Dezembro de 2012
_Bom dia, mãe! Como esta esse garotão? – amo lidar com meu pacientes.
Finalmente minha vida estava voltando ao normal, não foi fácil encarar meus pais depois de tudo, principalmente depois da minha fuga para Caldas Novas. Mas... bola pra frente né?
Minha vida estava na mesmice e trabalho não faltava.
_Doutora? Doutora?
_Hã, ... oi!!! – merda, fora do ar de novo!
_A senhora não entregou a receita.
Droga! Ando me distraindo muito. Sempre que me lembro daquele cantor, me sobe um frio e fico fora do ar. Mas mudei muita coisa desde Caldas Novas, comprei uma casa onde moro sozinha, sem minha mãe me julgando e sem meu pai pra me decepcionando mais e mais. Até que estava indo tudo tranquilo, me reunia com a Laurinha e a Jú aos fins de semana para um chopp ou piscina, íamos muito a Chapada dos Guimarães, ao cinema, mas a pegada do João não saia da minha cabeça, estava impregnada no meu corpo. Argh! Merda!
_Foco Luiza, foco!
_Oi doutora? – minha secretária Paola, já estava me vigiando o tempo todo por conta das minhas distrações, era uma menina muito responsável, 22 anos, baixinha, loirinha, magrinha, tudo –inha, de olhos azuis, mas um doce.
_Hã, nada Paola, ééé... por favor, pegue esses exames e arquive, eu já estou indo pra casa e não se esqueça do nosso almoço amanha, quero todas as funcionárias da clinica lá no Choppão, inclusive as meninas da limpeza, e não se esqueça de avisar a todas que é tudo por minha conta e ligue para meu contador para agilizar o terço de férias de vocês porque já estamos chegando no natal e eu vou viajar e não quero me preocupar em ficar transferido dinheiro enquanto estiver fora. Ligue na floricultura e mande entregar um buque de flores do campo pra minha mãe e coloque no cartão “Boas festas”.
_Ok, Doutora, mais alguma coisa, presentinho pra ela ou para o Drº Avelar?
Humn, alguma coisa para meu pai, até parece.
_Não Paola, obrigada, boa noite e tchau.
Sai da clinica desanimada, meu celular não parava de tocar, e por essa insistência só poderia ser Laura.
_Alô!
_Oi doutorazinha! Pronta para uma sexta-feira agitada?
_Hum, Laura, sério? Eu quero ficar em casa hoje. Trabalhei muito. – o desanimo estava tomando conta de mim.
_Tá louca menina, vamos a Valley Pub hoje, não aparecemos por lá desde a inauguração, a Ju já mandou um miguéia na irmã dela e adivinha! Temos livre consumação hoje!
Merda, eu queria tanto ficar em casa sonhando com meu cantorzinho.
_Tá, eu vou, mas não vou cuidar de bêbada, vou com meu carro, venho embora quando eu quiser com ou sem vocês e nada de ficar empurrando homem pra mim!
_Merda, você hoje tá com a macaca heim?!?
_É isso ou nada! – ela não ia desistir.
_Tá, vou com a Jú e o vizinho delicia dela, acho que hoje rola algo...
_Tá nega, beijo, vou entrar no carro, as 22h pra você tá bem?
_Ok, beijo na bunda.
***
Sai do estacionamento e entrei na Av. Fernando Correia da Costa, minha clinica ficava em uma área muito movimentada em Cuiabá, próximo da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), o prédio era próprio, presente do meu pai após minha formatura em 2006, era espaçosa, com muitas salas e um play ground bem bacana para meus pacientezinhos. Investi muito nesse sonho, sempre amei crianças e sonho em ter muitos, tipo um time de futebol, mas aos trinta anos, sem ninguém, com a família desestruturada, quem pensa em filhos?
Cuiabá esta um transtorno só, já começaram as obras para a Copa em 2014 e a cidade já esta de cabeça pra baixo, levei 40 minutos pra fazer um trajeto que sempre levo 20 minutos. Moro no Condomínio Alphaville, repleto de casas maravilhosas e muita gente importante, mas só escolhi esse lado da cidade porque além de ser próximo da clinica e longe dos meus pais.
Ao chegar em casa, por volta as 19horas, liguei o som, coloquei um sertanejão, já que era pra entrar no clima, eu ia entrar com o pé direito. Tomei um super banho de banheira, com direito a sais de banho e tudo mais, mas a merda do celular continuava tocando. Sai muito contrariada da banheira e fui atender:
_Pronto!
_Oi, Lú?
Puts! Lú?
_Lú, você tá ai?
_Ahh.. oi? – quem me chama de Lú assim?
_Oi, é o Fernando, a Laurinha me disse que vocês vão a Valley hoje e eu gostaria de saber se você já tem companhia.
_Ahh, oi Fernando, pois é, vamos sim, mas achei que íamos em turma e não acompanhadas – merda, aquela vaca desalmada me paga..
_É, ela me falou, mas é que eu pensei que você fosse querer alguém com você lá hoje, faz um tempão que a gente não se vê e ai de repente né?
_Hum, tá tudo bem, mas cada um em seu carro, ok? – será que assim me livro dele?
_Ah, mulher, o que não faço por você? Tá bem, te encontro lá, hum.. as 22h?
_Pode ser, mas deixa eu ir, que eu nem escolhi minha roupa ainda.
_Ok linda, mas você fica bem em qualquer roupa! Beijão.
Desliguei com a raiva tomando conta do meu ser, aquela filha da puta vai me pagar e vai ser hoje.
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Somente você...
RomanceUma história apaixonante de uma jovem médica que descobre o amor no lugar menos provável. Você vai se encantar por Luiza e sua louca vontade de amar. Boa leitura!!!