Então, minha melhor amiga e meu mais novo arqui-inimigo haviam transado.
Na minha cama.
Passei um longo período de tempo apenas encarando os dois, com nada mais que um lençol cobrindo seus corpos enquanto dormiam pacificamente, enquanto decidia o que fazer. Naquele momento, tanto dar um escândalo pela cena, quanto ignorá-los, me pareciam atitudes ridículas — eu não tinha nenhum direito de brigar com eles por fazerem sexo sendo pessoas livres (mesmo que na minha cama), mas também não podia fingir que aquilo não era nada demais.
Porque era demais.
Evan e Helena já haviam brincado sobre ter relações sexuais juntos na minha frente milhões de vezes, mas, devido à opção sexual que dava preferência a mulheres da minha amiga e a obsessão de Evan por mim, eu nunca havia levado tais brincadeiras a sério — na verdade, me forcei a acreditar que nada passava disso: brincadeiras inocentes sem fundo verídico.
Eu era tão idiota.
Olhando pros dois ali, ambos sem ter a mínima ideia da minha presença, eu me perguntei quantas outras vezes aquilo havia acontecido sem que eu me desse conta. O tempo todo, me considerando o centro das atenções de todo mundo, enquanto eles faziam sexo pelas minhas costas.
Dei um longo suspiro de descontentamento, apaguei a luz, fechei a porta com cuidado, sem sequer pôr os pés no quarto, e encarei o corredor escuro e vazio. Devido à falta de opções e amigos, acabei decidindo voltar para o quarto de Andrew e fingir que os últimos dois minutos não haviam passado de um sonho esquisito.
Pelo menos, enquanto eu pensava no que fazer.
Abri a porta do quarto de Andrew com delicadeza, tentando evitar acordar quem estivesse dormindo e esperando não encontrá-lo nu ao lado de Erin — á esse ponto, eu esperava qualquer coisa —, mas ele não estava na cama ou em nenhum lugar á vista.
Entrei no quarto e bati na porta do banheiro duas vezes antes de entreabri-la, e vi Andrew pela fresta, de costas e sem camisa, com o rosto virado pra mim e as sobrancelhas franzidas.
— Esqueceu algo? — Ele perguntou, se virando na minha direção, e sorriu levemente. Sua camisa se encontrava na sua mão.
Olhei pro garoto sem camisa a minha frente e pensei que eu era mesmo idiota em ter deixado esse quarto sem sequer beijá-lo por falta de coragem. A vista do seu abdômen e a dose extra de ciúme provindo da cena anterior, porém, eram um bom combustível para minha verdadeira natureza impiedosa e petulante.
Terminei de abrir a porta e me encostei no batente, sorrindo pro peitoral de Andrew como se ele fosse um rosto. Antes, eu não tinha desculpa nenhuma inventada pra ter voltado ao seu quarto depois de me despedir, mas agora, começava a char que realmente tinha esquecido algo.
— Estou começando a pensar que sim. — Respondi, voltando a atenção pro seu rosto.
Andrew lançou um sorriso malicioso pra mim e jogou a camisa de sua mão no chão, como se me desafiasse a ir até lá. Eu sorri de volta, e fui andando em sua direção sem vergonha ou receio algum.
***
Passei o resto da noite no quarto de Andrew, alternando entre dormir, beijá-lo e reclamar sobre Todd na outra cama, que nos impedia de fazer qualquer coisa além de dar uns amassos sem muito barulho ou viradas bruscas na cama, que rangia como como uma velha rabugenta.
Quase me esqueci do incidente no meu quarto que fez com que eu voltasse para Andrew, mas não completamente. Durante meus cochilos, sonhei diversas vezes com traições entre melhores amigas e brigas no geral, o que significava que o assunto continuava me incomodando, mesmo que subconscientemente.
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Más Intenções | ✓
Teen FictionSkye Kendrick tem todos os atributos necessários para ser considerada a antagonista de qualquer clichê adolescente: Ela adora dar respostas atrevidas, estar no controle e destruir tudo que possa representar uma ameaça à sua reputação. O que ninguém...