EXTRA - Todd's point of view

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                         TODD MASON NARRANDO.

Sempre fui extremamente meticuloso e preocupado com meu futuro.

Meus pais me ensinaram a ser assim – desde meu nascimento, eles se preocuparam com quem um dia eu me tornaria. Nossa situação nunca foi ruim, mas meus pais sempre viram mais em mim do que estavam acostumados a ter, foi por isso que fizeram de tudo para que eu conseguisse uma bolsa no Internato, e provasse para o resto do mundo que eles estavam certos.

Conforme cresci, aprendi a ter a mesma preocupação com meu futuro. Assim como qualquer outra pessoa no planeta Terra, eu queria ser alguém. Ao contrário dos alunos do Internato, a possiblidade de riqueza e poder não havia me sido dada de mãos beijadas, mas eu estava empenhado a conquista-la, com tempo.

Queria poder mostrar para os meus pais e para mim mesmo que todo o esforço colocado em quem eu seria não era em vão. Por isso, praticamente todas as minhas preocupações na adolescência eram relacionadas ao meu futuro: meus estudos, meus projetos, minhas competições de ciência e matemática ganhas e até meus amigos, que se tornariam importantes contatos para o Futuro Todd.

Com exceção do site de votações – um passatempo estúpido e perigoso –, minha única preocupação era ele, o Futuro Todd. Ele teria tudo que eu jamais tive e, quando conquistasse isso, seria feliz.

Nunca me importei com felicidade, ou qualquer outra coisa que não fosse o ótimo futuro que eu deveria ter pela frente – até minha paixão por Helena era, de certa forma, conectada a isso: sabia que ela não sentia absolutamente nenhuma atração por mim, mas o futuro era imprevisível, assim como ela, e talvez um dia mudasse de ideia.

Pela minha preocupação com o futuro, eu nunca entendi porque perdia meu tempo me importando com as eleições do grêmio, já que isso não me traria benefício nenhum quando saísse do Internato, mas, assim como o resto da escola, me vi empolgado com a possibilidade da disputa.

Por mais que Skye Kendrick tivesse dos mais variados defeitos, ela com certeza sabia fazer as pessoas prestarem atenção nela. Eu não fui uma exceção, e foi apenas por esse motivo que criei o site: queria fazer parte daquilo, mesmo que nunca me deixassem entrar de verdade.

Eu podia muito bem ser amigo de pessoas como Evan, Skye e Andrew, mas estava longe de ser como eles. Não tinha a confiança natural ou poder que eles pareciam emanar conforme andavam pelos corredores do Internato, e por mais que meu eu do presente, no fundo, invejasse aquela habilidade, eu tinha sérias esperanças de que o Futuro Todd pudesse se sentir daquela forma.

Quanto mais perto eu chegava do Futuro Todd, mas distante ele me parecia.

De qualquer jeito, queria fazer parte das eleições, no presente, mesmo que me faltassem as habilidades cruciais para ser como as pessoas que realmente importavam na competição. Por isso, tomei a decisão imprudente de fazer o site: mesmo que ele não me trouxesse benefício nenhum, era uma boa forma de fingir que eu pertencia a algo, secretamente.

Tudo mudou quando conheci Erin Kendrick.

A conheci de verdade na aula de pintura – outro dos meus projetos insignificantes que só serviam para adicionar bagagem ao meu currículo matricular –, e, no início, só queria entende-la: entender porque alguém, em sã consciência, arrumaria briga com Skye Kendrick.

Erin, estranhamente, despertou uma parte de mim que eu não sabia que estava ali. Ela era como eles – Skye, Evan e Andrew –, mas, ao mesmo tempo, também era como eu. O poder que tinha em suas mãos não a interessava do jeito que me interessaria, e foi, principalmente, essa pureza que fez com que eu me encantasse com ela.

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