És tu, mocinho e vilão da própria história.
UM ANO DEPOIS.
Mesmo com todos os atributos físicos e os sorrisos falsos, a primeira impressão que as pessoas recebiam de Skye Kendrick é que ela era uma garota má. Não que ela fosse ignorante com os outros ou usasse roupas que gritassem rebeldia, era mais como se Skye representasse tudo aquilo que as pessoas consideram como defeitos — bastava um olhar em sua direção para saber que a garota era tudo que o ser humano estava condicionado a odiar e, ao mesmo tempo, tudo que ele almejava ser.
Ela havia mudado muito desde que deixara o Internato Foxcroft Trinity, era verdade: um novo corte de cabelo, uma nova atitude – mais amigável, embora não o suficiente – e uma nova conduta em relação à não julgar demais as pessoas que não conhece – o que requeria muito esforço.
A verdade é que a garota estava realmente se esforçando para deixar sua personalidade mais agradável desde que fizera as pazes com sua irmã mais nova, mas Skye Kendrick sempre seria uma garota má, assim como tubarões sempre seriam considerados criaturas perigosas.
Ela agora dividia um loft em Paris com sua melhor amiga, Helena, havia descoberto que queria estudar sobre moda – onde sua habilidade de julgamento seria muito bem-vinda – e adorava gastar o dinheiro do pai distante como se fosse água: ele merecia aquilo.
Não via sua irmã mais nova desde as férias, que teve que voltar para o Internato para concluir o último ano do Ensino Médio, mas sempre mantinham contato – agora, elas já tinham intimidade o suficiente para discutir sobre algo desinteressante toda semana, e nunca deixavam de fazê-lo, porque a relação de Erin e Skye sempre seria como a relação de um cão com um gato.
Fora isso, agora Skye tinha uma vida tranquila, sem dramas em relação a popularidade, garotos e eleições. Isso não durou muito tempo, porém: ela voltava das compras desnecessárias com o dinheiro do pai em uma tarde ensolarada quando o viu, e soube que sua vida precisava urgentemente de um pouco de adrenalina.
Evan Volkmerr se encontrava sentado em um banquinho verde na calçada de frente para a entrada do loft de Skye, usando uma blusa de mangas curtas e óculos escuros, como se estivesse prestes a posar para uma revista. Ela jamais esperaria vê-lo ali, depois de tanto tempo sem contato – Evan havia deixado o Colégio Internato meses antes do último ano acabar, e Skye era orgulhosa demais para procura-lo –, mas sabia que ele não era do tipo que telefonava antes.
– Evan, há que devo o prazer da sua visita? – Skye perguntou assim que chegou perto do garoto o suficiente, sentando ao seu lado no banquinho verde.
– Ouvi dizer que Paris é a cidade do amor, e queria saber se é verdade.
O último ano havia sido confuso demais para a relação dos dois, que se afastavam e se tornavam íntimos novamente como se estivessem atravessando uma corda bamba, e, em nome da estabilidade emocional, ambos decidiram que seria melhor se cada um seguisse seu próprio caminho.
Skye havia concordado com isso, e Evan também, mas nenhum dos dois era muito bom em seguir regras.
E Skye adorava a instabilidade que ele trazia nela.
– Como anda sua vida, alguma novidade? – Evan perguntou, ainda com o sorriso presunçoso no rosto.
– Nada demais. – Ela respondeu, mas logo se lembrou: – Ah, Andrew e Sarah começaram a namorar antes de você ir embora.
– Eca. – Ele respondeu, e Skye concordou com a cabeça.
– Não esperava ver você aqui.
– E eu não esperava vir. – Ele olhou para ela novamente, e decidiu ser honesto: – Não consigo te deixar ir, sem antes tentarmos. Nós nunca realmente tentamos, e isso não saiu da minha cabeça. – Ele fez uma pequena pausa, antes de dizer: – E eu não sei dizer se me tornei menos idiota ao longo dos últimos meses, afinal, sou homem, hétero, branco e rico: a sociedade espera que eu seja idiota. – Ele sorriu um pouco. – Mas quando estou perto de você, não quero ser um. E isso é um começo, eu acho.
– É um começo, sim, só não sei se é suficiente.
Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, considerando as possibilidades. Era incrível como poderiam ficar meses sem se falar e, ainda assim, quando se viam, era como voltar ao assunto de uma conversa de cinco minutos atrás, toda a intimidade supostamente perdida retomada em segundos. Skye também não havia deixado de pensar nele, em como seria se ficassem juntos, mas também sabia que a resposta para aquela pergunta provavelmente seria "desastre".
– Nós não precisamos pensar a longo prazo. Nenhum relacionamento que nunca aconteceu precisa de toda essa carga emocional. – Ele respondeu e ela sorriu, porque era verdade, eles nunca haviam acontecido, e já discutiam como se fossem um casal há anos. – Um passo de cada vez, podemos fingir que somos só duas pessoas que acabaram de se conhecer aleatoriamente num banquinho na calçada.
– Não acho que isso funcionaria nunca, não com você.
– Então podemos reconstruir nossos passos e fazer do jeito certo dessa vez. – Ele disse, e ela arqueou uma sobrancelha, curiosa. – Ano passado, eu te chamei para um encontro, mas fui um idiota, e tentei fazer com que aquilo soasse o mais impessoal possível, sendo que não era.
– E eu acabei achando que você tinha me chamado para ir à um hotel. – Ela respondeu, rindo ao se lembrar, concordando.
– E nós brigamos e entendemos tudo errado, como sempre. – Ele se levantou e puxou a mão dela do banco, para que se levantasse também. – Então, vamos começar do zero, do jeito certo. – Ele se ajoelhou dramaticamente na calçada, sorrindo, e ela revirou os olhos. – Skye Kendrick, você quer ir num primeiro encontro em um restaurante decente de Paris comigo em que todas as pessoas estejam devidamente vestidas para que possamos simplesmente conversar sobre assuntos triviais e patéticos e, no final da noite, eu ganhe permissão para te dar um beijo de boa noite na porta da sua casa como se nunca tivesse te visto nua?
– Você é ridículo.
– É uma pergunta simples, Skye. Sim ou não?
Skye sabia que aquilo nunca daria certo. Eles provavelmente acabariam discutindo por alguma coisa idiota dita na entonação errada, ou pior: a noite seria ótima e eles acabariam discutindo sobre alguma coisa idiota dita na entonação errada anos depois, como qualquer casal infeliz, feito para dar errado.
Ainda assim, ela sorriu.
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É isso amores, qualquer dia posto uma listinha de curiosidades sobre a história e coisas que deixei de colocar conforme fui desenvolvendo, tem muita coisa legal hauahaua mas fora isso, acabou.
Espero, de verdade, que tenham gostado. Obrigada todo mundo que me acompanhou, comentou votou ou simplesmente sorriu quando viu que tinha capítulo novo. E, por mais uma ultima vez: mil perdoes pela demora hauahauah. Amo vocês <3
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Más Intenções | ✓
Roman pour AdolescentsSkye Kendrick tem todos os atributos necessários para ser considerada a antagonista de qualquer clichê adolescente: Ela adora dar respostas atrevidas, estar no controle e destruir tudo que possa representar uma ameaça à sua reputação. O que ninguém...