, como nos velhos tempos.

Ficamos pouco mais que uma hora assim, apenas conversando coisas banais e rindo de idiotices, completamente relaxados, enquanto os clientes do bar olhavam para nós pelo canto do olho, desconfortáveis com pessoas bonitas demais e ricas demais perto demais. Então, Helena decidiu ir no banheiro, nunca sutil o suficiente, para que eu e Evan conversássemos coisas não tão banais:

– Como foi? – Evan perguntou depois de alguns segundos em silêncio, se referindo a conversa entre mim e Andrew, e já sabendo a resposta.

Evan pensava que a conversa havia sido sobre o nosso beijo, e eu não estava preparada para dizer a ele o verdadeiro motivo das coisas entre Andrew e eu terem acabado, então, simplesmente disse:

Más Intenções | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora