|| Sofia Ferraz Sampaio ||
Eu estava do lado de fora do restaurante tentando me recompor, eu já estava pronta pra voltar pra dentro e continuar com o meu trabalho mas estava com medo de que minha mãe pudesse fazer uma loucura, me tirar do restaurante a força, não seria uma coisa que ela faria, mas nunca se sabe, não é?!
Me assusto ao dar de cara com minha mãe, quando estava pronta para entrar, ela me fuzilava com o seu olhar severo. Engulo em seco.
"O que você tá fazendo aqui?"
"Trabalhando."
"De garçonete? De jeito nenhum que filha minha trabalha servindo mesa."
"Qual é o problema? É um trabalho honesto."
"O que a cidade vai falar quando souber que a filha do prefeito trabalha como garçonete, servindo mesas, limpando chão. Isso é vergonhoso."
"Não tem nada de vergonhoso. É um trabalho digno, e eu preciso desse trabalho."
"Não, o que você precisa é parar de teimosia e me ouvir."
"Eu não vou largar meus sonhos, por você mãe."
"Eu sei o que é melhor pra você, eu sou sua mãe e só quero o melhor pra você."
"O que você quer que eu faça é que eu abaixe a cabeça como todos em casa faz pra tudo o que você fala. Eu não vou fazer isso."
"Pra quê me desafiar hein? Você tá agindo assim pra me peitar? Eu não vou admitir que você fique trabalhando nesse lugar."
"É meu trabalho. E eu vou ficar aqui, sim."
"Não me desafie." Ela diz entre dentes
"Não estou te desafiando. Por que é tão difícil pra você aceitar que eu tenho meus próprios objetivos?"
"Seus objetivos são fracos, não vai trazer conforto, dinheiro, bons frutos."
"Mãe, é claro que eu vou ter isso."
"Eu não tenho essa certeza."
"Mãe só te peço que confie em mim." Suplico.
"Eu não vou te apoiar nessa loucura."
"Mamãe?" Isadora aparece logo atrás da nossa mãe. "Não vai voltar pra mesa?" Ela pergunta ficando entre mim e a nossa mãe.
"Eu acabei perdendo o apetite." Mamãe volta pra dentro deixando eu sozinha com a minha irmã, que me avalia de cima a baixo com o seu olhar de superioridade.
"Qual é o seu problema Sofia, quer matar a mamãe de desgosto?"
"Ela não vai morrer se um dos filhos dela, não seguir os planos ridículos que ela insiste em criar."
"Ela só quer o seu bem."
"Eu to cansada de ouvir isso. Chega com isso. Que saco."
"Eu não queria reencontrar com a minha irmã caçula, em uma situação dessas, mas já que foi assim. Estava com saudades." Ela sorri, mas não sei se é sincero, nunca é.
"Se você tivesse mesmo com saudades teria ligado, coisa que você nunca fez."
"Eu sou uma pessoa ocupada." Apenas reviro os olhos,nunca fomos próximas e nunca iríamos ser por mais que eu quisesse, Isadora tinha um jeito superior que eu não suportava, ela era uma versão da nossa mãe mais jovem.
"Eu tenho que voltar pro trabalho." Digo.
"Claro. Mas só espera a gente ir embora, assim evita de ser constrangedor pra gente."
"Constrangedor?" Digo incrédula.
"Você tem que admitir que é constrangedor demais pra gente. Nos vemos em casa." Isadora me dá as costas, me deixando sozinha incrédula e magoada. Me encosto na parede perdida e desacredita, como a minha família podia ser assim?
Nem percebo quando Renato aparece em minha frente, ele me olhava preocupado eu não digo nada, não consigo dizer nada apenas um soluço me escapa e quando me dou conta estou abraçada a Renato chorando em seu peito ele acariciava minhas costas, enquanto minhas lágrimas molhavam sua camiseta.
"Vou falar com o Paulo e falar que você não ta passando bem."
"Não, eu vou lavar meu rosto e voltar pro trabalho." Levanto meu rosto para olhar Renato, eu estava o enxergando todo embaçado.
"Você não está com cabeça pra trabalhar, o Paulo vai entender." Renato enxuga minhas lágrimas com tanta delicadeza e ternura que todo o meu coração se encanta ainda mais por ele.
Merda eu estava ferrada. Eu estava indo para um caminho que não podia!
"Fica ai, vou conversa com o Paulo rapidinho, pego suas coisas e te levo pra minha casa, ta bom?"
"Pra sua casa?"
"É. Você fica lá até dar o horário de você se encontrar com as meninas." Apenas concordo silenciosamente.
Depois de enxugar minhas lágrimas, e me recompor eu vejo o quanto o peso da pressão que a minha mãe estava fazendo,tinha mexido comigo.
°°°
Renato tinha me deixado em sua casa, não havia ninguém seus pais haviam ido pra cidade vizinha e só voltaria a noite. Ele me acomodou em seu quarto e logo depois havia voltado pro Restaurante.
Fiquei um bom tempo observando cada detalhe do seu quarto não tinha nada demais, a decoração simples mas bem masculino, o quarto todo tinha seu perfume, em sua cama estava inteira com seu cheiro, cheiro esse que eu tinha acostumado a ter em minhas roupas. Estava começando a ficar assustada com a intensidade do que eu estava começando a sentir pelo Renato, era algo que estava florescendo, a cada dia ficando maior.
Então me dei conta que estava sozinha nessa, ele tinha dito pra irmos com calma tudo isso não passava de uma coisa completamente sem compromisso, algo sem futuro, ele tinha sido sincero comigo, sincero o tempo todo em relação ao o que ele sentia pela ex e eu tinha lembrado desse fato, quando sem querer encontrei uma caixa de sapato cheio de fotos, bilhetes e cartas românticas, tudo da ex.
Ele ainda amava a ex. E eu estava me sentido péssima, e não era pelo fato de que Renato amava uma garota que não merecia o seu amor, estava chateada porque eu queria ele me amasse.
Eu estava ferrada!
•••
Hey PamelaDomingos parabéns linda ❤tudo de bom, mtas coisas boas pra vc. Feliz aniversário.
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Lembranças da Arena
عاطفيةLIVRO #1 A vida é cheio de ironias. Cheio de idas e voltas, como falam por ai, o mundo é pequeno afinal. E o destino fez o favor de unir três garotas. Um elo que começou em uma situação inusitada. Heloisa, Sofia e Manu Moram em Girassol, uma...