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|| Manuela Costa Brava ||

Depois da briga no Hospital, meu irmão não voltou pra casa estava passando os dias no sofa de Renato outros escondido no quarto de Heloisa, e assim ele estava vivendo. Minha mãe tentou amenizar a situação mas estava cada vez mais difícil.

Como também, estava difícil fugir do jantar que meu pai estava planejando, como boas vindas para meu ex namorado, que era super querido e protegido pelo meu pai. Minha mãe ate tentou cancelar o jantar, inventar desculpas para o jantar não acontecer, ela entendia a minha situação.

Eu ja tinha superado e esquecido Nicolas, mas ele tinha feito parte da minha vida, foi importante e isso eu não podia e nem conseguia apagar da minha vida, da mesma forma que eu não podia esquecer o quanto eu sofri por ele, quando ele me largou, assim do nada. Eu havia amado e  odiado ele,  e agora não sentia absolutamente nada, mas não era porque eu tinha superado ele, que eu era obrigada a sentar na mesma mesa que ele, e ficar de papinho com alguém que me fez tanto mal.

Mas meu pai, não entendia isso. Acho que ele estava, até, tentando juntar nós dois de novo, e é claro que Nicolas estava se aproveitando da situação. Babaca!

Mamãe não me deixava sozinha por cinco minutos, ela sempre estava me salvando quando Nicolas se aproximava.

O jantar estava finalmente pronto pra  ser servido, minha mãe  tinha saido da sala de estar, pra dar uns últimos retoques na mesa. Então eu estava sozinha, e que deu a oportunidade perfeita para Nicolas se aproximar de mim.

"Eu estou com a impressão de que você está fugindo de mim."

"Impressão certa." Digo ríspida

"Não consegui falar com você, desde que eu cheguei aqui."

"Não temos nada pra conversar."

"Claro que temos. Você sabe disso."

"Não. Não temos nada pra conversar Nicolas."

"Manu, não dificulta as coisas."

"Nicolas, me erra. Não tenho nada pra te falar, e você muito menos. Então me esquece, vai falar de negócios com o meu pai."

"Não precisa ser tão rancorosa assim comigo."

"Perai, você ta me chamando de rancorosa, é isso mesmo?"

"Esse seu jeito defensivo, ríspido comigo. É porque ainda tem mágoas por mim, por eu ter terminado com você. Eu sinto muito, porque não  me deixa explicar tudo?'

Inacreditável

"É um pouco tarde pra isso." Nicolas abre a boca pra falar algo, mas é interrompido pelo toque do meu celular, era uma chamada de um numero desconhecido. Normalmente não  atendo, mas hoje faço uma grande exceção.

Caminho pra longe de Nicolas, pra ter um pouco de privacidade. Quem estava me ligando era o dono do bar da cidade, estranho, acho que pode ser engano. Mas ele diz pra mim que meu namorado, está caindo de bêbado em seu bar e que está gritando que nem louco por mim, acho que ao fundo da ligação escutei realmente Felipe gritando por mim.

Ele me pede que eu vá buscar Felipe, ou se não vai larga-lo na calçada. Confusa encerro a ligação prometendo buscar Felipe.

O que tinha dado nele?

Me viro, e me assusto ao dar de cara com Nicolas, ele estava tão próximo. Ele tava escutando a minha conversa?

"Algum problema?" Nicolas pergunta, com um sorriso solidário.

"Nada que seja da sua conta." Dou um sorriso forçado a ele, e saio de perto, aviso a minha mãe que tenho que resolver algo importante, sei que meu pai não vai gostar quando souber que eu dei no pé desse jantar. Mas fazer o que? Tenho que ajudar meu quase namorado bêbado.

Já dentro da caminhonete, tenho meus cinco minutos de felicidade por ter me livrado de um jantar chato, e um ex namorado sem noção. Mas logo depois me preocupo com Felipe, tínhamos trocado mensagens de manhã, ele não me respondeu mais, depois ter contado que Nicolas estaria presente no jantar, achei que era birra de puro ciúmes.

E agora Felipe estava bêbado, não tinha paciência pra cuidar de gente bêbada, não que eu seja uma péssima amiga, ou quase namorada, quando meus amigos costumam ficar bêbados e sobra pra mim ter que ficar de olho, normalmente eu estou também bêbada, mas sóbria o suficiente pra ser a mais responsável do grupo. Vai entender, essa lógica. Só sei que assim, fica mais divertido cuidar de alguém.

Mas agora eu estava sóbria, de mau humor, e é bem capaz de deixar ele caindo na calçada do bar e vir embora, assim que eu ver o estado dele.

Quando chego ao bar, vejo Felipe com a cabeça apoiado nos braços e de olhos fechados. Um dos garçons ao me ver, próxima  à mesa, observando meu quase namorado naquela situação, se aproxima de mim.

"Vocês brigaram?"

"O Que?" Exclamo confusa.

"Ele estava bebendo como se tivesse sido chifrudo por um longo tempo, ou que ele traiu e se arrependeu e você não perdoou."

"Não aconteceu nada disso."

"Então, ele tá com problemas bem sérios. Precisa de ajuda pra leva-lo até o carro?"

Respiro fundo. "Claro. Com toda certeza do mundo." Cutuco Felipe que resmunga algo. "Felipe? Hey, vamos embora?" Felipe se levanta atordoado, e tonto que acaba derrubando sua cadeira, me fazendo recuar. Ele me abraça, cheiro de bebida era tão evidente quanto sua situação de pinguço. Ele coloca todo o seu peso sobre mim, o que eu não aguento, tento afasta-lo, mas ele não me solta.

Socorro! Eu não aguento com esse homem.

"Felipe, me solta." Digo. Enquanto vou tentando me soltar dele.

Queria saber o que tinha levado ele, a beber desse jeito. Nem meu irmão, ficava assim.

"Preciso de você, muito." Felipe disse mais alto que um alto falante. Graça a deus, o bar não está cheio. "Hoje... hoje... dói tanto."Felipe continua, mas não entendo o que ele está tentando dizer, então o ignoro. Finalmente desgrudo Felipe de mim, e o garçom o leva pra fora. Vejo que Felipe tinha deixado sua carteira e o celular sobre a mesa, pego suas coisas e noto que embaixo do celular havia um papel, na verdade um recorte de jornal. Enquanto caminhava pra fora, desdobro o recorte, e leio. 

Fico estagnada no mesmo lugar ao ler a notícia, meu coração vai se apertando aos poucos, a cada palavra lida.

Era a notícia que falava sobre o acidente de carro da noiva de Felipe as informações como tinha acontecido, foto de como tinha ficado o carro, foto dela, e mesmo em preto e branco e o jornal gasto dava pra ver o quanto ela era bonita.

O dia que ela tinha morrido, batia com a de hoje, 29 de Julho.

Fazia três anos que a noiva de Felipe havia morrido.

Ele estava bebendo, pra esquecer, pra ajudar a lidar com essa dor.

Ele estava precisando de mim, e eu não sabia bem, o que eu tinha que fazer.

•••

RUMO AOS 30K 💜

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