51 - Bônus - André

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Costumava a acreditar que o amor não era pra mim, mas que se eu tivesse a chance de ter um amor eu queria como era dos meus pais. Acreditava que eles se amavam, que era algo bonito, que existia lealdade, companheirismo, fidelidade. E agora descubro que tudo era uma farsa de uma família feliz, e um amor que era mentira.

Como Manu, eu também não entendia por que mamãe havia o perdoado, será que tinha sido porque ainda o amava? Ou por que não queria enfrentar um longo processo de separação. Eles tinham diversos bens iriam ser uma separação longa e cansativa, talvez tivesse sido isso, mas mamãe não liga para o dinheiro e o que ele pode nos dar. Mamãe havia o perdoado porque o amava, e isso me deixava ainda mais com raiva, pois meu pai não sentia o mesmo. O amor deveria ser algo bonito e recíproco não uma farsa e doloroso.

Eu não queria acreditar que ela vivia  uma vida infeliz ao lado de homem que ama outra mulher. Sim, meu pai ainda ama amante mesmo ela estando morta. Minha mãe merecia mais.

Depois de ter confrontado meu pai, e ele ter  me dito toda a história, me senti sufocado, eu não conseguia encarar meu pai por decepção, mas também não ia conseguir encarar a pessoa que se parecia tanto com a mulher que acabou com o casamento dos meus pais. Sem pensar muito decidir ir para a casa de praia da família, eu queria ficar longe de tudo, por a cabeça no lugar, pensar com calma e não me precipitar em relação à nada.

Talvez eu até tirasse de letra a traição do meu pai. Talvez. Mas isso não era tão simples assim, sempre tinha que ter algo a mais. A traição não envolvia apenas minha família, tinha mais pessoas envolvidas nisso tudo que nem sonhava com uma merda dessas, e eu não sabia se conseguiria guardar segredo.

Achei que os dias na praia iriam ser tranquilos, mas me enganei quando uma turma de amigos me chamou para uma festa, e depois pra mais festas, era churrascos, almoços que se prolongavam pelo resto da tarde e se transformava em luais. Eu não tinha hora pra voltar, tudo estava se resumindo em sair e dormir ou nem isso quase, eu mal pegava no celular para responder as mensagens da minha irmã e da Heloísa. Eu só queria saber de ocupar a minha mente de toda merda que eu sabia, e que não fazia a mínima ideia de como agir.

Mas a realidade bateu na minha porta mais cedo que eu imaginava, ou melhor dei de cara com a realidade assim que acordei depois de uma noitada. Eu fiquei feliz em ver Heloísa, mas não foi o suficiente pra mim parar de ter medo de olha-la e pensar no quanto minha mãe não tinha sofrido por causa da mãe da Heloísa. 

O distanciamento e a frieza tomaram conta de mim, quando se tratava de Heloísa, eu tava sendo um idiota, ela não tinha culpa mas as coisas estavam ficando embaraçosas demais pro meu gosto. Quando ela havia me perguntado se eu tinha ficado com alguém, pensei em dizer que sim, talvez fosse melhor acabar com isso logo. Mas perdi a coragem quando encarei seus olhos, ela não merecia. Se tinha que terminar, eu tinha que ser sincero com ela.

Achei que ia ter coragem de terminar seja lá o que fosse que tínhamos, mas travei de novo mais uma vez quando eu a vi na praia se divertindo com as amigas, eu gostava tanto quando ela sorria, era um sorriso que te trazia paz, uma paz que não sentia fazia um bom tempo.

Heloísa Brandão, estava se empregnando em mim de uma forma que não sabia como fazer pra parar,  ou nem sei se eu queria que parasse.

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