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|| Sofia  Ferraz de Sampaio ||


Conversar com as meninas, me ajudou a tirar Renato da minha cabeça por algumas horas.
Não ter minhas mensagens respondidas por ele, estava me deixando muito mal por momento algum pensei em magoa-lo ou ofender só Queria ajuda-lo não queria que ele fosse humilhado mais uma vez, mas no fim das contas eu que havia o humilhado, bem no seu local de trabalho.

Em todas as mensagens, eu pedia mil desculpas pelo o que tinha feito, mesmo que tivesse sido a coisa certa.

Depois de inumeras mensagens, todas visualizadas e ignoradas com sucesso, tinha desistido de tentar ter sua atenção.

No final Manuela acabou dormindo também na casa de Heloísa,  aquela história de irmos ao Pub no dia seguinte havia rendido muito, o que deixou Manuela um pouco incomodada, tava nítido o seu interesse pelo novo cowboy, mas ela negava pra mim e pra Helô que estava interessada nele, Bom, talvez estivesse negando pra si mesma também.

Não conseguia pegar no sono, talvez porque estava sem meu edredom que brilhava no escuro, ou porque o silêncio de Renato estava me matando. Tudo estava me matando principalmente porque eu estava tão preocupada com Renato. Não entendia porque um simples cara que acabou ficando próximo de mim,em poucos dias tinha se tornado o motivo de não conseguir dormir, de me fazer ficar preocupada e tão desolada pelo seu silêncio.

¤ ¤ ¤

Acordo com algumas vozes vindo do corredor, ate que elas se tornam mais próximas do quarto, a porta do cômodo se abre e Heloísa e Manu entram no quarto. "Bom Dia Meninas." Minha voz sai um pouco rouca e baixa.

"Bom Dia." Diz Manuela se sentando na cama.

"Que horas são?" Pergunto tentando despertar totalmente.

"Quase 10 hrs." Heloísa responde, ela estava encarando seu reflexo no espelho, e vestia a camiseta da lanchonete.

"Você precisa ir trabalhar, tenho que levantar." Digo baixinho mais pra mim, do que pra elas, mas Heloísa escuta.

"Não precisa ter pressa, vou deixar a porta aberta vocês podem ir embora a hora que quiser." Ela me da um sorriso, e eu volto deitar, ter demorado pra pegar no sono, e não ter dormindo direito acabou comigo.

"Obrigada." Agradeço, e me aconchego melhor no colchão de solteiro.

"Sofia?" Manu me chama.

"Sim?" Digo ainda de olhos fechados, eu só precisava de mais uma hora de sono assim estaria novinha em folha.

"Tem algum problema se eu convidar o Renato pra ir no Pub?" Ao escutar o nome dele, todo o meu sono acaba, e estou totalmente despertada.

"Não. Problema nenhum. Pode chamar." Digo, sem conter um sorriso. Talvez fosse a oportunidade perfeita para conseguir conversar com ele.

"Ótimo. Mas tem um problema." Ela me olha com cautela.

"Que problema?"

"Ele disse que só ia, se você não fosse."
Olho para Manuela sem reação,  como assim? Ele não podia Ta me odiando tanto assim, podia?

"O que você disse a ele?" Pergunto, quase sem voz.

"Que não podia fazer isso. Meio que briguei com ele, por esse gelo que ele ta dando em você. Você não fez nada, só estava tentando ajudar ele, ele não pode te tratar desse jeito."

Tenho, um pouco de esperança, depois desse puxão de orelha de Manuela, quem sabe ele não se tocava. "E o que ele respondeu?"

"Me mandou um dedo do meio." Manu revira os olhos. Mordo meu lábio não era o que eu esperava.

"Ele ta sendo um idiota." Se manifesta Heloísa.

"Quer saber? Foda-se. Eu tentei ajudar ele. Fiz isso do fundo do meu coração, eu só não queria ver ele prestando papel de idiota por causa daquela vaca, e se assim que ele quer agir, beleza. Isso só mostra o quanto ele gosta de ser pisado, de ser feito de idiota. Talvez ele mereceu o belo cifre que aquela vaca meteu nele." Só depois que termino de falar,que noto que estou sem fôlego. Eu não ia mais ficar me torturando por algo que estava certo, Renato que fosse à Merda, com todo esse maldito drama.

Manuela e Heloísa estão me olhando com as sobrancelhas franzidas.

"Ele vai voltar atrás." Diz Manuela

"Não ligo." Me levanto, e logo sai do quarto respirando fundo. Agora eu tava pouco me importando, pra ele. Se  ele queria continuar sendo um corno mal amado, que seja.

Depois que fiz minha Higiene matinal Manuela me fez companhia no café da manhã que Heloísa tinha preparado, antes de ir pro trabalho, seu pai já estava na clínica. Se dependesse de mim, iria enrolar um pouco mais na cidade não queria ir pra casa já que la não teria nada de interessante pra se fazer a não ser olhar para as paredes, mas como não iria ter companhia, já que Manuela tinha que ir pra casa fiz o mesmo que ela.

Meu plano era ir direto pro meu quarto e ficar por la, até o dia seguinte, só sair pra comer e ir ao banheiro. Mas meu plano vai por água abaixo quando piso meus pés em casa, minha mãe inventa de querer conversar comigo, eu não estava nenhum pouco afim de conversa com ninguém.

"Fiquei tão feliz, quando você finalmente fez a sua inscrição para a prova. Finalmente você esta vendo, o que é realmente melhor pra você."

"Mãe, eu só fiz a inscrição não tem nada demais." Me sento ao seu lado, no sofá.

"Minha Sofia, só mostra que você está criando juízo. Você vai gostar, de direito. Você vai ter um futuro brilhante." Ela acaricia meu rosto, com delicadeza. 

"Mãe." Pego suas mãos, e as seguro. "Eu só fiz essa inscrição, pra você parar de ficar me enchendo o saco, não fiz isso por que finalmente tomei juízo, e devo fazer o que a senhora quer. Entenda, que direito não é o que eu quero. Só vou fazer essa prova pra você parar com esse falatório."

"Sofia, acredita em mim. Eu sei o que estou dizendo, direito é a porta de um futuro promissor."

"Eu posso ter um futuro promissor, fazendo o que eu quero."

"Eu não aceito isso." Ela se levanta rapidamente, seu tom de voz estava mudado.

"Mãe é o que eu quero. O que custa a senhora entender isso?"

"Não foi o que eu sonhei pra você."

"E o que eu quero, o que eu desejo não  conta pra você?" Me levanto ficando cara a cara com a minha mãe.

"Faça essa prova dê seu melhor, e siga essa profissão pro resto da sua vida."

"Não quero isso." Falo entre dentes.

"Mas é o melhor pra você." Assim, ela se sai da sala me deixando zangada.

Eu tinha que fazer algo para que ela percebesse que a vida é minha, que eu  tinha o direito de escolher. Eu ia fazer, ela tinha que perceber o quão errada está. Me jogo no sofá novamente, meu celular apita notificando que tenho uma nova mensagem, pego o mesmo e vejo que é uma mensagem de Renato.

  Renato:
         Podemos conversar?

Encaro a mensagem por vários minutos minha vontade era de responder, mas eu estava afim de dar o troco.  Ele merecia!

•••

Lembranças da Arena Onde histórias criam vida. Descubra agora