Para comemorar o fim das provas do primeiro bimestre, Alissa decidiu dar uma festa na casa abandonada do outro lado do rio para seus amigos mais íntimos – o que, na língua dela, significava "alunos relevantes para sua própria popularidade".
O que também significava que Evan estaria presente.
Nas semanas após o nosso beijo, eu havia o evitado a todo custo, porque agora que já não sentia mais o que havia sentido embaixo daquela árvore gigantesca na chuva, não conseguia explicar para mim mesma o que havia acontecido, portanto, não conseguiria explicar para ele, caso quisesse conversar.
Também não conseguiria explicar para Andrew, que eu andava evitando para não sentir aquele sentimento de culpa que me acometia toda vez que lembrava que eu, assim como metade da população feminina do colégio, havia sido seduzida por Evan – mesmo que, no fundo, soubesse que era completamente diferente de todas elas.
Não conseguia explicar o beijo com Evan simplesmente porque ele não fazia sentido. Não fazia sentido que Skye Kendrick e Evan Volkmerr se beijassem porque ambos eram orgulhosos demais para admitir que sentiam atração um pelo outro de verdade, mas naquele momento, eu não era Skye e ele não era Evan. Éramos apenas dois seres humanos embaixo de uma árvore que sentiam ser as únicas pessoas presentes na Terra, e naquele momento não existiu orgulho ou qualquer outro sentimento mesquinho e mundano, porque tudo que era mundano não importava.
Naquele momento, nós fomos Adão e Eva.
Mas agora, eu era Skye novamente, e Skye se encontrava em um relacionamento estável com um garoto doce e inteligente – mais do que o necessário –, além de muito bonito.
Durante várias vezes naquelas semanas de prova, eu desejei ser Eva outra vez.
Andrew odiaria saber disso, mas eu sentia falta de ser má.
Sentia falta de fazer garotas do Ensino Fundamental chorarem por não serem como eu, sentia falta de quebrar corações só para me divertir e, por Cristo, sentia falta até de implicar com a minha irmã.
Sentia falta da competição para Presidente do Grêmio, principalmente da época em que me encontrava em primeiro lugar. E saber que era o próprio Andrew que havia, indiretamente, tirado isso de mim, me fazia sentir ainda mais falta de ser a garota que ele costumava odiar.
Com esse pensamento em mente, eu me arrumei para festa da Alissa depois da última prova, na sexta à tarde, enquanto Helena me ajudava a escolher a roupa e revirava os olhos toda vez que eu mudava de ideia sobre o que vestir. Acabei decidindo por um short jeans e uma blusa simples, contrariando toda a minha obsessão por parecer superior.
Nós fomos andando para a casa quando começou a escurecer, com uma garrafa de vodca escondida por um saco de papel na mão de Helena – que eu não tinha ideia de onde ela tinha arrumado – como forma de convite, e chegamos antes de quase todos – o que não era do meu feitio, mas fiz porque queria evitar chegar antes de Evan e ter que cumprimentá-lo.
Dentro da casa, só se encontravam Alissa e Emmett, ambos rindo, sentados no sofá empoeirado e passando um para o outro um beck, que Alissa entregou para Helena assim que chegamos. Eles não deram muita importância a nossa chegada, e pareciam completamente relaxados, postura que Helena logo fez questão de imitar.
Coloquei a bebida na cozinha e olhei meu celular outra vez, para a mensagem não respondida de Andrew perguntando se eu viria a social de Alissa, enquanto ouvia as pessoas gargalharem na sala. Pela milésima vez, digitei uma mensagem, e também como todas as outras vezes, a apaguei e guardei o celular, deixando Andrew sem respostas.
Quando voltei para a sala, encontrei Evan sentado no sofá, rindo com o resto da turma como se estivesse lá há horas. Ele me viu sair da cozinha e sorriu para mim, como todas as outras vezes que me via.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Más Intenções | ✓
Novela JuvenilSkye Kendrick tem todos os atributos necessários para ser considerada a antagonista de qualquer clichê adolescente: Ela adora dar respostas atrevidas, estar no controle e destruir tudo que possa representar uma ameaça à sua reputação. O que ninguém...