Capítulo 27

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Fiz minha mala para viajar querendo morrer.
Ter que rever minha mãe depois de tanto tempo era um morte lenta e dolorida.
Às vezes eu dizia a mim mesma que eu era ingrata por pensar assim dela, muito mais depois que eu conheci o Harry e ele me contou a história da mãe tanto biológica quanto adotiva, porém era só passar algumas horas com ela que eu me lembrava o porque de ter saído de casa.
O interfone tocou e era o motorista da minha mãe, chamei a Ana e descemos o elevador.
Minha mãe nunca foi básica. Ela mandou um Bentley Branco para nos buscar e infelizmente isso me trouxe a memória dele. E em como eu nos imaginei transando no banco de trás de seu carro preto.
-Olá Jofrey. Essa é Ana Rose,minha amiga, ela irá passar uns dias com a gente.
Sim, uns dias. Meu plano era chegar na casa da minha mãe no dia da festa e ir embora no dia seguinte de manhã, porém segundo ela não tinham voos, então teremos que ir hoje, ficar sexta o dia da festa, sábado e só poderemos voltar domingo para minha desgraça.
Jofrey era o motorista da minha mãe desde que eu me conheço por gente. Ele sempre me levava para escola e passeios. Por falta de uma figura paterna por muito tempo ele foi como um pai para mim.
-Bom dia senhorita Ana, será um prazer te auxiliar nessa viagem. Fico feliz em saber que a pequena Vanessa fez amizades aqui.
-Ela fez sim, a melhor de todas Jofrey- Ana respondeu toda animada. Ela estava assim pela viagem, mas mal sabe o que a está esperando.
-Uma amizade bem humilde como o senhor pode ver.
Fomos para o aeroporto, chegando lá um outro motorista veio buscar o carro alugado embora e fomos para nossos portões.
-Minha mãe deixou as passagens com você Jofrey ou temos que chamar alguém?
-Não pequena Vanessa, sua mãe mandou o jato particular para vocês.
Minha mãe e seu amor por esbanjar riqueza como sempre.
-Você disse jato?- Ana olhava para nos dois de boca aberta.
-É pois é, eu tenho muito que te explicar.
-Me explicar que você é podre de rica? Vou adorar essa história.
-Eu não sou podre de rica. Minha mãe é. O que é dela é dela, o que é meu é meu.
Fomos para o jato. Minha mãe havia mudado a cor do couro dos bancos, antes eram pretos e agora são caramelos, ficou bem mais bonito devo ser sincera.
-Então Vanessa agora me explique, como você é rica assim e por que saiu de casa? Poderia ter feito faculdade na sua cidade mesmo.
-Bom vamos lá, resumindo, na minha cidade todo mundo é bem rico e esnobe, meu pai é um banqueiro muito rico, mas que traiu minha mãe com a própria secretaria apesar da minha mãe não querer aceitar isso. A mesma trabalha com administração de empresa, ela trabalha em uma empresa do setor imobiliário, eu não sei muito bem, mas foi lá que ela conheceu todos os seus próximos maridos, inclusive o atual namorado.
-Nossa, que família badalada.
-Eu que diga.
-Está faltando uma parte da minha pergunta queridinha.
-Hum, bom, eu e minha mãe não nos damos muito bem e eu precisava sair de casa logo.
-Não sei se estou mais tão animada assim para conhecer sua mãe.
-Não fique mesmo.
Jofrey nos trouxe champanhe e nos brindamos antes de cair no sono, era uma viagem de apenas 2h até minha cidade e uma outra realidade.
Apesar de estar brava com minha mãe, acho que vai ser uma ótima viagem, ficar longe dos trabalhos da faculdade, de algumas pessoas, enfim "novos" ares.
Chegamos no aeroporto ao anoitecer. De lá até minha casa era menos de 30 minutos.
-Sua casa é do tamanho da faculdade- Ana disse quando chegamos na frente do portão alto que delimitava o espaço do terreno dentro do condomínio fechado.
-Não seja exagerada.
-Tem razão, ela é muito maior!
-Vamos entrar logo vai.
-Quantos quartos tem?
-Eu sei lá, nunca contei.
-Vamos ter que fazer isso quando entrarmos.
-Quando entrarmos vamos é correr o mais rápido possível para o meu quarto para que a gente não encontre minha...
-Meninas! Que bom que chegaram!
-...Mãe- por que deus?- Olá mãe.
-Entrem logo, vamos deixar as malas no quarto de vocês. Jofrey mande Ed entrar e buscar as malas delas.
-É para já senhora.
-Mãe isso não é realmente necessário, são só alguns degraus de escada.
-Vanessa, me apresente sua amiga- ela disse como se nem tivesse ouvido o que eu disse.
Subimos os degraus que ficavam o meio do jardim ao encontro da casa prepotente.
-Mãe essa é Ana Rose, Ana Rose minha querida mamãe- minha mãe me puxou para dois beijinhos, um de cada lado do meu rosto, quase sem nem ao menos encostar em mim.
-Muito prazer senhora Whintley- Ana estendeu a mão para apertar a de minha mãe, a qual também ignorou esse movimento, deixando o ambiente com um ar totalmente constrangido.
-Ah querida me chame de Nora, senhora faz eu me sentir velha.
-Que é o que você é né mãe.
-Vou fingir que você não disse isso Vanessa. Bom subam para seu quarto e desçam para comer, o jantar está servido.
Meu quarto ficava no segundo andar. Ele era grande e todo Branco e preto, eu nunca fui muito fã de muitas cores. Era um quarto muito bonito preciso ser honesta, minha mãe que havia decorado e se tem uma coisa que ela é boa é em decorar.
-Seu quarto é do tamanho do nosso apartamento.
-Você quer parar com isso Ana?- me joguei na minha cama cansada.
-Posso te perguntar uma coisa?
-Fale.
-Você tem grana, muita grana como eu posso ver, por que morar naquele apartamento divido? Você poderia ter o seu próprio é um bem melhor.
-Eu gosto daquele, eu alugo com meu próprio dinheiro, eu não gosto disso tudo. Eu quero ser independe dela e daqui.
-Achei isso lindo. Por isso sou sua amiga.
-Cala boca. Vamos comer logo- passei o braço pelo pescoço dela e descemos rindo.

Na mesa quilométrica da sala de jantar estava servido o jantar, com salada, carnes variadas, massas, enfim. Na ponta da mesa estava o atual namorado/ marido da minha mãe, sei lá que número ou qual é o nome dele. Era algo como Rob ou Rupert.
-Robert conheça Ana, amiga da Vanessa.
-Muito prazer- ele cumprimentou a Ana com um beijo na bochecha e ele lançou para ela um olhar meio duvidoso, ele não tirava os olhos dela.
O namorado/ marido da minha mãe era 15 anos mais novo que ela e realmente muito bonito e bem vestido. Ele era um ex modelo de alguma marca famosa e hoje tinha uma empresa de modelos, na cidade diziam que ele dormia com cada menina que ia na empresa, mas nunca saberemos se é verdade ou não.
Na mesa ficamos conversando sobre como seria a festa e eu queria muito enfiar minha cara no prato. Amanhã seria um dia muito estressante e eu queria que ele nunca chegasse.

Vou apenas quebrar seu coração Onde histórias criam vida. Descubra agora