Lembranças da Arena

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|| Sofia Ferraz Sampaio ||

Depois que contei sobre a conversa da minha mãe para Renato, eu deixei que ele visse pela primeira vez o meu lado frágil, o medo de fracassar e ver aquele olhar da minha mãe dizendo que estava certa o tempo todo e que eu tinha sido uma tola, estava me enlouquecendo desde já.

Eu estava tentando manter a calma, e me organizar ir atrás de um trabalho eu já estava me preparando para receber as respostas das faculdades da região, eu só não podia enlouquecer antes da hora e Renato estava tentando me tranquilizar e quando disse que precisava de um trabalho, ele se prontificou em me ajudar e já tinha algo em mente pra mim. Por isso que estava do lado de fora do restaurante esperando ele ter um tempinho do trabalho e vir falar comigo.

Estava andando de um lado pro outro nervosa, Renato estava demorando demais pro meu gosto e o restaurante nem estava tão cheio assim, já estava descontando minha ansiedade no esmalte das minhas unhas. Sou surpreendida com alguém me cutucando, me viro para encarar quem quer seja e ao ver que era Renato, apenas sorrio.

"Eai me esperou muito?" Ele pergunta sorrindo de volta.

"Não tanto, eu só tava ansiosa."

"Então, preciso falar com você eu tenho duas opções pra você."

"Dois empregos?"

"Isso."

"Tá falando sério?"

"Sim. Vamos até a lanchonete."

"Você não precisa voltar pra lá?" pergunto apontando pro restaurante.

"Tenho uma hora de almoço, tô louco pra comer um X-tudo."

"Então tá, vamos até lá."

"Vamos." Renato entrelaça nossos dedos, o que me assusta, não tínhamos nós cumprimentado direito e como estava tão área não me atentei à isso, até agora. Acho fofo seu gesto, apesar de estarmos tendo algo indefinido ele me tratava como se eu fosse algo mais sério pra ele. E eu gostava disso, na verdade amava.

Assim que chegamos, na lanchonete Renato pediu seu X-tudo e um milk Shake pra mim,logo depois que Rubi se retirou da mesa depois de ter anotado nosso pedido, Renato ficou me encarando por um longo tempo até que conseguisse me deixar sem graça.

"Por que ta me olhando desse jeito?"

"Não é nada. Como eu disse antes, tenho duas opções pra você."

"E quais são?"

"Desde que a Heloísa saiu daqui o Jorge não arrumou ninguém, ou seja ele tem uma vaga de garçonete, se você conversar com ele, pode ter horários flexíveis pra quando começar as aulas na faculdade." Meu sorriso se alarga, mas então a risada de Rubi atinge meus tímpanos me lembrando que eu teria que aguentar essa garota, e eu não era tão paciente como a Heloísa.

"E eu teria que aguentar a vaca da Rubi."

"Esse é o preço a ser pagar."

"Qual é a outra opção?"

"Meu chefe precisa de mais garçons. Então pensei que você pudesse se interessar."

"Trabalhar no restaurante, com você?"

"Sim. Você vê isso como um problema?"

"Longe disso. Eu só fiquei surpresa."

"E então qual que você prefere?"

"Eu não vou ter paciência pra lidar com a Rubi, eu tenho certeza que no meu primeiro dia aqui, vou tacar uma bandeja na cabeça dela."

"Não sabia que você era tão agressiva."