10 - The popular kids

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Três dias. Passei três dias sem conseguir dormir, evitando ataques de pânico, organizando uma festa e gastando quase todos os meus tubos de corretivo em cima das minhas olheiras medonhas antes que o dia anterior ao feriado finalmente chegasse.

Enquanto eu passava de uma tarefa para outra durante esses dias, minha porcentagem de votos no site anônimo despencou tanto quanto a bolsa de valores na crise de 1929. Na quarta-feira, eu tinha apenas 7% das intenções de voto, e pelos olhares que continuava recebendo, não parecia que as coisas iriam melhorar se eu apenas continuasse aceitando aquilo.

E eu não iria mais, porque o dia da minha festa havia finalmente chegado.

Eu sabia, porém, que uma festa não seria o suficiente para, basicamente, voltar ao passado. Ela poderia, no máximo, equilibrar mais a competição e, com sorte, fazer com que as pessoas voltassem a me respeitar. Foi pensando nisso que eu decidi chamar os alunos mais populares — pelo menos, que costumavam ser — e as pessoas com mais tendência a mudar de lado por influência ou necessidade de atenção, excluindo exceções como Evan Volkmerr e garotas da turma de Erin.

O quê faria da festa ou um sucesso, ou um completo desastre.

Apesar de todos os anos estudando no Internato, eu nunca havia dado uma festa. Evan era o garoto que adorava fazer isso, e eu nunca tivera um bom motivo pra fazer mais do que apenas aparecer nas dele, então parte das minhas noites de insônia também eram causadas pela ansiedade de ter algo feito pela primeira vez.

O quê também significava que, pela primeira vez, eu tinha que chegar cedo.

Então, assim que o sinal da última aula a tarde na quarta-feira apitou, eu fui pro quarto me arrumar. Escolhi um macacão curto completamente preto, junto com um salto alto de madeira e umas pulseiras pratas que faziam barulho toda vez que eu me mexia. Só passei delineador e perfume antes de ir andando pro local da festa com Helena, que se arrumou na metade do meu tempo.

Nós decidimos fazer a festa no lugar de sempre, a casa abandonada de caseiro do outro lado do riacho, e ter o filho da diretora do meu lado deixou as coisas mais fáceis de serem organizadas: Andrew achava os funcionários que precisavam ser pagos, e eu e Helena fornecíamos o dinheiro. Helena, a vice-presidente perfeita para esse tipo de situação, também ficou no comando das bebidas e das drogas, e Andrew, como não precisava se arrumar como uma garota, ficou de organizar o lugar antes da festa, depois da última aula do dia.

Eu e Helena chegamos no local e ajudamos Andrew a terminar de arrumar tudo conforme o dia escurecia, e ele foi trocar de roupa antes que os convidados começassem a aparecer. A casa era completamente simples — na sala, só havia um sofá velho e uma estante, junto com duas portas, uma pro banheiro, e outra que sempre estivera trancada e devia ser o quarto; na cozinha, só havia uma pia e uma mesa grande, onde todas as bebidas se encontravam empilhadas, além da porta pro porão, que era de longe o lugar mais arrumado: cheio de puffs coloridos trazidos pelos próprios alunos, junto com um globo barato de balada colado no teto, além de alguns pisca-piscas.

Helena abriu uma das garrafas de vodca e encheu vários copos pequenos feitos para shots, que eu não tinha ideia onde ela havia arrumado, assim como as bebidas.

— Uma dose pra cada garoto popular que aparecer. — Ela disse, deixando os copinhos em cima da estante da sala e piscando pra mim.

Andrew voltou menos de meia hora depois, e trouxe com ele nossos primeiros convidados. Conforme a casa enchia com pessoas que eu não conhecia e eu sorria e cumprimentava todos, os copos na estante pareciam gritar meu nome. Eu sabia que os alunos populares sempre chegavam atrasados, mas cada minuto sem eles naquele lugar fazia eu me sentir um fracasso.

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